Um dos bons filmes de 2009, Amor sem Escalas chegou aos cinemas brasileiros trazendo toda a repercussão dos prêmios recebidos mundo afora, além das indicações ao Oscar (seis, incluindo Melhor Filme). Mas calma lá. O que o novo filme do diretor Jason Reitman (Obrigado por Fumar, o premiado Juno) oferece é uma história simples, um tanto melancólica, narrada com eficiência e discrição.
Ryan Bingham (George Clooney, cada vez melhor) é um especialista contratado por empresas para demitir pessoas. Sim, você não leu errado. No acirrado mundo corporativo, empresas diversas contratam Bingham para dar a triste notícia com delicadeza, alentando as pessoas com a perspectiva de novos sonhos e projetos. Bingham ama o que faz, se compraz de todo o tato e sabedoria ao abordar um assunto tão complexo, mas o faz mais ainda pela oportunidade de viajar, de ter um estilo de vida luxuoso e superficial. Ao se envolver com Alex (Vera Farmiga, linda, e se firmando de vez como uma grande atriz) e se ver às voltas com uma aprendiz, Natalie (Anna Kendrick, da série Crepúsculo, a maior surpresa do filme), Ryan começa a abandonar o casulo.
Amor sem Escalas é uma história convencional, e tão intimista que é uma surpresa vê-la arrebatando prêmios nos grandes festivais, cujo histórico parecia desprezar esse tipo de produção (o próprio Oscar é um exemplo, em que uma rara exceção foi Juno, o filme anterior de Reitman). A grandeza do filme está nas entrelinhas. Está em descobrir os gestos, as ações e as palavras que revelam mais sobre os personagens. Está na composição visual meticulosa do filme, que torna tudo impessoal, vazio, como o próprio personagem de Clooney (os planos aéreos das cidades por onde Bingham passa são uma boa sacada). E está, por fim, na forma como capta a delicadeza dos relacionamentos, nas suas pequenas epifanias e suas doses consideráveis de dor.
Amor sem Escalas não é uma obra-prima, nem tem a pretensão de ser uma. Mas seu conteúdo humano o torna um dos filmes mais significativos do cinema recente.
Nota: 8/10
Renildo Rodrigues, diretor auxiliar e produtor/Set Ufam
"Depressa! Vamos perder o Set Ufam!"
Sim, Amor Sem Escalas é uma agradável surpresa. Um filme simples, mas que conta um roteiro afiado, atuações precisas e um timing cômico de fazer inveja. O diretor Jason Reitman, em seu terceiro filme, mostra que realmente é um dos melhores diretores do cinema atual quando se trata de comédias dramáticas.
ResponderExcluirDestaque deve ser dado para George Clooney, que aqui consegue alinhar de forma perfeita o seu cinismo e maladragem com a sua veia mais dramática. E a capacidade que ele tem para transmitir emoções apenas com os olhos, como na cena final, é tocante. O seu contra-ponto feminino no filme, Vera Farmiga, esbanja sensualidade e é simplesmente impossível tirar os olhos dela enquanto está na tela.
Ao fugir das convenções e terminar em um tom melancólico e bastante ambíguo, Amor Sem Escalas revela-se com um bom exemplar em um ano tão fraco para o cinema como foi 2009.
Nota: 8,1/10