segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Crítica - INVICTUS

A partir de agora, sempre que possível, você verá aqui críticas sobre os lançamentos nos cinemas de Manaus.
Peço que nessas primeiras críticas vocês sejam legais e deem um crédito, afinal de contas, o aprimoramento dos textos veem com o tempo.
Mas, fiquem a vontade, para discordarem ou concordarem do que for escrito aqui. Ou mesmo, para não fazerem comentário nenhum.
Agora a crítica de Invictus, de Clint Eastwood:
Clint Eastwood consegue a cada filme mostrar o quanto se faz necessário para o cinema americano. Nos últimos anos, ele vem realizando obras marcantes: Sobre Meninos e Lobos, A Troca, Cartas de Iwo Jima, Gran Torino e o seu clássico, Menina de Ouro.

Em todos eles, percebe-se um diretor cada vez mais seguro, capaz de arrancar as melhores atuações de seus atores, abordar assuntos espinhosos com sensibilidade e inteligência, não se permitindo cair em sentimentalismo baratos ou em uma banal luta entre o bem e o mal,tão comuns ao cinema feito em Hollywood.

Invictus, novo filme de Eastwood, continua na mesma linha dos filmes citados acima. O longa mostra a luta de Nelson Mandela para unir negros e brancos na África do Sul após o fim do apartheid social naquele país. Para isso, Mandela aposta no rúgbi, esporte popular do país, como uma forma promover a aproximação entre as duas partes.

A escalação de Morgan Freeman para interpretar Mandela pode até ser bastante óbvia, mas é difícil imaginar outro ator para interpretar o líder africano. Um dos maiores e mais carismáticos atores hollywoodianos, Freeman usa toda sua experiência para compor o personagem: desde o tom de voz até pequenos gestos durante a comemoração de uma vitória do time de rúgbi, o astro de Um Sonho de Liberdade transmite a grandeza e inteligência que o papel requer.

Já Matt Damon pouco pode fazer, pois seu personagem, além de não ter tanto carisma, transmite muita insegurança para alguém que deve ser o líder de uma equipe vencedora, adotando discursos batidos para apoiar seus companheiros.


O ponto forte de Invictus está em momentos que poderiam ser considerados banais, mas que transmitem toda uma complexidade ao filme: a cena em que os atletas vão até a favela ensinar técnicas do rúgbi para garotos do local serve para mostrar o quanto o esporte pode melhorar a vida de um povo e unir “inimigos”; outra cena interessante é quando François Piennar (Damon) cumprimenta a secretária do presidente em um dialeto usado somente pela população branca da África do Sul, tudo isso na frente de Mandela. Mas nada se compara a relação entre os seguranças da guarda presidencial: formada por brancos e negros que um dia já foram inimigos, cada conversa é uma forma deles se “alfinetarem”, o olhar de ódio dos negros e de desprezo dos brancos é uma amostra de quanto rancor e mágoa aquelas pessoas guardam de todo o tempo de injustiça pela qual a África do Sul foi assolada.

Invictus é um filme simples, mas que consegue nos conduzir para dentro de sua história de tal forma que mal percebemos os 134 minutos de duração da fita.

Assim é o cinema de Clint Eastwood: discreto, envolvente, lúcido, inteligente.

Em uma época que Martin Scorsese, Steven Spielberg, Francis Ford Coppola e outros diretores da velha guarda do cinema americano parecem não estarem dispostos a ousar,entregando bons trabalhos nada memoráveis, Clint, a cada filme, produz obras interessantes, capazes de ficar em nossas cabeças por um bom tempo.

NOTA:9,0


Por Caio Pimenta
Diretor-Geral do SET UFAM

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