terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Crítica: A Fábrica, de Aly Muritiba

Por César Nogueira

Uma das melhores surpresas das últimas semanas foi a pré-indicação de A Fábrica, do baiano radicado em Curitiba Aly Muritiba, ao Oscar de Melhor Curta-Metragem de 2013. Com ele, temos, então, dois filmes com chance de concorrer a um Oscar. O outro pré-indicado é O Palhaço, que vai tentar emplacar na categoria Melhor Filme Estrangeiro. Tal como o longa de Selton Mello, o curta tem méritos, principalmente no roteiro, de ser um dos pré-selecionados ao Oscar.

 
A Fábrica conta como a mãe do presidiário Martruti (Andrew Knoll) levou um celular para a prisão. Em seguida, acompanhamos o que o detento fez com o aparelho. A simplicidade do argumento ganha força graças à tensão com que ele é trabalhado. Ficamos ansiosos para ver se o protagonista vai conseguir mesmo o celular. Em seguida, a história nos brinda com um anticlímax, pois vai por um caminho diferente do que o contexto nos faz pensar.

 
Por causa disso, a Fábrica ajuda a mostrar que o cinema brasileiro já não usa a a violência e a pobreza apenas de uma maneira sociológica e naturalista. O curta usou estes dois temas, que tiveram seu emprego duramente criticado por anos, como panos de fundo de uma história que privilegia o drama humano.  Graças à simpatia com que a violência e a pobreza foram abordadas, A Fábrica mostra que há humanidade no ambiente carcerário.

Mesmo com problemas na dicção dos atores e na captação do som, que fazem com que os diálogos sejam compreendidos apenas se houver legendas, A Fábrica consegue algo básico, mas que certos pré-indicados ao Oscar de anos anteriores se esqueceram: antes de tudo, um filme precisa contar uma boa história.
 
 
Nota: 8,5

P.s.: A Fábrica foi exibido em Manaus no último domingo (09/12), na 7ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul.

Nenhum comentário:

Postar um comentário