quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Crítica: A Entidade, com Ethan Hawke

Por Renildo Rodrigues


Certos filmes tem uma forte capacidade de serem completamente esquecíveis assim que terminamos de assisti-los, não necessariamente por serem ruins, mas por não terem quase nada de especial, fazendo com que a experiência de assisti-los seja semelhante a acompanhar algo que já vimos antes em outros filmes, e que também não nos marcaram.

E isso acontece de maneira marcante em A Entidade. Já começando pelo seu título, mais genérico impossível, o filme até busca apresentar elementos com poder de inquietação para plateia, se sai bem em algumas escolhas que faz, mas de maneira geral, é um filme que não tem atrativos que justifique muitos adjetivos elogiosos.

A história acompanha Ellison (Ethan Hawke), um escritor de romances policiais que passa por um momento ruim na carreira. Depois de conseguir fama e reconhecimento anos atrás com um livro de grande sucesso, o autor parece não ter mantido o mesmo nível com o seu trabalho seguinte, e desde então vive preso ao reconhecimento de outrora. Preocupado com tal situação, ele decide, escondendo isso de sua família, se mudar para um casa onde aconteceu um terrível assassinato que vitimou uma família inteira, tendo restado apenas a filha mais nova que se encontrava desaparecida, para escrever um livro sobre o assunto e assim voltar a ter o sucesso de antes. Porém nesta casa ele encontra uma caixa com vários filmes em Super8 mostrando não apenas o assassinato da família que morreu ali, mas também a morte de outras famílias, assassinadas também de maneira cruel e fria. Perturbado com essa situação, Ellison também percebe que acontecimentos estranhos acontecem na sua casa, pondo em risco a sua vida e a de sua família.

A trama desenvolvida por Scott Derrickson, que ganhou fama com O Exorcismo de Emily Rose (2005) e que depois deu alguns passos atrás na carreira com O Dia Em Que A Terra Parou (2008), é desenvolvida com correção no seu início. Envolvendo o espectador aos poucos, e apresentando imagens realmente perturbadoras, o filme é competente ao criar uma atmosfera de suspense de grande relevo, com destaque para as cenas em que Ellison vê as mortes das famílias, que realmente causam grande impacto.

Isso se deve, claramente, ao trabalho do seu diretor, que também teve a boa ideia de apresentar os vídeos das famílias mortas em Super8, o que traz um tom ainda mais forte às imagens; pelo tom claustrofóbico presente no filme inteiro, criando um ar incômodo para quem assiste, além da correta fotografia de Chris Norr, apresentando-se sempre escura,com pouca iluminação, dando um ar sombrio e realmente amedrontador àquela casa. E o trabalho de Hawke é correto e discreto, sem chamar a atenção para si.

Porém, mesmo com essas qualidades o filme consegue se tronar desinteressante em seu decorrer. Se ficamos amedrontados com a atmosfera criada no início do filme, e com o fato de descobrirmos que tudo aquilo se deve a uma força, energia, o que quer que seja, chamado Bagul, isso acaba se dissipando aos poucos, quando começamos a perceber para onde a história caminha.

Embora ainda seja possível detectar os elementos que funcionam no início do filme, é com frustração que percebemos que o clímax é decepcionante, e vai para um desfecho que, pelo menos para mim, soou como estapafúrdio e com uma boba intenção de chocar a plateia.

E a partir do momento em que é possível imaginar o rumo da história, os truques já começam a perder força, e o que antes tinha o poder de nos assustar, se dissipa com o tempo.

É realmente uma pena ver para onde o filme vai, pois ele tinha elementos suficientes para ser bem melhor do que é. Infelizmente, ele não consegue nada além de ser mais um filme de terror genérico que vemos entrar em cartaz quase toda semana.

NOTA: 4,5

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