segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Crítica – “Busca Implacável 2”, com Liam Neeson

Por Renildo Rodrigues


Já está na hora de Liam Neeson desistir de querer ser um herói de ação e procurar algo melhor.

Se não, filmes como Busca Implacável 2 podem jogar por terra a reputação de excelência que o ator construiu a partir de A Lista de Schindler (1993) e que vem mantendo na maioria de seus trabalhos desde então.

Nesta sequência do bom filme de 2008, Neeson reprisa o papel do agente da CIA Bryan Mills, que, após salvar a filha das garras de uma rede internacional de tráfico e prostituição de garotas, tem agora de enfrentar a revanche dos parentes dos vilões mortos no primeiro filme.

Sim, essa é a (inacreditável) premissa para um dos filmes de ação mais tolos e previsíveis dos últimos tempos. Como se ela já não fosse ruim o bastante, confira também algumas das “surpresas” que se seguem ao longo da projeção:

- Os vilões conseguem capturar Bryan e a esposa, Lenore (Famke Janssen), mas não o revistam, deixando que ele mantenha um comunicador escondido na meia;

- A filha de Bryan, Kim, que é adolescente e ainda está aprendendo a dirigir, é orientada pelo pai a guiar um carrão de última linha com enorme perícia pelas vielas de Istambul, capital da Turquia, bem como a traçar mapas complicados em segundos. Um belo potencial para ser a esposa de Chuck Norris;

- Um dos vilões brinca longamente com Lenore antes de matá-la, dando tempo a Bryan de impedir a tragédia. Mills está tão confiante, aliás, que larga a esposa no porão para dar conta do resto dos sequestradores;

- O vilão Murad (RadeSerbedzija, do estupendo "Antes da Chuva", que deve estar reconsiderando a carreira em Hollywood, eternamente presa aos estereótipos do Leste Europeu), mesmo sabendo que o filho pertencia a uma quadrilha que raptava, vendia e torturava garotas inocentes, se sente no dever de lavar a honra com sangue, tudo porque o rapaz, ora bolas, é seu filho.

A tudo isso, se somam sequências de ação que, embora ainda sejam o ponto forte da franquia, se parecem com as de outras dezenas de filmes recentes, em especial a série Bourne. Eis o decepcionante saldo a que o produtor e roteirista Luc Besson (que, como diretor, já assinou thrillers tão interessantes e originais quanto O Profissional (1994) e O Quinto Elemento (1997) submeteu sua série.

Tanta reclamação pode levar à seguinte pergunta: mas Busca Implacável, o primeiro, era tão bom assim?

Na minha opinião, embora a saga esteja a léguas do patamar alcançado na já citada série Bourne e nos filmes de Paul Greengrass (Zona Verde) e Christopher Nolan (trilogia Batman), o primeiro ainda conseguia ser um filme de ação de boa estirpe, com uma trama ágil, seca e violenta como o protagonista, e que, mesmo dentro dos absurdos habituais (os capangas que nunca acertam os tiros e morrem como moscas, as manobras impossíveis do herói), mantinha os pés no chão, fosseno realismo da ambientação, fosse na sua sóbria denúncia de uma realidade global (o tráfico de pessoas).

Qualidades que poderiam ser exploradas aqui, mas das quais o único vestígio é a presença de Neeson e Serbedzija que, mesmo assim, parecem estar no espírito “só estamos nessa pela grana” deste filme.

Nota: 6,0

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