Por César Nogueira
Os games são a maior força de entretenimento do mundo. Já superaram há tempos Hollywood e, ao contrário desta, seus rendimentos só fazem crescer. Curiosamente, essa indústria bilionária é fortemente influenciada pelo cinema.
Os games são a maior força de entretenimento do mundo. Já superaram há tempos Hollywood e, ao contrário desta, seus rendimentos só fazem crescer. Curiosamente, essa indústria bilionária é fortemente influenciada pelo cinema.
Talvez o exemplo mais cabal dessa influência sejam os trailers de divulgação, que ganharam força com o impulso da tecnologia de produção de games e com o YouTube. Hoje, uma produtora que se preze tem que disponiblizar não só vídeos do game rodando em tempo real, mas também exemplares cinematográficos, mesmo que a sua obra pouco ou nada se foque na narrativa. Street Fighter x Tekken (Multiplataforma), por exemplo, vai ser um típico jogo de luta: vamos poder desfrutá-lo intensamente mesmo sem se importar com a biografia dos protagonistas. Afinal, o que conta nesse gênero é a interatividade. Mesmo assim, a Capcom, sua produtora, disponibilizou um trailer seu baseado na história que, para mim, é melhor do que o com imagens do game em tempo real.
Já Metal Gear Solid vai muito mais além nessa relação games-cinema. A franquia é basicamente uma tetralogia multiplataforma que envolve espionagem, tecnologia nuclear, diálogos envolventes - e muitas vezes engraçadíssimos - e personagens nada unidimensionais. É capaz de o jogador ficar mais de uma hora só assistindo filminhos e lendo diálogos em vez de interagir com o universo dos MGS. Também pudera: seu criador, Hideo Kojima, é fã de Stanley Kubrick e já quis ser cineasta. Em MGS4 (PS3), ele nos brinda não só com um trailer hollywoodiano, mas também com um thriller que não deixaria por menos para nenhuma produção cinematográfica.
Essa influência não é de mão única. Filmes se inspiraram na dinâmica própria dos games. O alemão Tom Twyker pegou o conceito de que, para passar de uma fase, você tem várias possibilidades e, caso não consiga uma vez, pode tentar outras, gradualmente se aprimorando, e o colocou em Corra, Lola, Corra.
Corra, Lola, Corra se inspira discretamente na dinâmica dos games. Por outro lado, Scott Pilgrim não se esforça para disfarçar a influência. De detalhes óbvios, como magias, barras de energia, vidas, até aos menos explícitos, como narrativa construída a partir de "chefões" - muito dessa adaptação de Graphic Novel pegou dos games.
Os games se inspiram fortemente no cinema. Já este se inspira nos jogos, mas não com tanta frequência. De qualquer modo, há vários jogos bons fundamentados na linguagem cinematográfica, e vice-versa. O que ainda falta é um longa-metragem baseado em games que seja realmente memorável e, também, um jogo baseado em filme que se torne clássico.
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