segunda-feira, 4 de abril de 2011

Crítica - Bruna Surfistinha e Vips

POR CAIO PIMENTA
Diretor-Geral do SET UFAM

Cinema e publicidade são dois meios interligados?

No caso de dois dos maiores sucessos do cinema brasileiro em 2011 a resposta é positiva.

Afinal de contas, "Bruna Surfistinha" e "Vips" são duas obras dirigidas por diretores vindos do mercado publicitário e em suas primeiras experiências comandando um filme, ambos  apresentam falhas que comprometem o resultado de suas adaptações cinematográficas, justamente por terem características marcantes da publicidade.

Dirigido por Marcus Baldini, “Bruna Surfistinha” entrega o que promete: uma atuação excelente de Deborah Secco, incrivelmente linda e entregando-se ao papel de uma maneira surpreendente, já que poderia, simplesmente por ser uma estrela global, hesitar em certas sequências mais pesadas. A trilha sonora é caprichada, usando sucessos de grandes bandas como o Radiohead e Cansei de Ser Sexy, a montagem do filme é bem feita, assim como a fotografia e edição de arte, ou seja, tecnicamente correto.


“Vips” dirigido por Toniko Melo, porém, não consegue prender pela falta de tensão que o filme exige em certos momentos, como o clímax da obra que chega a ser cômico de tão inverossímil. Para “salvar a pele” do diretor, Wagner Moura apresenta uma boa atuação. Nada que chegue aos pés do Cap. Nascimento, mas ainda assim competente. Os aspectos técnicos são tão competentes quanto os de “Bruna Surfistinha”.

Porém, tanto “Bruna Surfistinha” quanto “Vips” são obras que não tem o menor interesse nos fazer conhecer verdadeiramente seus protagonistas. Assim como na publicidade que exige uma rapidez para condensar tudo em comerciais de 30 segundos e na qual a aparência é mais importante que o conteúdo em si do produto anunciado, Baldini e Melo não se mostram curiosos sobre o que realmente aconteceu com Raquel Pacheco e Marcelo da Rocha, respectivamente, quando resolveram tomaram suas polêmicas decisões.
Quando ambos os filmes procuram entrar na mente de seus protagonistas, eles se mostram frágeis e sem a capacidade de aprofundamento da história. A sensação que tive era que tanto “Vips” quanto “Bruna Surfistinha” tinham apenas interesse em mostrar o que o público queria ver: o primeiro eram os golpes e o segundo as cenas de sexo.
Seria isso um crime?
Claro que não! 

A escolha, porém, torna os dois filmes apenas competentes e com capacidade de atrair um grande público, ainda que esquecíveis ao se virar a esquina ou ir na lanchonete.


Bruna Surfistinha - NOTA: 7,0
Vips - NOTA: 6,0

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