sábado, 4 de setembro de 2010

Crítica: REC 2: Possuídos

Por Diego Bauer
Ator da série "Eldorado"
É fato que hoje em dia, um filme fazer sucesso pode acarretar muito mais coisas ruins do que boas. Sem dúvida, a pior dessas coisas é quando um filme bom, ganha continuações que acabam abaixando o nível da obra original, chupando até o caroço as fórmulas que deram certo no primeiro filme, sem se preocupar em trazer algo de novo. Como exemplo, podemos citar Matrix, A Bruxa de Blair, e a imbatível série Jogos Mortais (com as suas inacreditáveis seis continuações, sendo que a sétima chega em Outubro), que são bons filmes, mas que não precisavam de continuações tão medíocres. Mas é um prazer afirmar que essa regra não se aplica a REC 2, pois o filme espanhol tem uma continuação que mantêm o alto nível do primeiro REC.

A história começa logo após a repórter Ângela Vidal (Manuela Velasco) ser arrastada para o escuro. Foi criada uma operação, em que uma espécie de SWAT espanhola liderada pelo Dr. Owen (Jonathan Mellor) é enviada para verificar o que está acontecendo no prédio. Logo depois que eles entram, descobrem tudo aquilo que nós já sabemos. Mas mesmo sabendo o que eles iriam encontrar, o suspense criado no começo do filme é muito bem elaborado.

Dessa vez, quem filma a história são os policiais, e não com apenas uma câmera, mas com quatro, pois cada policial leva consigo uma câmera no capacete e um deles está com uma câmera maior. Porém, o clima de amadorismo, respiração ofegante e câmera tremida, que funciona muito bem no primeiro filme, funcionam ainda melhor aqui, pois graças ao fato de termos mais pontos de vista para contar a história, ela fica ainda mais dinâmica, e sem perder aquela sensação de ver apenas o que os personagens também vêem.

Mas não pense que são apenas os personagens que irão se surpreender com o que encontram, pois nós também teremos algumas surpresas. Descobriremos que o tal vírus não é um simples vírus que “só” deixa as pessoas com uma raiva incontrolável, e que o Dr. Owen não é quem aparenta ser. Foi uma decisão corajosa dos diretores e roteiristas Jaume Balagueró e Paco Plaza, fazendo com que a história tomasse um caminho diferente para diferenciar o primeiro do segundo filme.

Depois de descobrirem que foram enganados, os policiais decidem que a melhor coisa a se fazer para saírem logo do prédio é colaborar com o Dr. Owen. E é nesse ponto que o filme usa e abusa de sustos e seres possuídos babando por sangue humano para arrancar alguns gritos da plateia. Mas, de repente, encontramos um grupo de pessoas estranhas dentro da casa, que não deveriam estar ali. Mas quem são essas pessoas? E o que fazem dentro do prédio?

Se já falei que os diretores do filme foram corajosos com as escolhas feitas para diferenciar o primeiro do segundo filme, nesse ponto eles mostram muita maturidade e inteligência para criar um clima diferente do que se poderia imaginar. Quando o filme está quase no clímax, ele para, e volta para contar a história de como aquelas pessoas foram parar dentro do prédio. Mas é claro, eles também possuem uma câmera, e ficamos sabendo da história de acordo com o que eles vêem. Uma decisão muito corajosa e que funciona muito bem no andamento filme.

Se você assistiu o primeiro REC e gostou do que viu, pode ir tranquilamente para o cinema, pois irá ver uma continuação que tem elementos importantes do primeiro filme, mas que possui bons elementos novos para contar uma história diferente na sua continuação. E tente não fechar os olhos durante os surpreendentes minutos finais.

NOTA: 8,0

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