US$ 2,916 bilhões de dólares arrecadados nas bilheterias mundiais
17 Oscars.
12 Baftas.
4 Globos de Ouro.
A história do pequeno Frodo levou o cinema de aventura a um patamar pouco antes alcançado, aliando o esmero técnico tão característico dos blockbusters de Hollywood ao desenvolvimento de uma rica e bela história junto com a visão de um cineasta obstinado a traduzir em filmes um dos maiores clássicos da literatura mundial de ficção.
Desta maneira, tanto cinéfilos quanto oo público comum ganharam uma trilogia que pode ser comparada a clássicos como "O Poderoso Chefão" e "Star Wars" (as versões dos anos 80, por favor) e cultuar personagens já memoráveis da história do cinema.
Vamos analisar agora cada obra:
A Sociedade do Anel
O prólogo
narrado por Galadriel (Cate Blanchett) já mostrava o desafio que Peter
Jackson precisava vencer neste primeiro filme: conseguir inserir na
memória do espectador tantos elementos do contexto da saga que teriam
fundamental relevância na trama sem se tornar maçante.
E
é aí que o neozeolandês mostra o domínio que apresenta do material que
tem em mãos: o roteiro escrito por ele e os parceiros Fran Welsh e
Philippa Boyens aposta, principalmente, no desenvolvimento dos hobbits
(em especial, Frodo [Elijah Wood]), e de Gandalf (Ian McKellen), os
elementos que exprimem a maior semelhança com os humanos e o mundo
mágico, respectivamente.
Assim, "A
Sociedade do Anel" se transforma em um filme em que os personagens são
próximos de nós, em suas fraquezas e forças, alegrias e tristezas, sem
esquecer o lado mágico que os rodeia.
Isso
não significa, porém, que o restante é esquecido, estando ali, em
pequenas, porém marcantes partes. Ou há como esquecer a aparentemente
frágil, porém corajosa Arwen (Liv Tyler) ao salvar o protagonista dos
espectros na primeira grande sequência de ação da série? Ou a crueldade
do mago Saruman (Christopher Lee) capaz de trair o amigo Gandalf? Ou
Boromir (Sean Bean) um homem dividido entre o amor da nação e,
consequentemente, do pai, e o dever de proteger a Sociedade do Anel?
Com
grandes personagens e um ótimo roteiro em mãos, Jackson sabia que nada
daquilo teria importância se não levasse o público para dentro da
experiência de assistir algo memorável. Para isso, brilham a direção de
arte, responsável pela recriação perfeita do lar dos hobbits, o Condado,
os figurinos capazes de trazer traços da personalidade de cada povo ali
presente (os elfos, por exemplo, com seus longos panos brancos
transmitem a aura reflexiva e conciliadora, enquanto os anões,
guerreiros e encrenqueiros, estão sempre com roupas mais fechadas e
armaduras sempre a mãos), a trilha imponente de Howard Shore, capaz de
dar um tema marcante para cada momento do longa, e, claro, os efeitos
especiais, indispensáveis para a criação de uma das cenas de ação mais
importante dos últimos anos: a batalha nas Minas de Moria.
Nascia um clássico!
NOTA:9.5
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As Duas Torres
Passado o
nervosismo da estreia e a necessidade de ter que apresentar um novo
mundo para o público, Peter Jackson teria agora um desafio tão grande
quanto no primeiro filme: conseguir equilibrar três linhas paralelas de
história, as quais, raramente, se cruzam, equilibrando bem cada trama.
O resultado foi quase totalmente satisfatório.
Com
a saída de cena temporária de Gandalf, Aragorn ganha destaque e passa a
liderar o que sobrou da Sociedade do Anel. Ao guiar o elfo Legolas
(Orlando Bloom) e o anão Gimli (John Rhys-Davies), além de ser
peça-chave para salvar o reino de Rohan dos perigos das tropas
comandadas por Sauron, o heroí começa a ganhar o status de líder e
figura dominante nas decisões que rondam a trama. A dosagem de valentia e
sabedoria feita por Mortensen para compor o personagem ajudam Aragorn a
conquistar a confiança do público.
Já
a trama envolvendo Frodo ganha a criatura mais rica de toda saga:
Gollum/Smeagol (o brilhante Andy Serkis). A partir da impressionante
tecnologia CGI, vemos um sujeito dúbio e mentalmente desequilibrado pelo
Um Anel, capaz de ir dos momentos mais puros e ingênuos aos mais
perversos, deixando-nos sempre intrigado e temendo as reações dele. A
força dessa relação com os hobbits move essa parte da história que pouco
avança em seu objetivo real.
As
"gordurinhas" de "As Duas Torres" começam justamente no pedaço que
consiste os 'pequeninos' Merry (Dominic Monaghan) e Pippin (Billy Boyd) e
a insurpotável Barbárvore (voz na versão original de John Rhys-Davies).
Vagando pelas florestas sem saber para onde ir, com desnecessários
discursos ambientalistas e reuniões para discutir o que já sabemos, os
personagens conseguem estancar todo o andamento dos outras duas linhas
paralelas de história. Pelo menos, a cena da destruição feita pelos Ents
ao lar de Saruman compensa um pouco a enrolação.
Outro
ponto que incomoda no filme são as explicações, apesar de necessárias,
da geopolítica do mundo criado por Tolkien. Todo o contexto que envolve
Rohan e os primeiros elementos sobre o reino de Gondor fazem com que a
trama fique carregada ainda mais, deixando o lado mágico da série um
pouco de lado.
Porém,
não falar de "As Duas Torres" sem citar a batalha do Abismo de Helm é o
mesmo que falar de "O Império Contra-Ataca" e esquecer a revelação de
Darth Vader para Luke Skywalker. Tensa desde o início quando nos é
lembrado que são 300 contra 3000, Jackson traz um combate com direito a
explosões épicas, leves pitadas de humor, perdas de personagens
secundários importantes, um trabalho primoroso da equipe de som (escute o
impacto duro e forte que cada gota cai nas armaduras - uma antecipação
do que virá) o crescimento de um heroí (Aragorn) e o ressurgimento de
outro (Gandalf). No mínimo, épico.
Se este era o mais fraco, o que esperar do melhor?
NOTA:8.5
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O Retorno do Rei
O último filme
de uma série costuma ficar aquém do esperado e exemplos não faltam
disso: "O Poderoso Chefão", "Matrix", "Harry Porter", "Star Wars",
"Batman". Porém, Peter Jackson resolveu subverter essa ordem e reservou a
obra-prima, o acerto definitivo para o grand finale.
São
mais de 3 horas de filme em que o ritmo é acelerado, a tensão crescente
em cada frente da batalha entre as forças do bem e do mal. Todos os
personagens, independente de sua importância na trama, são testados ao
seu limite: Gollum/Smeagol vê a paranóia e obsessão pelo Um Anel
crescer; Frodo se torna um arremedo daquele jovem hobbit do Condado; Sam
(Sean Astin), mais do que nunca, precisa estar do lado de seu fiel
parceiro para lembrá-lo quem eles são; Gandalf mescla os poderes
mágicos com sabedoria de um mago para construir estratégias que deem
mais tempo a Frodo; os reis de Gondor e Rohan, cada a um ao seu modo,
enfrentam o destino em um mundo que não lhes cabe mais; Merry e Pippin
são jogados em uma batalha cruel demais para jovens e divertidos hobbits
como eles, mas sem possibilidade de sair dela; Aragorn precisa decidir
qual caminho escolher , sabendo que a união de todos os povos está em
suas mãos.
O
enxuto roteiro evita com que tantos conflitos passem batido, reservando
espaço para que cada um consiga se desenvolver. Com isso, "O Retorno do
Rei" consegue fazer com o público se envolva com os personagens de tal
forma que nos importemos com o destino de cada um deles.
Mas, o que seria um grande filme sem cenas marcantes?
Nesse quesito,
cinco já são antológicas: a trágica sequência inicial que mostra a
transformação do puro e inocente Smeagol no inconstante Gollum; a
poética cena da canção de Pippin ao rei Denathor (John Noble), enquanto o
filho deste se aproxima de uma emboscada dos orcs; a assustadora parte
de Frodo contra Laracna em uma cena que lembra o Peter Jackson de "Fome
Animal" (1992); o emocionante desfecho com o destino dos heróis sendo
decididos.
Sem
dúvida nenhuma, porém, o grande momento da saga é a batalha nas Minas
Tirith, onde durante 1h30 acompanhamos todos os elementos mágicos da
história presentes: fantasmas, orcs, hobbits, espectros, anões,
olifantes, magos, guerreiros. Tudo embalado em grandes efeitos especiais
e uma condução perfeita de Peter Jackson. Tudo o que filme de aventura
precisa ser.
Obra-Prima!
NOTA:10,0
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Destino dos Principais Nomes de “O Senhor dos Anéis”:
Peter Jackson: o
cineasta bem que tentou, mas ainda não conseguiu se desvencilhar da
sombra da saga. "King Kong" é um bom filme, mas exagerado em sua longa
duração e pretensões grandiosas para uma história que pedia tratamento
mais simples. Já "Um Olhar no Paraíso" foi uma aposta de emocionar que
passou da conta, entrando no campo meloso. Tenta reencontrar o caminho
com "O Hobbit".
Elijah Wood:
ficou marcado demais pelo papel de protagonista da série e ainda não
realizou um filme que possa ajudá-lo a ser livrar da imagem de Frodo.
Suas melhores tentativas foram a fita de ação "Sin City" e o drama "Uma
Vida Iluminada".
Sean Astin:
assim como foi para Frodo, o destino também não foi feliz para o
valente Sam. Duvida? Então, saiba que o coitado estrelou dois filmes com
Adam Sandler ("Como Se Fosse a Primeira Vez" e "Click") e o segundo
filme da série "Alvin e os Esquilos". Como compensação, encontrou sorte
na televisão, participando do seriado "24 Horas".
Ian McKellen:
engatou uma série de blockbusters e conseguiu uma popularidade nunca
antes alcançada em sua carreira. Com a classe típica de grandes atores,
se destacou em filmes como "O Código Da Vinci" e a série "X-Men".
Viggo Mortensen:
se consolidou como um dos melhores de sua geração, trabalhando com
diretores do naipe de David Cronenberg e Walter Salles. Entre os
principais destaques dos últimos anos estão os longas "A Estrada",
"Marcas da Violência", "Senhores do Crime" e "Na Estrada".
Orlando Bloom:
virou o grande astro pop de "O Senhor dos Anéis". Ao lado de Johnny
Depp, obteve enorme êxito com outra trilogia: "Piratas do Caribe".
Infelizmente, ainda precisa melhorar bastante a capacidade dramática, já
que ficou apagado em filmes que precisavam de seu brilho como "Cruzada"
e "Tróia". Talvez com a ajuda de bons diretores, como aconteceu em
"Tudo Acontece em Elizabethtown" quando foi comandado por Cameron Crowe,
possa encontrar o caminho certo de sucesso comercial e artístico.
John Rhys-Davies:
o intérprete do anão Gimli voltou a fazer filmes inexpressivos. Na
lista desssas obras, estão "O Diário da Princesa 2", "A Vingança do
Demônio" e "Anaconda 3".
Dominic Monaghan:
Realizou apenas um filme depois de "O Senhor dos Anéis": "X-Men Origens
- Wolverine". Assim como o filme, tem uma atuação esquecível. Porém,
conseguiu se destacar ao viver o roqueiro Charlie na série "Lost".
Billy Boyd: o último filme em que atuou foi "O Filho de Chucky". Diz muito, não?
Liv Tyler:
continua linda, mas diminuiu o ritmo nos cinemas, fazendo somente
filmes inexpressivos como "O Incrível Hulk", "Os Estranhos" e "A
Tentação".
Cate Blanchett:
um dos principais nomes surgidos no cinema americano nos últimos anos,
Blanchett manteve uma carreira sólida com belas atuações em filmes como
"Não Estou Lá", "Elizabeth - A Era do Ouro" e "Babel". Como se não
bastasse, venceu o Oscar de Melhor Atriz Coadjunvante em uma
interpretação da estrela Katherine Hepburn em "O Aviador".
Andy Serkis:
um sujeito que consegue fazer com que um gorila ("King Kong") e um
macaco ("O Planeta dos Macacos - A Origem") consigam emocionar muito
mais que dezenas de atores de carne e osso é digno de aplausos. Uma pena
que Serkis ainda não tenha conseguido interpretar um personagem
marcante sem todos os aparatos tecnológicos e de rosto limpo.
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