sábado, 21 de maio de 2011

Crítica - Água Para Elefantes

Por Renildo Rodrigues


Qual a receita pra se fazer um bom filme? Por que será que ideias promissoras, que teriam tudo para agradar o público, simplesmente dão errado? A mais nova vítima desse tipo singular de fracasso é Água para Elefantes, o último trabalho de Francis Lawrence, do ótimo Eu Sou a Lenda.

Aqui, porém, esse fracasso tem causa. Ou melhor, três delas: Robert Pattinson, Reese Witherspoon e Cristoph Waltz. É o péssimo trabalho do elenco principal que estraga o que, em outras condições, daria uma bela história romântica. Para ser totalmente justo, contudo, o roteiro também não ajuda: previsível demais, tenta atualizar a trama de Titanic, mas fica apenas no decalque.

Vamos lá: Jacob Jankowski (Pattinson) é um estudante que está prestes a se formar em Veterinária quando seus pais morrem em um acidente. Decidido a recomeçar a vida em outro lugar, ele se depara com o circo de August Rosenbluth (Waltz), com quem a princípio se desentende, mas depois cria uma amizade. Pouco a pouco, ele descobre os elementos sórdidos na rotina do circo, ao mesmo tempo em que se apaixona por Marlena (Witherspoon), estrela maior do espetáculo, e – claro – mulher de August.

Até aí, daria pra imaginar um bom filme, não? Pois o que eu disse antes continua valendo: incapaz de gerar empatia com o espectador, o elenco frustra as promessas acenadas ao início. Pattinson está inane, como sempre, só que dessa vez sem a desculpa de ser um vampiro sem sentimentos; Witherspoon faz tudo no piloto automático, entregando uma atuação apenas aceitável – a primeira noite de Marlena e Jacob, ou os flertes que eles trocam quando August não está por perto, chegam a ser risíveis; e Waltz interpreta August tal e qual o coronel Landa, seu personagem no filme Bastardos Inglórios. Ao menos a elefanta Rosie, que August compra pra tentar salvar o circo da penúria, está encantadora.

Mesmo nesse saldo, nem tudo está perdido: Lawrence continua um narrador talentoso, amarrando as cenas de forma elegante e envolvente, ainda que previsível. A parte técnica é exemplar: fotografia, cenários e figurinos nos trazem de volta a 1930, com suas estradas, seus prédios, seus homens e mulheres hobos perdidos na Depressão. Mas o melhor de tudo é a música, que resgata belíssimas gravações de Louis Armstrong e Bessie Smith, além das criativas releituras de James Newton Howard para o jazz da época.

 Infelizmente, nem a música maravilhosa de Armstrong pode salvar este filme da mediocridade. Bob, volte logo para o Edward.

NOTA: 6,0

Um comentário:

  1. Realmente, um filme medíocre. Mas existem alguns momentos que se salvam. Gostei da atuação do Cristoph Waltz, como August - um personagem bem desenvolvido. Por um momento, ele parecia ter a capacidade de se divertir com o Jacob, e numa fração de segundos, ameaçá-lo de modo incrivelmente assustador. O que era para ser uma história de amor, acabou perdendo o foco. Pattinson e Witherspoon não conseguiram transmitir a essência do romance. Parecem não ter estudado e conhecido, a fundo, os personagens que interpretaram. A elefanta Rosie foi o grande destaque. Pena que só foi aparecer num segundo plano.

    ResponderExcluir