domingo, 7 de março de 2010

Oscar 2010 – “Up – Altas Aventuras” (Up, EUA, 2009)


Pixar na disputa de Melhor Filme? Já não era sem tempo. Up – Altas Aventuras é a nova obra-prima da carreira da produtora, que até o momento detém a trajetória mais impressionante já vista no cinema de animação (e no cinema em geral, por quê não?). Depois de Ratatouille e Wall-E, a expectativa era enorme e, mais uma vez, a Pixar elevou-se ao desafio, entregando um filme simples, despretensioso, mas emocionante.
Carl Fredricksen (no Brasil, com a voz de Chico Anysio) e sua esposa, Ellie, sonhavam em viajar, conhecer o mundo, tornarem-se grandes exploradores, iguais aos heróis dos filmes que viam na infância. Enquanto crescem, começam a juntar dinheiro para realizar o projeto. Eles se casam, tentam ter filhos (sem sucesso), compram uma casa, um carro, envelhecem... e não desistem do sonho. Até que Ellie fica doente, e morre. Carl torna-se um velho amargo, rude, intratável. Quando ele é ameaçado de ser colocado em um asilo, faz o impensável: enche a casa de balões coloridos e levanta vôo, rumo aos paraísos que desejava conhecer com Ellie. Carl só não contava que um escoteiro gorducho e desajeitado, Russell, estivesse escondido na casa.
E isso são só os primeiros dez minutos do filme! Up – Altas Aventuras, dirigido por Pete Docter (de Monstros S.A) é a prova do refinamento da Pixar na narrativa cinematográfica. O desafio de animar seres humanos, iniciado com Os Incríveis, tem sido superado de forma cada vez mais superlativa. Carl e Russell são dois personagens notáveis, cheios de carisma, de substância, de... vida! Os outros personagens do filme, como a ave gigante Kevin e o cão Dug, também são brilhantes. Embora esta seja uma trama menos pretensiosa, com uma história curta e bem simples, o cuidado da equipe da produtora com cada detalhe, a precisão dos elementos de emoção e humor, fazem do filme um pequena maravilha.
Up – Altas Aventuras também guarda ligações com a época atual, ao retratar a tristeza da vida nos ambientes urbanos, das rotinas opressivas, de pessoas desencantadas e indiferentes. Mas não se deve procurar toda essa seriedade no filme. Basta, apenas, se deixar comover, ao acompanhar os sonhos e aspirações de pessoas comuns, como Carl e Russell, sublimados pela jóia delicada que é Up.


Nota: 9/10

Renildo Rodrigues, diretor auxiliar e produtor/Set Ufam

O heterogêneo elenco principal: a ave gigante Kevin, o escoteiro Russell, o cão Dug e o velho Carl

Um comentário:

  1. Renildão, concordo com você sobre a importância da Pixar no campo da animação. Contribuo lembrando o refinamento e a inventividade dos Estúdios Ghibli. É redundante dizer "Hayao Miyazaki" precedido de "mestre".

    César Nogueira

    ResponderExcluir