sábado, 19 de março de 2011

É hora de ficar feliz?

Por Mariana Lima.
Tenho o costume de tomar café de manhã lendo o jornal. É coisa de velho, mas é um costume. Diferentemente do que leio todos os dias hoje, em um jornal impresso de Manaus, havia uma notícia sobre um cineasta brasileiro em uma coluna onde normalmente é feito comentários sobre políticos e ativistas. Lia-se "José Padilha será o novo diretor do Robocop" e havia um indicativo de positivo naquela informação "sobe".
Não sou cinéfila, habitualmente assisto a filmes no fim de semana, não decoro nome de diretores nem de atores, não ligo nomes a pessoas. Quem me conhece sabe que há 4 motivos fundamentais para ser da equipe do SET UFAM: Aborda um tema que acho agradável, é um laboratório legal, tenho amigos fantásticos e namoro o Caio (diretor/editor) do SET. Definitivamente esses temas não me fazem uma EXPERT em cinema, nem sei se tenho o "direito" de comentar algo. Digamos que sou leitora dos principais jornais, assisto a alguns filmes e converso com maníacos por cinema e é entorno disso que vou sustentar minhas ideias hoje.
Quando li a nota sobre o José Padilha tive um flashback de emoções semelhantes as que senti em 2003 quando o Rodrigo Santoro estreou em "As Panteiras 2". Eu e a metade dos brasileiros vibramos exageradamente porque finalmente tiramos um bom ator de novelas e colocamos em um grande filme  Norte Americano. Fomos ao cinema e esperamos pelos minutos em que ele aparece, como o figurante gostosão do filme, sem camisa e balbuciava alguma coisa. Todos gritamos e saímos de lá com orgulho.




Lembrei ainda de ter lido que o Wagner Moura também foi convidado pelos gringos a participar de Elysium  o novo filme do diretor de Distrito 9.
Mas a questão é, até que ponto deveremos ficar felizes e cheios de orgulho?
Deveremos ficar entusiasmados por eles "terem uma oportunidade melhor" e ir para Hollywood ou deveríamos sentir vergonha por o cinema brasileiro não ser "bom o bastante"? Será que ele não é bom o bastante mesmo?
Canso de ver "cinéfilos" e "pessoas comuns" reclamarem da produção nacional. São os traillers mal feitos, os créditos inicias que passam 5... 10 minutos mostrando os colaboradores/patrocinadores, atores de novela "arriscando serem atores de verdade" e etc. O filme brasileiro só é bom quando uma pessoa de fora o assiste e diz que é o máximo, ou quando um crítico importante dar o seu parecer sobre e então as pessoas começam a reproduzir os mesmos comentários, os mesmos critérios em discurso para leigos ou em conversas com quem "entende do assunto".
Sinto vergonha disso também.
Não adianta reclamarmos que as produções não tem apoio ($$) do governo e entidades públicas se ao estrear preferimos assistir ao Panteras 2, porque tem uma breve aparição do Rodrigo Santoro sem camisa ,do que um filme em que o elenco todo é todo composto por brasileiros.
Essa é uma questão sócio-cultural muito importante e grave que não deve ser debatido apenas em rodas de botecos ou sessões de cinema em casa de amigos, mas principalmente pensado por nós mesmos. Precisamos criar o nosso discurso não em cima do que Diretor X disse, ou no comentário da Cameron sobre a atuação do Santoro, ou no que os sites de críticos, mas nas nossas experiências, sentimentos ou ainda, nas nossas dificuldades.
Como inicialmente disse sou uma leiga em cinema, mas se você concorda ou discorda de mim o espaço de comentários abaixo está pronto para quem quiser começar o seu próprio discurso.


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