Diretor-Geral do SET UFAM
2010 foi o ano de consolidação do cinema amazonense.
Fatos não faltam para afirmar tal cenário:
1) a volta das produções locais ao cenário dos principais festivais de cinema do país, como aconteceu em Brasília quando "Cachoeira", de Sérgio Andrade, venceu em duas categorias;
2) o surgimento de novos cineastas como os talentosos Daniel Luiz Batista e Janssem Cardoso, diretores de "E Agora o Que Nois Ramû Comê?" e "O Conto da Rosa", respectivamente. Ambos trouxeram novos caminhos a serem explorados pelo cinema local;
3) a afirmação mais do que merecida de Zeudi Souza após a vitória de "Perdido", filme mais bem produzido no Estado em 2010, na categoria do júri de melhor curta-metragem local do Amazonas Film Festival;
4) a garra de Bosco Leão ao realizar "O Rock que o Brasil não Viu", documentário de 76 minutos sobre o cenário roqueiro de Manaus, é impressionante e digna de aplausos;
5) o Coletivo Difusão apostou na videodança e fez belos vídeos experimentais como "Contra-Fluxo", de Valdemir de Oliveira e "Algoritmo", de Michelle Andrews;
6) Júnior Rodrigues realizou o melhor curta de sua carreira, "Uainá - Lágrimas de Veneno".
Além disso, os cineclubismo vai ganhando espaço na cidade, com os cineclubes "Tudo Muda Após o Play", do Coletivo Difusão, "Cine Vídeo Tarumã", da UFAM e o "Baré".
O Amazonas Film Festival, apesar de ter trazido menos famosos se comparado as edições anteriores, ofereceu maior destaque aos cineastas locais, além de uma programação acadêmica interessante e vasta. Destaque também para o Curta 4.6 e a "5ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul”
A vinda do crítico de cinema e editor do site "Cinema em Cena", Pablo Villaça, foi marcante e mostrou o quanto já passou da hora de Manaus ter cursos especializados na sétima arte. A sala cheia de gente é uma boa prova disso.
Porém, nem tudo foram flores: a polêmica envolvendo a antiga chefia da Associação de Cinema e Vídeo do Amazonas, com acusações ao cineasta e ex-diretor da ACVA, Júnior Rodrigues, de ter se utilizado do órgão para realizar projetos pessoais e utilizar a conta bancária da instituição são graves e merecem esclarecimentos.
A ausência da Mostra Amazônica do Filme Etnográfico em 2010 foi sentida, após três edições bem-sucedidas.
Manaus ainda sofreu com as salas de exibição dos principais shoppings da cidade.
Além dos recorrentes atrasos e não vinda de excelentes filmes ("O Segredo dos Seus Olhos", "A Fita Branca", "Educação", "Um Homem Sério", "Scoot Pilgrim Contra O Mundo", "Minhas Mães e Meu Pai" são alguns dos exemplos), sofremos com o preço dos ingressos (cada vez mais caros), falta de qualidade nas exibições (legendas fora da tela, filme desfocado, luzes ligadas durante boa parte da projeção), mau atendimento, salas e cadeiras sujas...
O anúncio da chegada de rede de cinema mexicana "Cinepólis" com 12 salas no Shopping Ponta Negra em 2012 não deve mudar muito o panorama das coisas.
Expectativas para 2011:
- o primeiro longa-metragem do Amazonas depois de 40 anos vai sair do papel com o novo filme de Sérgio Andrade: "A Floresta de Jonathan";
- Keila Serruya promete com o documentário sobre a Banda da Bica;
- o Coletivo Difusão realiza a 1a Mostra Internacional de Videodança na Amazônia em março no ICBEU com o apoio do Programa Petrobras Cultural;
- Zeudi Souza termina este ano o curta-metragem sobre a história do estádio Vivaldo Lima;
- Júnior Rodrigues promove a décima edição do Festival "UM Amazonas";
- interiorização do cinema com festivais em Itacoatiara, Codajás, Manacapuru, Parintins e outras cidades do Amazonas são esperados;
- torcer pelo sucesso e cobrar resultados da nova diretoria da ACVA, formada por Michelle Marques e Isis Negreiros;
- a Mostra Amazônica do Filme Etnográfico volta neste ano;
- primeira turma formada com especialização em Cinema da Uninorte;
- hora de cobrar a promessa realizada pelo governador Omar Aziz na noite de encerramento do 7º Amazonas Film Festival de que UEA teria curso de cinema neste ano!
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