Por Diego Bauer
É necessário fazer uma divisão de gêneros se se quer definir se uma atuação é melhor do que outra? É inadequado comparar atuações de gêneros diferentes?
Confesso que até ler esta matéria nunca tinha parado para pensar sobre o assunto, e logo de cara a ideia parecia bem absurda, pois qual seria o problema em haver a divisão entre melhor ator e melhor atriz?
Mas pensando bem, a teoria não é absurda como possa parecer, visto que a categoria de interpretação é a única em que há a divisão masculino x feminino. Não há prêmio de melhor diretor e melhor diretora, por exemplo.
E se parece que a divisão deixariam as coisas “mais organizadas”, creio que só de estabelecer uma premiação, em que a “melhor” atuação se sairia vencedora, já é algo que, se formos parar pra pensar, já suscita levantamentos questionadores.
Como se faz pra definir se uma atuação é melhor do que outra? E se um trabalho for experimental e o outro mais convencional, como faz pra comparar?
Pensando dessa forma não é um absurdo comparar atuações masculinas com femininas, visto que o tal absurdo está em uma questão anterior a isso.
Mas apesar desta questão parecer uma maneira mais justa de definir o melhor trabalho, acredito que as atrizes seriam prejudicadas, visto que, se formos colocar em quantidade, há bem mais papeis de destaques masculinos que femininos, e abaixo você vai entender melhor o que quero dizer.
Se você for contrário a esta idéia fique tranquilo, pois se o debate está ganhando corpo com o tempo é bastante provável que essa mudança demore muito a acontecer, talvez nunca aconteça.
Imaginando como seria se essa medida já fosse aplicada nos anos anteriores, fiz uma disputa entre os vencedores do Oscar de melhor ator e melhor atriz de 2000 até 2012 pra definir quem seriam os vencedores se apenas um deles levasse o prêmio.
A lista vem abaixo, e por favor, sinta-se convidadíssimo a deixar a sua opinião nos comentários.
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Kevin Spacey, por Beleza Americana x Hilary Swank, por Meninos Não Choram
Escolha difícil, mas acredito que, embora a atuação de Swank seja ótima, o trabalho de Spacey chamou mais a atenção do público e crítica, visto queBeleza Americana foi o grande vencedor do Oscar no ano, e parece improvável que ele ficaria sem o prêmio de melhor atuação.
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Russell Crowe, por Gladiador x Julia Roberts, por Erin Brockovich – Uma Mulher de Talento
Julia Roberts mostrou que é boa atriz neste trabalho de Steven Soderbergh, mas em 2001 Russell Crowe começava a se tornar o principal nome de Hollywood, e com O Gladiador, a sua vitória no Oscar seria uma barbada.
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Denzel Washington, por Dia de Treinamento x Halle Berry, por A Última Ceia
Pode até parecer uma escolha das mais fáceis, mas isso seria se nos baseássemos apenas nas duas interpretações, mas como sabemos, o Oscar vai muito além disso. Imagina como seria a pressão para a primeira vitória de uma atriz negra? Apesar disso, gosto de acreditar que o bom senso determinaria a vitória de Denzel Washington.
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Adrien Brody, por O Pianista x Nicole Kidman, por As Horas
Essa me dói o coração. O trabalho de Brody é fora de série, inserido em um filme genial do ainda mais genial Roman Polanski, mas o lobby em cima do nome de Nicole Kidman a época era muito forte, bem mais forte do que aquele em cima do nome do ator americano. Venceria Nicole Kidman.
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Sean Penn, por Sobre Meninos e Lobos x Charlize Theron, por Monster
Uma bela disputa, principalmente pelo fato de o trabalho de Theron, que é realmente excelente, ter contado com uma assustadora transformação física, coisa que os votantes do Oscar adoram levar em consideração na hora de definir os premiados. Mas o talentosíssimo Sean Penn nunca havia vencido o prêmio, e este seria o momento ideal para reconhecer o talento do ator, que neste filme tem uma atuação memorável.
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Jamie Foxx, por Ray x Hilary Swank, por Menina de Ouro
Se em 2000 a atriz foi prejudicada pelo fato do seu filme não ter força na categoria principal, neste ano o contrário aconteceria exercendo papel decisivo na sua premiação. Foxx entrega a melhor atuação de sua carreira, mas não teria força para tirar o prêmio de Hilary Swank.
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Philip Seymour Hoffman, por Capote x Reese Witherspoon, por Johnny e June
Aqui uma disputa entre um dos melhores atores de Hollywood contra uma atriz... medíocre. Hum, arrisco-me a dizer que seria uma vitória fácil de Philip Seymour Hoffman, que interpreta brilhantemente a controversa figura de Truman Capote, em um trabalho que permanece forte em nossas memórias.
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Forest Withaker, por O Último Rei da Escócia x Helen Mirren, por A Rainha
Duas marcantes figuras políticas foram defendidas neste ano por Forest Withaker e Helen Mirren, e acredito até que Idi Amin é um personagem mais complexo e controverso do que a Rainha Elizabeth II, porém a atriz britânica chamou mais atenção na época, e também tinha certo favoritismo por ter sido duas vezes indicada ao prêmio e não ter vencido. Seria disputado, mas daria Helen Mirren.
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Daniel Day-Lewis, por Sangue Negro x Marion Cotillard, por Piaf – Um Hino Ao Amor
“Coitada” da Marion Cotillard. Aliás, coitado de qualquer um que se metesse a disputar o prêmio de melhor atuação deste ano com Daniel Day-Lewis. Um trabalho realmente fenomenal, responsável pela vitória mais segura de toda a lista.
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Sean Penn, por Milk – A Voz da Igualdade x Kate Winslet, por O Leitor
Chega a ser difícil afirmar que mesmo com a atuação que conseguiu, Sean Penn não levaria o prêmio de melhor atuação. Mas a questão é que neste ano, havia na disputa uma das atrizes mais queridas e talentosas de Hollywood, que já possuía 5 indicações ao prêmio e nunca havia vencido. Isso exerceria papel importante, e Winslet levaria o prêmio.
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Jeff Bridges, por Coração Louco x Sandra Bullock, por Um Sonho Possível
Difícil. Difícil por ser um ano de atuações fracas. Que Jeff Bridges é melhor intérprete que Sandra Bullock isso ninguém duvida, mas a atuação da atriz em Um Sonho Possível tocou o coração das pessoas. Mesmo assim, acredito que as quatro indicações ao prêmio que o ator possuía fariam a diferença, e por uma pequena margem de votos, Bridges venceria.
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Colin Firth, por O Discurso do Rei x Natalie Portman, por Cisne Negro
A mais difícil de todas. Talvez, assim que acabe o texto, é bem possível que eu mude de opinião e queira alterar o resultado. Mas acredito que Colin Firth venceria, porque além de O Discurso do Rei ser um filme de maior apelo perante o público em relação a Cisne Negro, acredito que numa situação tão equilibrada, o conservadorismo e o machismo exerceriam um papel de desempate, e dariam o prêmio para o ator britânico.
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Jean Dujardin, por O Artista x Meryl Streep, por A Dama de Ferro
Em 2012 o cinema olhou para sim mesmo, e buscou no passado respostas para aplicar no futuro. O Artista, filme correto e bobo no bom sentido, venceu o Oscar deste ano, e foi um filme pensado para todo mundo gostar. A ótima atuação de Jean Dujardin teria uma desleal vantagem perante a de Meryl Streep, visto que A Dama de Ferro foi um filme muito mal falado, o que faria a vitória do ator francês ser bastante tranquila.
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