Por Caio Pimenta
Oito horas depois de uma única trama, “A Saga Crepúsculo”
finalmente conseguiu criar outra história e caminho narrativo. Com isso, “Amanhecer
– Parte 2” se torna, de longe, o melhor filme da série, mesmo que isso não
signifique grandes coisas.
Dirigido por Bill Condon (“Amanhecer - Parte 1”), a obra
mostra Bella Swan (Kristen Stewart) após se transformar em vampira, conhecendo
as novas habilidades e cuidando da filha recém-nascida, Renesmee (Mackienzie
Foy). Porém, essa paz está prestes a acabar com a ameaça trazida pelos
Volturis, liderados por Aro (Michael Sheen), o qual encontra no risco de uma
Criança Imortal trazida pela filha Bella e Edward (Robert Pattinson) uma
oportunidade de ver seu poder crescer entre os vampiros. Com isso, os lobos,
guiados por Jacob (Taylor Lautner), e os sanguessugas se unirão para proteger o
clã dos Cullen.
Este último filme se beneficia da ausência de dois elementos
insuportáveis presentes desde o primeiro ao quarto capítulo da história: o mote
do amor impossível entre Bella e Edward, construído na base dos pedidos dela de
se tornar vampira e nas recusas dele do fato se concretizar, levando a garota
uma série de ações suicidas, e do bizarro triângulo amoroso que incluía Jacob
na parada, capaz de criar cenas absurdas, como, por exemplo, o beijo na boca que
o lobo dá na protagonista na frente do vampiro ou então na entrega do presente
de casamento de “Amanhecer – Parte 1”. Sem isso, a trama se mostra menos presa
e com maior possibilidade de explorar personagens e situações do universo
(pobre, diga-se de passagem) criado pela escritora Sthepanhie Mayer.
A obra, desta vez, ganha em agilidade e abre possibilidades
para que seus protagonistas e coadjuvantes ganhem espaço maior. Stewart se
mostra mais à vontade com uma Bella mais viva (perdão do trocadilho, mas não
deu para evitar) em vez daquela garotinha frágil dos filmes anteriores. Aqui, ela
cresce e é interessante que, apesar do pouco tempo em cena juntas da personagem
com a filha, o roteiro e a atriz conseguem transmitir bem esse carinho e
preocupação de Bella, ressaltados na bela cena em que esta percebe que o futuro
de Renesmee pode ser longe dela.
Pattinson se mostra menos apático, usando a veia irônica do personagem (até então pouco explorada) como ponto a seu favor, transformando Edward em uma pessoa com algum tipo de personalidade, ao contrário dos outros longas.
Já Lautner não tem a mesma sorte dos outros protagonistas, tendo que ficar atrás de uma criança o tempo todo porque ela é a mulher da vida dele (me desculpem as fãs, mas ‘imprinting’ é uma pedofilia enrustida).
Pattinson se mostra menos apático, usando a veia irônica do personagem (até então pouco explorada) como ponto a seu favor, transformando Edward em uma pessoa com algum tipo de personalidade, ao contrário dos outros longas.
Já Lautner não tem a mesma sorte dos outros protagonistas, tendo que ficar atrás de uma criança o tempo todo porque ela é a mulher da vida dele (me desculpem as fãs, mas ‘imprinting’ é uma pedofilia enrustida).
Os outros vampiros que surgem para ajudar os Cullen são
daquelas bizarrices típicas da série. Explorando clichês (os irlandeses
beberrões, os indígenas da Amazônia), a trama os trata como seres com
superpoderes, o que poderia fazê-los se transformar em novos “Vingadores” ou “X-Men”,
como bem lembrou Pablo Villaça em sua crítica do filme. Porém, para quem já
mostrou os sanguessugas circulando sob a luz do sol a todo momento, é até
coerente por parte da história colocar esses sujeitos.
Quem rouba a cena, porém, é Michael Sheen. Percebendo que
não está em nenhum grande filme e sim em “Crepúsculo”, o ator resolve se
divertir e transformar o vilão em um sujeito caricato e exagerado, mesmo sem
deixar de ser temível, afinal de contas, veja o que ele faz com um personagem
querido do público no clímax do filme. Nessa mistura, cria a única figura digna
de recordação de toda saga.
O grande momento do filme, a cena de batalha entre os Cullen
e os Volturi, surpreende por ser uma ótima sequência, algo que nenhum outro
momento de ação da série conseguiu chegar perto. Bem ambientada, transmite a
tensão daquele momento através de efeitos especiais bem inseridos (fato também
raro na saga) e não poupar personagens importantes de destinos trágicos. É
verdade que o anticlímax deixado no final decepciona um pouco pela falta de
coragem dos realizadores em não apostar na maior densidade que poderia ter
alcançado com os efeitos daquele momento, porém, não chega a arruinar tudo,
pois usa a ironia de Sheen para compensar suas falhas.
Deixando claro que a história não deve parar em “Amanhecer –
Parte 2”, vide a gama de possibilidades que a trama permite para as futuras
continuações ao encerrar este filme, a “Saga Crepúsculo” termina (oficialmente)
longe de chegar a séries que nem chegam a ser clássicas como “Matrix” ou “Harry
Porter” (falar de “O Senhor dos Aneis” e “O Poderoso Chefão” é covardia).
Incapaz de criar bons personagens e uma mitologia condizente
com um universo que serviu apenas para desvirtuar a imagem dos vampiros no
inconsciente popular, além de possuir tramas tolas e arrastadas, apostando no “samba
de uma nota só”, “Crepúsculo” entra para a história do cinema como símbolo do
modismo de uma época, esquecível após algumas semanas fora de cartaz.
NOTA: 7,0
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