por Jéssica Santos
Não é só na TV que letras de músicas inspiram longas-metragens. A minissérie da Globo Amor em 4 atos foi muito elogiada e bastante inovadora, trazendo para seus enredos, inspirações das músicas de Chico Buarque.
Novos filmes inspirados em músicas do passado vêm por aí, investindo na memória do espectador.
Faroeste caboclo, lançada pelo grupo Legião urbana em 1987, vai virar filme por ter uma letra muito cinematográfica. Trata-se da história de João de Santo Cristo (Fabrício Boliveira), que sai de Salvador e vai para Brasília, onde começa a traficar drogas. Na capital, ele se apaixona por Maria Lucia (Ísis Valverde) e se envolve em uma disputa com Jeremias (Felipe Abib), outro traficante. O roteiro foi escrito por Marcos Bernstein (O Outro Lado da Rua) e Victor Atherino. A direção é do estreante em Longas, René Sampaio.
O filme promete fazer sucesso, visto que a música é um sucesso até hoje, e muitos brasileiros sabem a letra de có. Mas os músicos nem sempre são consultados nesses casos. Marcelo Bonfá e Dado Villa-Lobos, remanescentes da Legião urbana, nem se quer foram procurados pela equipe de Faroeste caboclo. O desafio é manter fiel o espírito da obra original, como em qualquer adaptação. Nos anos 1990, quando se pensou em filmar essa música, Renato Russo sugeriu que o personagem João de Santo Cristo (que a letra sugere ser negro) fosse loiro. “Lembro que ele queria um personagem lindo e galã”, diz Dado Villa-Lobos. Brincadeira ou não, o bom-senso prevaleceu: Fabrício Boliveira, negro, dará vida ao protagonista.
Já em finalização, está outra adaptação de um sucesso popular, trata-se da música Olhos nos olhos, de Chico Buarque. O cineasta Karim Aïnouz criou o enredo para os lindos versos da canção, e a atriz Alessandra Negrini, sempre encantadora, estará no papel principal.
Mas não se engane. Faroeste caboclo e Olhos nos olhos são exemplos de uma cinematografia rara. Não se sabe bem a razão disso, já que são muitas as canções que dariam excelentes filmes. Além do mais, o cinema sempre se baseou em narrativas literárias, e hoje, inspira-se em brinquedos e videogames. Então porque não aproveitar as ótimas histórias escondidas dentro das músicas?
Mesmo em outros países são poucos os casos desse tipo de adaptação. Mona Lisa (1986), de Neil Jordan, nascido da canção homônima de Nat King Cole, e Veludo azul, de David Linch, que veio de Blue Velvet, hit de Bobby Vinton, são bons exemplos.
Mas a ideia promete virar moda. Thriller, de Michael Jackson já tem projeto para ser levada às telas!
Outra produção por vir é American Idiot. O filme usará as músicas do álbum do Green Day, American Idiot, para contar a história de três pessoas de uma pequena cidade que estão em uma fase transitória da vida: uma se alista no exército, outra muda de cidade e se vicia em drogas e o terceiro fica na terra natal, onde engravida a namorada.
Espera-se que Billie Joe Armstrong, vocalista da banda, também viva o papel do traficante St. Jimmy nas telonas, como fez em algumas apresentações do espetáculo. American Idiot ainda não tem previsão de filmagem. A Playtone de Tom Hanks produz o filme para a Universal.
Para o cineasta Jeremias Moreira, é mais difícil adaptar uma canção para um filme, do que literatura ou teatro, quando já está tudo na obra original. Ele é diretor de duas versões de O menino da porteira (1977 e 2009), de Mágoa de boiadeiro (1978) e Fuscão preto (1980), todos baseados em sucessos musicais.
Agora é só esperar para ver, enquanto isso é só escutar!
É maravilhosamente difícil decidir se você é melhor como triatleta ou como escritora.
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