segunda-feira, 11 de abril de 2011

Disque Butterfield 8 – O filme que deu o primeiro Oscar à Elizabeth Taylor

Por Jéssica Santos

Liz Taylor nos deixou há três semanas e uma boa forma de homenageá-la é escrever aqui, sobre um de seus grandes filmes. “Ela parece gata no cio. Atrai todos os gatos da cidade!”, diz um de seus admiradores em Butterfield 8 (1960). Trata-se de um drama, baseado na obra de John O’Hara, que conta a história de uma garota de programa, Gloria Wandrous (Taylor), que se apaixona por um homem casado, Weston Liggett (Laurence Harvey). Ele tem uma esposa (Dina Merrill) compreensiva e sofredora, enquanto Gloria tem um amigo que realmente se importa com ela, Steve Carpenter (Eddie Fisher). A história de Gloria é envolvida num complicado ninho de emoções, e ela precisa saber lidar com os sentimentos que tem pelos outros e por si mesma para conseguir ser feliz.

Liz, a princípio, não queria fazer o filme. Na época, ela tinha acabado de se casar com Eddie Fisher e estava com uma imagem ruim na mídia, por ter sido considerada pivô da separação de Eddie e Debbie Reynolds, amiga de Liz. E a ideia de fazer o papel de uma mulher promíscua não lhe soava nada bem naquele momento. Mas a MGM não lhe deu escolha, visto que ela precisava cumprir seu contrato.

Normalmente, a MGM não teria tocado no romance de O’Hara. Mas como a imagem de Liz estava manchada pela sua história com Fisher; e o enredo do romance, com uma mulher apaixonada por um homem casado, remetia à história da vida real dela, a produtora viu que o filme seria lucrativo. Para completar, colocaram Fisher em um papel de apoio do elenco, e puseram uma sósia de Reynolds (Susan Oliver) para fazer o papel de sua namorada que se sente ameaçada por Gloria, muito próxima de Steve (Eddie Fisher).
Qualquer atriz no seu lugar faria o papel tentando apenas disfarçar seu ódio na tela, mas Liz interpretou Gloria ricamente, e atinge seu auge no momento em que sua personagem revela que foi seduzida por um vizinho, quando tinha 13 anos. Ela emociona, toca o telespectador e domina a tela. Além de uma beleza estonteante, Taylor tinha um talento impressionante, que só cresceu durante sua carreira.

O filme, por sua vez, impressiona pela forma como aborda a vida da personagem principal, Glória. Primeiramente ele nos situa em sua realidade: ela acorda com o som da porta batendo, engole uma bebida para começar o dia, despreza o dinheiro deixado por um admirador, deixa uma mensagem escrita em batom no espelho “não estou à venda”, acessa seu serviço de mensagens e se envolve em um casaco de peles que encontra no armário.

Ela é uma mulher que busca a felicidade, o amor e o amorpróprio. Mas ela não é a única com problemas, na história. Seu amante, Weston Ligget, não é feliz, tem obsessão pela conquista para se autoafirmar, ou seja, não conhece seus sentimentos, nem sabe se os tem. Sua mulher (Dina Merrill) vive de aparências, aceita tudo que o marido faz, pois acredita que um dia ele cairá em si. Já o amigo de Glória, Steve Carpenter, faz de tudo por ela, dando menos atenção a quem lhe ama de verdade. A verdade é que todos os personagens precisam de amor-próprio.

Em certo ponto do filme, Gloria, Weston e Steve tentam mudar, acabar com seus problemas. Mas, como acontece na vida, não é tão simples assim.

Os personagens são tão complicados que daria para escrever páginas sobre eles, mas
assistam e tirem suas próprias conclusões. 


Vale a pena!

Um comentário:

  1. Quem quiser assistir a esse filme, ele será exibido na quarta-feira, 12, no Cine & Vídeo Tarumã - UFAM, 12h30. :)

    ResponderExcluir