terça-feira, 24 de maio de 2011

Dica de filme: dois curtas brasileiros e pops

Por César Nogueira

Ainda há quem reclame do cinema brasileiro. Acusam-no de ser mais interessado em educar o povo para uma luta social do que contar uma boa história.  

Mas isso vem mudando.

Produções como A Mulher Invisível, Se Eu Fosse Você e As Melhores Coisas do Mundo mostram que a brasilidade não se resume à violência e pobreza. A questão não é a qualidade desses filmes, e sim as suas temáticas, que vão contra o pré-conceituado. Por outro lado, O Auto da Compadecida (que veio da televisão) e Tropa de Elite partiram de temas muitas vezes mal-aproveitados (respectivamente, o Nordeste e a violência) e encantaram o país justamente porque, antes de quererem transformá-lo, se preocuparam em contar uma boa história. Seus protagonistas, Selton Mello e Wagner Moura são talvez os maiores nomes do cinema nacional e também participaram de curtas que, apesar de exceções como Apenas o Fim, têm uma temática ainda pouco explorada no Brasil: a cultura pop.

Selton Mello, ao lado de Seu Jorge, estrela Tarantino`s Mind, onde se defende que, até Kill Bill, todos os filmes de Quentin Tarantino são, na verdade, apenas uma história. A hipótese é bem fundamentada, Seu Jorge mostra versatilidade como ator e tudo, da fotografia à montagem, imita o estilo do diretor. O problema foi que, com essa homenagem, tentou-se recriar as frases de efeito de Tarantino, que aqui ficaram desconectadas de um propósito narrativo na maioria das vezes. Parece que foram feitas mais com a intenção de homenagear e provocar do que ser realmente úteis. Para quem se irrita com os cacoetes de atuação de Selton Mello, a situação se agrava ainda mais. Mesmo assim, Tarantino`s Mind tem mais virtudes do que defeitos no final das contas.


Já Wagner Moura faz uma ponta em Ópera do Mallandro acompanhado de artistas como Jair Oliveira, Lucio Mauro Filho, Sidney Magal e Caetano Veloso e do seu amigo Lázaro Ramos. Chico (Michel Joelsas, o protagonista de "O Ano Em Que Os Meus País Saíram de Férias") tem que fazer uma prova e, em vez de fazê-la, fica viajando. Sua onda foi imaginar as músicas do comediante Sérgio Mallandro em versões alternativas. "Vem Fazer Glu-Glu", "Farofa"e outros clássicos trash foram refeitos em versões samba, heavy metal e até imitando Thriller, de Michael Jackson. Não se pode esquecer das participações de Fofão e Bozo, e, obviamente, a Porta dos Desesperados tem destaque na Ópera.



O cinema nacional está cada vez mais diverso e, sim, melhor. A tendência é o aperfeiçoamento e a diversificação de temas. Esses dois curtas já fizeram a sua parte ao serem tecnicamente bem-produzidos e ao mostrarem possibilidades temáticas diferentes, leves e, acima de tudo, brasileiras.

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