Uma das melhores surpresas das últimas semanas foi a pré-indicação de A Fábrica, do
baiano radicado em Curitiba Aly Muritiba, ao Oscar de Melhor
Curta-Metragem de 2013. Com ele, temos, então, dois filmes com chance de
concorrer a um Oscar. O outro pré-indicado é O Palhaço,
que vai tentar emplacar na categoria Melhor Filme Estrangeiro. Tal como
o longa de Selton Mello, o curta tem méritos, principalmente no
roteiro, de ser um dos pré-selecionados ao Oscar.
A Fábrica conta
como a mãe do presidiário Martruti (Andrew Knoll) levou um celular para
a prisão. Em seguida, acompanhamos o que o detento fez com o aparelho. A
simplicidade do argumento ganha força graças à tensão com que ele é
trabalhado. Ficamos ansiosos para ver se o protagonista vai conseguir
mesmo o celular. Em seguida, a história nos brinda com um anticlímax,
pois vai por um caminho diferente do que o contexto nos faz pensar.
Por
causa disso, a Fábrica ajuda a mostrar que o cinema brasileiro já não
usa a a violência e a pobreza apenas de uma maneira sociológica e
naturalista. O curta usou estes dois temas, que tiveram seu emprego
duramente criticado por anos, como panos de fundo de uma história que
privilegia o drama humano. Graças à simpatia com que a violência e a
pobreza foram abordadas, A Fábrica mostra que há humanidade no ambiente
carcerário.
Mesmo
com problemas na dicção dos atores e na captação do som, que fazem com
que os diálogos sejam compreendidos apenas se houver legendas, A Fábrica
consegue algo básico, mas que certos pré-indicados ao Oscar de anos anteriores se esqueceram: antes de tudo, um filme precisa contar uma boa história.
Nota: 8,5
P.s.: A Fábrica foi exibido em Manaus no último domingo (09/12), na 7ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul.
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