terça-feira, 30 de outubro de 2012

Crítica 2 - 007 - Operação Skyfall, de Sam Mendes

Por Caio Pimenta


Dirigido por Sam Mendes (“Beleza Americana” e “Foi Apenas Um Sonho”), “007 – Operação Skyfall”, o novo filme de James Bond, vai além de um simples e puro filme de ação e se torna um complexo estudo de personagens, fazendo com que figuras conhecidas do grande público ganhem uma nova dimensão por explorar o íntimo dos protagonistas.

Após uma missão malsucedida para recuperar um chip que contém todos os dados de agentes da Otan e ser considerado morto pelo MI6, James Bond (Daniel Craig) retorna para combater um ex-agente da entidade intitulado apenas como Silva (Javier Bardem), o qual pretende se vingar de M (Judi Dench) que o abandonou após uma falha em outra tarefa.

Roteirizado por James Wade, Neal Purvis e John Logan (este último estreando na série), a trama foca em uma situação que os filmes da série já haviam sugerido, porém, sem a densidade de “Skyfall”: a relação de M com seus comandados. Se em todos os outros filmes, a personagem de Judi Dench parecia um artigo de luxo e com apenas a função de indicar a próxima missão de 007, aqui ela toma às rédeas desde o princípio quando ordena, friamente, o tiro que atinge Bond em uma intensa disputa em um trem em movimento. O alívio (mínimo e cuidadoso interpretado pela brilhante Judi Dench) em descobrir que Bond estava vivo no início do filme, porém, mostra que há algo mais.

É nesse campo de dualidade que a personagem conduz o herói e o vilão ao confronto que permeia o filme. Sabendo que há um trabalho rígido e necessário, envolto em um meio de mistério em que não se sabe quem é o inimigo e que um deslize é suficiente para assassinos matarem centenas de pessoas, M é ciente que não pode sentir algum tipo de laço afetuoso com seus comandados. A forma pouco delicada de conversar com eles, sempre com tratamentos ríspidos e diretos, acentuados pela roupa preta e os braços cruzados constante da personagem traçam este perfil reservado e fechado. Mas, ela, mesmo com tudo isso, revela, em pequenos e quase imperceptíveis momentos, preocupação e zelo com seus agentes, afinal de contas, conhece as trágicas histórias de vida de cada um e sabe tudo sobre os passos que tomam. 

Antagonismo até nas roupas


Porém, como fazer com que o agente secreto possua uma relação estritamente profissional com a única pessoa que representa segurança neste mundo? É justamente neste campo que Bond e Silva mais se contrapõem. Enquanto o personagem de Craig (excelente, mais uma vez) é um sujeito que usa dos mesmos artifícios de M para provocá-la (não é à toa que quando perguntado sobre a palavra que define a chefe, ele já tem a resposta rápida: cachorra), Bardem (competente, apesar dos maneirismo de risadas) interpreta um homem necessitado de atenção, precisando, acima de tudo, de carinho, o qual vê o mundo transformado após a negação de auxílio por parte dela. Ao mesmo tempo, semelhantes e antagônicos, os dois lembram o conflito entre Batman e Coringa em "O Cavaleiro das Trevas" em que um complementa o outro.

Além disso, o excelente roteiro traz ainda um desfecho interessante sobre o passado de Bond que, apesar de não ser uma novidade quando surge pelo decorrer da trama, apresenta-se dois locais simbólicos (em todos os sentidos) e traz uma bela homenagem aos antigos filmes da série: o famoso Aston Martin do personagem.

Lembrando pouco o diretor de dramas como “Estrada Para Perdição”, “Foi Apenas um Sonho” e “Beleza Americana”, Sam Mendes dá ritmo à trama e conduz bem as cenas de ação, optando mais pelo bom posicionamento da câmera e de uma fotografia exata do que o estilo “Bourne” que, de tão copiado, já cansou o público. Além disso, a trilha sonora (incluindo a correta canção “Skyfall”, interpretada aos gritos por Adele) dão o ritmo certeiro de urgência e aventura ao filme.

Com apenas a ressalva pela apagada atuação de Ralph Fiennes e bondgirls pouco marcantes, “007 – Operação Skyfall” mostra o quanto o agente secreto britânico ainda pode render ao cinema, apesar de estar ‘cinquentona’. Apostar em bons personagens e roteiros que saibam desenvolvê-los é uma boa oportunidade para a série.

Nota: 8,5 

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Crítica: 007 - Operação Skyfall, com Daniel Craig

Por Diego Bauer


Se você tem vinte e tantos anos, talvez nem entenda porque existe um lobby tão grande em cima dos filmes de 007, pois os trabalhos vistos por essa geração (na qual me enquadro), protagonizados por Pierce Brosnan, não justificam um bafafá tão grande, sem saber que a série viveu dias de glória quando estrelada por Sean Connery e Roger Moore.

Vimos o surgimento e a estabilização da franquia Bourne tomando conta do mercado de filmes de ação com cérebro, ao mesmo tempo que a franquia de James Bond entrou em total declínio, culminando com o fraquíssimo 007 – Um Novo Dia Para Morrer (2002).

Quatro anos se passam, e um novo James Bond surge, desta vez interpretado pela estrela em ascensão, Daniel Craig. O revigorante 007 – Cassino Royale (2006) trouxe um protagonista, digamos, mais machão, com cara de homem, menos charmoso e sofisticado (embora isso ainda esteja presente, claro), e trazendo uma nova cara e maneira de vermos o personagem, fez com que a série voltasse a fazer grande sucesso, criando uma nova esperança nos fãs mais antigos, e dando motivos para que a nova geração voltasse a ter James Bond como o nome mais forte para filmes de espionagem.

Anos depois aparece 007 – Quantum Of Solace (2008), um filme, de certa maneira, decepcionante, que não conseguiu manter o alto padrão obtido pelo seu filme anterior, e fez com que as dúvidas sobre o futuro da série voltasse às nossas cabeças.

E o que se podia esperar do novo filme da série? Uma continuação do sucesso de Cassino Royale ou uma queda ainda mais acentuada do que foi a do filme antecessor?

Nem uma coisa nem outra.

Após alguns arquivos importantes serem roubados do computador de M (Judi Dench), a MI6 acaba sendo atacada, pelo que parece ser um ato terrorista, e descobre-se que dentre os arquivos roubados está a lista de todos os agentes infiltrados da agência em vários pontos do mundo. James Bond (Daniel Craig), mesmo debilitado devido a uma missão que lhe deixou sequelas, é encarregado para interceptar o autor dessa ameaça. Depois de uma investigação, ele descobre que quem está por trás de tudo é Silva (Javier Bardem), um ex-agente da MI6, que jurou vingança contra M depois de julgar que foi traído por ela. Ainda por cima, a credibilidade da agência está colocada em jogo pelo governo, sempre questionada por Gareth Mallory (Ralph Fiennes).

O filme começa com uma longa e ótima sequência de ação. Ágil, grandiosa, criativa, de tirar o fôlego, estabelecendo uma relação imediata com o público, querendo mostrar que veremos mais daquilo com o passar do tempo, o que não acaba se concretizando.

Mas até aí não há nenhum problema, pois como poderíamos esperar de um trabalho de Sam Mendes, mesmo se tratando de um filme de ação, as partes em que ele desenvolve a sua linha narrativa sem auxílio de lutas e coisas do tipo é bem construída, conseguindo tranquilamente manter a atenção do público com o desenvolvimento dos personagens no tempo certo, sem causar danos a trama. Soma-se a isso, o fato de Mendes, junto com o seu experiente diretor de fotografia, Roger Deakins, claramente mostrarem uma atenção especial com os enquadramentos do filme, sempre elegantes e bem pensados, muitas vezes se utilizando da economia de cortes para criar imagens marcantes, com destaque para o momento em que Bond está na boate e acena, com uma bebida, para os capangas que o estão observando, ou quando vemos toda a apresentação de Silva com a câmera parada, logo atrás de Bond, deixando que o personagem se apresente aos poucos, e só depois se aproximando, tudo isso sem cortes, demonstrando a reconhecida competência de seu diretor.

Além disso, as sempre presentes inserções de piadas de humor refinado e cortante dão um charme todo especial para o filme, e funcionam maravilhosamente bem, sempre inseridas de maneira pontual, ao mesmo tempo em que fica claro em algumas sequências do filme uma espécie de auto referência pelo fato de estar fazendo 50 anos, seja com inserções pontuais da clássica trilha do filme, ou quando Bond e M entram em um carro bem antigo, fazendo uma clara e óbvia lembrança aos dias de glória da série.

Mas não há como falar das qualidades deste filme sem citar o sempre excepcional Javier Bardem. Com uma construção ousada, criativa, e como de praxe se falando do ator, com uma verdade inquestionável, ele nos brinda com um trabalho de quem sabe o que faz, trazendo uma feminilidade que na mão de muitos atores soaria caricata, mas que com ele se torna completamente verossímil. Ele demonstra ter o domínio total da cena, fazendo com que não vejamos outra coisa senão ele. E, claro, é responsável pela melhor cena do filme, que é a que ele se apresenta para Bond, e ambos tem um diálogo, digamos, revelador.

Porém, mesmo apresentando estas qualidades, a película se perde completamente em seu final, a partir do momento em que os personagens tentam fugir e vão para a casa de infância de Bond. Primeiro que o filme é longo demais, e isso fica ainda mais evidente no seu final, que devido, primeiro a sua concepção como um todo, e depois ao seu desenvolvimento, faz com que ele soe completamente desnecessário, mostrando-se entediante, interminável e muito previsível. Um filme dessa qualidade merecia um final mais digno, pois o que vemos ali é ele se render a um esquematismo de filme de ação antiquado e gasto, terminando em uma sequência digna de trabalhos ruins de Van Damme e Stallone dos anos 80 e 90.

E é realmente uma pena, pois até este momento, o longa se apresentava de maneira admirável, sendo uma mescla interessante entre um filme de ação popular, com um drama maduro desenvolvido com correção.

Porém, não é isso o que fica, e o final que não acabava nunca é o culpado disso.

Bardem, nós e a série merecíamos um desfecho melhor.

NOTA: 6,0

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Estreias da Semana nos Cinemas de Manaus - 26 de Outubro


Filme: 007 - Operação Skyfall
Direção: Sam Mendes
Elenco: Daniel Craig, Javier Bardem, Judi Dench, Naomie Harris, Ralph Fiennes, Albert Finney
Sinopse: A lealdade de James Bond (Daniel Craig) à M (Judi Dench) é testada quando seu passado volta a atormentá-la. Com a MI6 sendo atacada, o agente 007 precisa rastrear e destruir a ameaça, sem se importar o quão pessoal será o custo disto.
Onde: Cinemark, Cinemais, Playarte e Severiano Ribeiro

Filme: Gonzaga - De Pai Para Filho
Direção: Breno Silveira
Elenco: Adelio Lima, Chambinho do Acordeon, Land Vieira
Sinopse: A relação entre o sanfoneiro Luiz Gonzaga (1912-1989) e seu filho, o cantor e compositor Gonzaguinha (1945-1991), dois artistas, dois sucessos. Um do sertão nordestino, o outro carioca do Morro de São Carlos; um de direita, o outro de esquerda. Encontros, desencontros e uma trilha sonora que emocionou o Brasil. Esta é a história de Luiz Gonzaga e Gonzaguinha, e de um amor que venceu o medo e o preconceito e resistiu à distância e ao esquecimento.
Onde: Cinemark, Cinemais, Playarte e Severiano Ribeiro

Filme: Intocáveis
Direção: Olivier Nakache, Eric Toledano
Elenco: François Cluzet, Omar Sy, Anne Le Ny
Sinopse: Philippe (François Cluzet) é um aristocrata rico que, após sofrer um grave acidente, fica tetraplégico. Precisando de um assistente, ele decide contratar Driss (Omar Sy), um jovem problemático. De início, eles enfrentam vários problemas, já que ambos têm temperamento forte, mas aos poucos passam a aprender um com o outro.
Onde: Cinemark e Playarte

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Crítica: A Entidade, com Ethan Hawke

Por Renildo Rodrigues


Certos filmes tem uma forte capacidade de serem completamente esquecíveis assim que terminamos de assisti-los, não necessariamente por serem ruins, mas por não terem quase nada de especial, fazendo com que a experiência de assisti-los seja semelhante a acompanhar algo que já vimos antes em outros filmes, e que também não nos marcaram.

E isso acontece de maneira marcante em A Entidade. Já começando pelo seu título, mais genérico impossível, o filme até busca apresentar elementos com poder de inquietação para plateia, se sai bem em algumas escolhas que faz, mas de maneira geral, é um filme que não tem atrativos que justifique muitos adjetivos elogiosos.

A história acompanha Ellison (Ethan Hawke), um escritor de romances policiais que passa por um momento ruim na carreira. Depois de conseguir fama e reconhecimento anos atrás com um livro de grande sucesso, o autor parece não ter mantido o mesmo nível com o seu trabalho seguinte, e desde então vive preso ao reconhecimento de outrora. Preocupado com tal situação, ele decide, escondendo isso de sua família, se mudar para um casa onde aconteceu um terrível assassinato que vitimou uma família inteira, tendo restado apenas a filha mais nova que se encontrava desaparecida, para escrever um livro sobre o assunto e assim voltar a ter o sucesso de antes. Porém nesta casa ele encontra uma caixa com vários filmes em Super8 mostrando não apenas o assassinato da família que morreu ali, mas também a morte de outras famílias, assassinadas também de maneira cruel e fria. Perturbado com essa situação, Ellison também percebe que acontecimentos estranhos acontecem na sua casa, pondo em risco a sua vida e a de sua família.

A trama desenvolvida por Scott Derrickson, que ganhou fama com O Exorcismo de Emily Rose (2005) e que depois deu alguns passos atrás na carreira com O Dia Em Que A Terra Parou (2008), é desenvolvida com correção no seu início. Envolvendo o espectador aos poucos, e apresentando imagens realmente perturbadoras, o filme é competente ao criar uma atmosfera de suspense de grande relevo, com destaque para as cenas em que Ellison vê as mortes das famílias, que realmente causam grande impacto.

Isso se deve, claramente, ao trabalho do seu diretor, que também teve a boa ideia de apresentar os vídeos das famílias mortas em Super8, o que traz um tom ainda mais forte às imagens; pelo tom claustrofóbico presente no filme inteiro, criando um ar incômodo para quem assiste, além da correta fotografia de Chris Norr, apresentando-se sempre escura,com pouca iluminação, dando um ar sombrio e realmente amedrontador àquela casa. E o trabalho de Hawke é correto e discreto, sem chamar a atenção para si.

Porém, mesmo com essas qualidades o filme consegue se tronar desinteressante em seu decorrer. Se ficamos amedrontados com a atmosfera criada no início do filme, e com o fato de descobrirmos que tudo aquilo se deve a uma força, energia, o que quer que seja, chamado Bagul, isso acaba se dissipando aos poucos, quando começamos a perceber para onde a história caminha.

Embora ainda seja possível detectar os elementos que funcionam no início do filme, é com frustração que percebemos que o clímax é decepcionante, e vai para um desfecho que, pelo menos para mim, soou como estapafúrdio e com uma boba intenção de chocar a plateia.

E a partir do momento em que é possível imaginar o rumo da história, os truques já começam a perder força, e o que antes tinha o poder de nos assustar, se dissipa com o tempo.

É realmente uma pena ver para onde o filme vai, pois ele tinha elementos suficientes para ser bem melhor do que é. Infelizmente, ele não consegue nada além de ser mais um filme de terror genérico que vemos entrar em cartaz quase toda semana.

NOTA: 4,5

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Crítica: Atividade Paranormal 4, de Ariel Schulman e Henry Joost

Por Renildo Júnior


É difícil achar algo que valha a pena falar sobre este Atividade Paranormal 4.

A franquia, umas das mais bem-sucedidas do cinema recente (e de todos os tempos, aliás), sempre se firmou na mesma premissa e seguiu o mesmo formato: câmeras (de mão ou aquelas de vigilância) registram acontecimentos sobrenaturais na vida de pessoas comuns. A ideia, simples e engenhosa, teve todas as suas possibilidades exploradas num único filme, que é o modelo deste e de todos os outros: A Bruxa de Blair (1999). Desde então, filmes e mais filmes vêm tentando trazer novos elementos à fórmula, mas nenhum chega aos pés do original.

Atividade Paranormal 4 até traz alguma inovação. A jornada protagonizada por Alex (Kathryn Newton), garota que se torna o novo alvo do culto de bruxas e demônios visto no último filme, explora bem o universo de aparelhos eletrônicos usados pelos adolescentes. Boa parte do filme é vista através de celulares, notebooks e até do Kinect, o sensor de movimentos do Xbox 360 –responsável, aliás, pelas melhores cenas do filme.

Alex começa a perceber coisas estranhas na sua casa após a chegada de Robbie (Brady Allen, que capricha na carinha esquisita), filho de uma vizinha que sofreu um acidente e não tem onde ficar – e o fato da família de Alex acolher um garoto sobrequem não se sabe nada é só a primeira das diversas patacoadas da trama. Você já pode imaginar o resto: ninguém acredita em Alex, mesmo com lustres e facas caindo pela casa e o irmão dela (Wyatt, interpretado por Aiden Lovekamp) agindo totalmente estranho; só o namorado (Matt Shively) a ajuda, enchendo a casa de câmeras, e mesmo assim na esperança de vê-la nua; e o inevitável acontece.

O principal defeito de Atividade Paranormal 4 em relação aos outros filmes da franquia é a ausência de um clímax: 90% das cenas carregam na atmosfera, sugerindo coisas que podem acontecer a qualquer momento; mas estas efetivamente acontecem apenas nos 10% restantes. E, quando acontecem, não são lá grande coisa: ou repetem truques dos filmes anteriores ou desperdiçam o impacto pelainsistência em prolongar demais o suspense. E em terror, você sabe, o impacto é tudo. Esse defeito é especialmente evidente na comparação com o último filme, considerado o melhor da série, e que sabia, de fato, chegar nos finalmentes. O roteiro também é um prodígio de preguiça e falta de imaginação, usando as soluções mais óbvias ou indo por caminhos risíveis de tão absurdos (olhe que ser “absurdo” em terror é uma proeza).

Mas o problema mesmo é só um: a vontade de tirar dinheiro do espectador. É ela que rege este novo capítulo da série, privando-o de qualquer solução criativa, de qualquer busca por um novo caminho. Isso só vai mudar se o público elevar seu nível de exigência, se mostrar que, ao insistir em obviedades e menosprezar sua inteligência, as cabeças de Hollywood vão estar falando com o vazio. Ou com o sobrenatural, na melhor das hipóteses.

Nota: 5,5

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Cinco Escândalos Desastrosos de Hollywood

Por Diego Bauer


Reza a lenda que artistas famosos possuem vidas desregradas, excêntricas, e que por terem muito dinheiro acham que podem fazer o que bem entenderem quando e como quiserem. É claro que há uma generalização ingênua em cima desse ponto, e que isso não é exclusividade de artistas, e muitas vezes não possui relação com poder aquisitivo ou classe social.

Mas a questão é que realmente isso acontece, e acaba influenciando negativamente na carreira de alguns artistas talentosos, que depois de se envolverem em algum escândalo, veem as suas carreiras entrarem em uma curva descendente que, em alguns casos, parece não ter fim.

Abaixo vem uma lista de cinco artistas de Hollywood que tiveram as carreiras atrapalhadas/interrompidas por algum tipo de escândalo. Se algum nome que você conheça não estiver na lista, esteja à vontade para deixar o seu comentário.

Lindsay Lohan

Quando surgiu, Lindsay Lohan era uma daquelas crianças de rosto angelical, que parecia ter uma natural capacidade e carisma para seguir uma carreira de atriz. E mesmo que ela nunca tenha feito nenhum grande filme, ou tenha alguma grande atuação na carreira, com Sexta-Feira Muito Louca (2003) e Confissões de uma adolescente em crise (2004), a atriz ganhou fama mundial, com direito até a uma carreira de cantora.

Em 2007 a imagem de mocinha perfeita foi derrubada, pela aparência cada vez mais magra da atriz, e pela descoberta da dependência de Lohan em cocaína, quando se internou em uma clínica de reabilitação. No mesmo ano ela foi flagrada dirigindo bêbada, além de estar em posse de cocaína, sendo condenada à prisão condicional.

Ela até tentou continuar a carreira de atriz, mas o seu temperamento difícil, e os escândalos envolvendo a sua figura diminuíram bastante as suas chances de conseguir papeis de destaque em grandes produções.

O capítulo mais duro para a atriz ainda estava por vir. Em 2010, após ter violado termos de sua condicional mais de uma vez, a atriz foi condenada a 90 dias de prisão em julho deste ano, e chorou na audiência, em uma imagem que se tornou muito conhecida na época. Ela passou 13 dias presa, mas meses depois, em setembro, a atriz foi reprovada em um exame antidrogas, e foi presa novamente, sendo solta após pagar uma fiança de 300 mil dólares.

Depois disso, a atriz fez parte de alguns filmes, dentre eles Machete (2010), e atualmente trabalha no filme Liz & Dick, em que irá interpretar a atriz Elizabeth Taylor, outra figura também envolvida em controvérsias na carreira.

Mel Gibson
Mel Gibson era certamente um dos nomes mais populares de Hollywood. Carismático, talentoso, bonito, o ator e diretor tinha todos os elementos para estabelecer uma longínqua carreira de sucesso no cinema norte-americano. Porém o seu temperamento explosivo, e as suas declarações infelizes colocaram quase tudo a perder.

Tudo começou com o seu polêmico A Paixão de Cristo (2004), que foi criticado por algumas pessoas pela violência excessiva da crucificação de Jesus, e por um possível antissemitismo pregado pelo filme. 

Polêmicas à parte, A Paixão de Cristo foi um grande sucesso de público, e se formos buscar um olhar artístico, o filme teve mais aspectos positivos do que negativos em sua carreira.

Porém, a sua sempre conturbada vida pessoal foi responsável pelo seu declínio. Em 2006, o ator foi condenado a três anos de condicional por ser pego dirigindo embriagado, e por ter dito frases antissemitas e machistas para os policiais. Anos depois a sua esposa na época, Oksana Grigorieva, denunciou o ator por agressão física, e com isso desencadeou uma série de acusações entre os dois, que tiveram a sua vida íntima exposta na mídia. Ano passado, o ator foi novamente condenado a três anos de condicional, além de pagamentos de multas, serviços comunitários, e uma bela pensão a ex-esposa.

O último caso polêmico de Gibson foi uma explosão de fúria com o roteirista do seu novo filme, Joe Eszterhas. O diretor estava furioso pelo fato dele ainda não ter uma versão pronta do roteiro, e o fato foi divulgado na mídia, porque Eszterhas gravou a conversa.

Será que esse caso ainda terá novos capítulos?

Michael Douglas

Quando surgiu, Michael Douglas era conhecido por ser filho de uma das maiores estrelas da história de Hollywood, Kirk Douglas, e por ser o produtor do vencedor do Oscar de melhor filme, Um Estranho No Ninho (1975), projeto, aliás, que foi criado pelo seu pai. Porém, o ator mostrou que tinha talento e personalidade para seguir uma carreira própria.

Os anos 80 foram intensos para ele, que se tornou um grande nome do cinema norte-americano, saindo da sombra de seu pai, e tendo o seu auge emWall Street – Poder e Cobiça (1987), quando venceu o seu único Oscar da carreira como ator. Porém o sucesso fez com que Douglas tivesse um estilo de vida desregrado, se tornando dependente de álcool e drogas.

Mas a maior polêmica da sua carreira aconteceu em 1992, após as filmagens de Instinto Selvagem (1992). 

O ator confessou que é viciado em sexo, e após gravar cenas quentes com Sharon Stone, ele decidiu se internar em uma clínica de reabilitação. Oito anos depois, a sua esposa, Diandra Luker, casada com o astro desde 1977, pede o divórcio, e diz publicamente que o ator a traiu com várias mulheres, além de ter sido um mau pai.

No mesmo ano, Douglas se casa com a atriz Catherine Zeta-Jones, com quem está casado até hoje. O ator ainda é um nome envolvido em muitas notícias. Em 2010, foi diagnosticado que ele tem um câncer na garganta, no ano seguinte, a sua esposa se interna em uma clínica para se tratar de um transtorno bipolar, e em 2010, o seu filho Cameron Douglas foi condenado a cinco anos de prisão por tráfico de drogas. No final do ano passado, ele teve a pena aumentada por mais quatro anos e meio, após ser flagrado com drogas dentro da prisão.

Russell Crowe

O ator neozelandês Russell Crowe era um nome visto como bastante promissor na Austrália no final dos anos 80 e início dos 90. Bonito, e com uma presença cênica marcante, o ator impressionou Sharon Stone, que o levou para Hollywood, onde estreou em Rápida e Mortal (1995).

Dois anos depois, entrou de vez no mercado norte-americano como um grande nome, com a sua impactante atuação em Los Angeles – Cidade Proibida(1997). A consagração veio no final dos anos 90, e início dos anos 2000, em que Crowe conseguiu três indicações seguidas ao Oscar de melhor ator, em O Informante (1999), Uma Mente Brilhante (2001) e O Gladiador (2000), que lhe rendeu a estatueta.

Porém, justamente no auge da carreira do ator, surge uma grande polêmica. Logo após as filmagens de Prova de Vida (2000), filme que ele fez junto com Meg Ryan, ela termina o seu casamento de mais de 10 anos com Dennis Quaid, e começa um relacionamento com Crowe. O caso causou grande polêmica na época, e representou uma baixa na carreira de ambos.

Hoje essa história já parece ter esfriado, e quase não levanta mais questionamentos. Porém, a relação conflituosa de Russell Crowe com a imprensa, e o forte temperamento dele ainda gera polêmicas, e atrapalha que o seu nome volte a ser lembrado como um dos maiores de Hollywood.

Winona Ryder

Assim como os demais nomes dessa lista, Winona Ryder também teve momentos de destaque no cenário cinematográfico norte-americano. Surgindo para o mundo em dois filmes de Tim Burton, Os Fantasmas se Divertem (1988) e Edward Mãos de Tesoura (1990), a atriz mostrou-se como um dos nomes mais promissores da nova geração de atores, e chegou até a ser convidada a fazer o papel de Mary Corleone, em O Poderoso Chefão III (1990), mas acabou não podendo ficar o papel, sendo substituída por Sofia Coppola.

Alguns anos depois vieram duas indicações seguidas para o Oscar com A Época da Inocência (1993) e Adoráveis Mulheres (1994), além de ter o seu nome envolvido em filmes com grande apelo perante o público e crítica, como Alien: A Ressurreição (1997), Celebridades (1998), e Garota, Interrompida (1999).

Porém em 2001 um escândalo abalou a sua carreira de forma quase irreversível. A atriz foi presa após ser flagrada roubando mais de seis mil dólares em itens de uma loja de luxo em Beverly Hills. Ela foi solta após pagar uma fiança de quase trinta mil dólares, mas o dano causado pelo escândalo em sua carreira foi quase irreversível.

Anos depois, a atriz disse que por ter quebrado o braço naquela época, estava sob efeito de muitos analgésicos fortes, que, segundo ela, deixavam-na confusa.

O fato é que depois disso, a carreira da atriz teve uma queda vertiginosa, e o seu nome, que outrora tinha força e representatividade, caiu em descrédito perante a indústria.

Recentemente a atriz está tentando uma volta, depois de passar por muitos filmes desconhecidos e de qualidade duvidosa. Ela teve uma admirável participação em Cisne Negro (2010), além de protagonizar o último filme de Ron Howard, O Dilema (2011).