Por Renildo Rodrigues
Quando o Academy Award surgiu, em 1929, o cinema já era um passatempo querido em todo o mundo. Nada mais natural, portanto, que outros países quisessem fazer seus filmes. Itália, França, Alemanha e Japão se saíram bem, conseguindo criar um público leal e ter suas próprias estrelas. No Brasil, Mário Peixoto, Humberto Mauro e outros (poucos) pioneiros bem que tentaram.
Quando o Academy Award surgiu, em 1929, o cinema já era um passatempo querido em todo o mundo. Nada mais natural, portanto, que outros países quisessem fazer seus filmes. Itália, França, Alemanha e Japão se saíram bem, conseguindo criar um público leal e ter suas próprias estrelas. No Brasil, Mário Peixoto, Humberto Mauro e outros (poucos) pioneiros bem que tentaram.
Em grande parte, porém, o cinema feito fora de Hollywood ainda era visto com estranheza – algo assim como grupo aquele grupo japonês de pagode que apareceu no Fantástico. Com o predomínio da produção americana, não havia, para a maioria dos espectadores, nada além do que lançavam os grandes estúdios (MGM, Universal, Fox e outros). Não mais do que alguns sortudos, como Cantinflas, conseguiram furar esse bloqueio.
Essa situação durou até meados da Segunda Guerra Mundial. Estimuladas por políticas de incentivos comerciais e culturais dos Estados Unidos, indústrias incipientes, como as do Brasil e do México, conheceram seu melhor momento. Outras, já tradicionais, sofreram reveses, mas deram um salto após o conflito. É o caso de Itália, França e Japão. O período marcou a descoberta, pela Academia, de talentos como Fellini, Bergman, Kurosawa e Truffaut, entre outros, que promoviam mudanças importantes na arte cinematográfica. Em 1947, pela primeira vez, a Academia dá um prêmio a um filme estrangeiro: a honra coube a Vítimas da Tormenta, do italiano Vittorio De Sica. Mais produções são premiadas pelos anos seguintes, até que, em 1956, é criada a categoria de Melhor Filme Estrangeiro.
(Nota: o primeiro vencedor foi A Estrada da Vida, de Federico Fellini)
De lá pra cá, houve consagrações, injustiças, surpresas e equívocos aos montes (como, de resto, é praxe na cerimônia). O tempo mostra, contudo, que Hollywood e o público ganharam com a mudança. Logo apareceriam obras marcantes como Ladrões de Bicicleta, Rashomon e O Sétimo Selo, cuja influência sobre o cinema americano desaguaria em O Poderoso Chefão, Chinatown, Operação França e Noivo Neurótico, Noiva Nervosa, entre muitos outros.
No ranking da premiação, Fellini sai na frente: quatro estatuetas, por A Estrada..., Noites de Cabíria, 8 e ½ e Amarcord. Se contarmos os prêmios especiais, antes da criação da categoria, seu colega De Sica empataria: além de Vítimas..., temos, ainda, Ladrões de Bicicleta, Ontem, Hoje e Amanhã e O Jardim dos Finzi-Contini. Bergman vem com três: A Fonte da Donzela, Através de um Espelho e Fanny & Alexander. Kurosawa, dois: Rashomon e Dersu Uzala (na verdade, apenas o segundo, se valer a regra da premiação “oficial”).
O Brasil já teve quatro indicados: O Pagador de Promessas (em 1962), O Quatrilho (1995), O Que é Isso, Companheiro? (1997) e Central do Brasil (1998), mas ainda não levou o prêmio. Chegamos perto quando Orfeu Negro, do francês Marcel Camus, uma versão bastante estilizada (e boba) da peça homônima de Vinicius de Morais, ambientada no Rio de Janeiro, foi o vencedor em 1959.
Nosso candidato mais recente, Lula – O Filho do Brasil (2010), não agradou à Academia e está fora da disputa.
Confira os indicados a Melhor Filme Estrangeiro deste ano:
– Biutiful
(México/ Alejandro Iñarritú)
– Biutiful
(México/ Alejandro Iñarritú)
– Fora-da-Lei
(Algéria/ Rachid Bouchareb)
– Dente Canino
(Grécia/ Yorgos Lantinos)
(Grécia/ Yorgos Lantinos)
– Incendies
(Canadá/ Denis Villeneuve)
– Em um Mundo Melhor
(Dinamarca/ Susanne Bier)
Um abraço, e até a próxima coluna!
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