Crítica Especial de Halloween: Sweeney Todd - O barbeiro demoníaco da Rua Fleet

 Por Jéssica Santos

Não há lugar como londres,

Você é jovem e a vida tem sido generosa com você! 

Mas vai aprender

Que no mundo há um buraco escuro e fundo, 

Onde habitam parasitas, 

E cuja moral não vale o que o gato enterra 

E esse buraco é Londres!

Que tal assistir a um musical em pleno Halloween? Certamente você não se arrependerá se assistir a Sweeney Todd! Um excelente musical de terror! Para assistir em qualquer dia do ano!

Tendo como base a obra escrita por Stephen Sondheim e Hugh Wheeler para um musical da Broadway, Tim Burton nos trouxe essa história, que começa com a volta de Benjamin Barker (Johnny Depp) a uma Londres completamente sombria. É assim que ele vê a cidade inglesa, com sua visão nebulosa por conta do desejo de vingança após ter sido extraditado do país e separado de sua família, a esposa Lucy (Laura Michelle Kelly) e sua filha ainda bebê Johanna. Isso há 15 anos. Na volta, ele descobre que sua esposa cometera suicídio e a filha fora adotada pelo mesmo homem responsável por seu período de ostracismo, o juiz Turpin (Alan Rickman), que condenou Barker por um crime que ele não cometera para afastá-lo da esposa, desejada pelo vilão.
Em Londres, Barker passa a responder por outro nome para prosseguir com seu plano de vingança. Sob a alcunha de Sweeney Todd, ele reencontra a sra. Lovett (Helena Bonham Carter). Proprietária de uma falida loja de tortas, é transformada em cúmplice do barbeiro assassino, que atua no andar de cima de seu estabelecimento. Os corpos que saem da cadeira de Todd vão direto para as tortas da sra. Lovett, que repentinamente passam a ser reconhecida em toda a cidade.

Sombrio e ágil, o longa de Tim Burton conta com atuações muito boas de Depp (barbeiro) e Helena Boham Carter, que conseguiram sair do óbvio e fizeram papéis de pessoas tristes, vingativas, apaixonadas, tudo com muita segurança e, assim, transmitiram ao público sentimento e sensação de realidade. Falei dos dois personagens como se fossem um só porque na verdade, apesar de terem objetivos diferentes na trama, se completam. Fazendo uma irônica explicação: enquanto um mata, o outro da um fim para o corpo!

Além de tudo, os atores nesse filme, mostraram-se ótimos cantores! É muito agradável escutá-los. Até mesmo os mais jovens e inexperientes não desapontaram. Não basta ter uma ótima história e boas canções para fazer um grande musical; é necessário ter atores-cantores!

Sweeney Todd tem uma daquelas trilhas sonoras para ter em casa! A bonita trilha do compositor Sondheim é, tal qual o filme, sombria e gótica; mas é também envolvente, melódica e ritmada.  O filme tem, é claro, um grande roteiro, escrito por John Logan (de O aviador). Inteligente, pois a maior parte do texto são as letras das canções, porém elas se encaixam perfeitamente no filme, com ritmo e muita ironia.

Os figurinos e as maquiagens são um show a parte no filme, submetendo o telespectador ao tom gótico e fúnebre da história; e claro, à contraposição entre felicidade X infelicidade é claramente percebida. O filme é muito artístico. O vermelho vivo e a quantidade exagerada de sangue, em muitas cenas, dão esse tom. Apesar de alguns acharem isso trash, estamos falando de um filme de Tim Burton, por que ficar com o habitual?  Por que não trazer o bizarro e o fantasioso? Foi o que ele fez. O diretor traz nesse filme elementos que consagraram sua fama, principalmente ao conseguir transformar elementos góticos em cinema de forma magistral.

Não vou falar aqui do final do filme. Assistam e depois reflitam se concordam comigo. Achei que não poderia terminar de outra forma, já que estamos falando de vingança. Tudo o que o barbeiro queria era vingança. Era cruel. Frio. Sabem-se as consequências da vingança. Será que alguém teve um final feliz nessa trágica história? Muito bom filme!