quinta-feira, 22 de março de 2012

Crítica: "Anderson Silva: Como Água", de Pablo Croce

Por Diego Bauer


Uma luta esperadíssima.

De um lado, o lutador, que é considerado por muitos como o melhor de todos os tempos do MMA.

Do outro, um adversário extremamente provocativo, ofensivo, que não faz a menor questão de parecer simpático a quem quer que seja.

Se isso não bastasse, semanas antes da luta, ambos trocam frases nada amigáveis, o que cria um clima hostil quase nunca visto antes de uma defesa de cinturão.

Quando a luta começa, o campeão perde de maneira arrasadora os quatro primeiros rounds, fato que nunca nem chegou perto de acontecer em toda a sua carreira.

No quinto e último round, ele novamente começa perdendo, mas faltando pouco tempo para o fim, ele tira 
da cartola uma impensável finalização, e vence uma luta que estava perdida.

Essa luta histórica é o tema central do documentário Como Água, sobre o lutador brasileiro Anderson Silva. A história tem início com a luta entre o Spider, como ele é conhecido no esporte, contra o também brasileiro Demian Maia. Anderson vence a luta, mas é bastante criticado pelos fãs, e pelo presidente do UFC, Dana White, por apresentar menosprezo ao adversário.

Então surge no caminho do brasileiro o lutador norte-americano Chael Sonnen, que faz questão de criticar e provocar Anderson publicamente, criando um clima de grande expectativa para a luta, que poderia representar a saída do brasileiro do UFC em caso de derrota.

A história por si só já reúne elementos bem característicos que comumente vemos em filmes ficcionais sobre esportes. Até mesmo com relação aos seus personagens principais: o herói é visto como injustiçado, que tem que vencer um adversário que conta com um apoio muito maior do que o dele; e o vilão é visto como um mau caráter inescrupuloso.

Aqui Anderson não é colocado como santo, como é visto numa cena em que ele mostra impaciência com perguntas feitas antes da luta.Mas no caso de Sonnen fica difícil não encaixá-lo como um vilão bem tradicional, pois fica claro que o norte-americano é um imbecil, chegando até a duvidarmos de sua sanidade mental, como é citado pelo empresário de Anderson.

Mas o clímax do filme, que tinha tudo pra ser emocionante, acaba se tornando bem morno. O documentário não consegue passar nem 10% da adrenalina que aquele combate representou para quem estava assistindo ao vivo.

E não digo isso como um fã do esporte, que realmente sou, mas como alguém que vendo um filme, não consegui achar aquela luta tão memorável assim.

Além disso, o filme tem um som ruim, e em alguns momentos mal conseguirmos ouvir o que os personagens estão dizendo, pois fica claro que em diversas cenas o áudio não foi captado corretamente e fica competindo com elementos externos que dificultam o entendimento do que está sendo dito.

E se não fosse o bastante, certos enquadramentos são extremamente mal feitos, e outros querem justificar o mau uso da câmera como se fosse uma opção de estilo, que nada contribuem para o filme.

Apesar das falhas existentes, o filme se mostra como uma válida opção para os fãs que se interessam em conhecer mais sobre o árduo treinamento de um campeão como Anderson, ou ainda saber como é a vida do lutador na intimidade.

Ao mesmo tempo, é uma oportunidade para àqueles que não conhecem o esporte, ou que não gostam dele por o considerarem violento, o conhecerem de perto e, quem sabe, até mudarem seus conceitos.

É uma pena que no final da sessão bata uma sensação de que o filme poderia e deveria ser bem melhor.

Não ofende, nem rouba ninguém, mas faltou bastante coisa pra que ele conseguisse ficar na memória, como o próprio Anderson faz quando o vemos lutar.

NOTA: 5,0

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