sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Estreias da Semana nos Cinemas de Manaus - 28 de Setembro


Filme: Looper - O Assassino do Futuro
Direção: Rian Johnson
Elenco: Bruce Willis, Joseph Gordon-Levitt, Emily Blunt, Jeff Daniels
Sinopse: Em um futuro não muito distante, as viagens no tempo existem, mas não são permitidas. Entretanto, um grupo de assassinos da máfia, os chamados Loopers, a utilizam para encobrir vestígios de seus assassinatos, enviando as vítimas de volta ao passado. Um desses assassinos, Joe (Joseph Gordon-Levitt), recebe a visita de sua versão no futuro (Bruce Willis) e terá de lutar contra si mesmo para tentar sobreviver.
ONDE: Cinemark, Cinemais, Playarte e Severiano Ribeiro

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Crítica: 'Ted', de Seth Macfarlane

Por Diego Bauer


Family Guy, que aqui recebeu o nome, digamos, infame, de Uma Família da Pesada é uma série de sucesso na televisão norte-americana desde 1999, e que também possui muitos fãs no Brasil. Criada por Seth Macfarlane, o seriado é caracterizado pelo humor que mistura o escracho com críticas sobre a sociedade americana, utilizando-se do sarcasmo e da acidez.

Em Ted, Macfarlane trouxe todos esses elementos para a telona, e foi realmente muito bem-sucedido.

O filme conta a história de John (Mark Wahlberg), um homem que quando menino não era um exemplo de popularidade, visto que até os garotos que sofriam bullying não permitiam que ele fizesse parte de seu grupo. Em um natal, ele recebe um urso de presente, Ted (voz de Seth Macfarlane), e decide que ele será o seu melhor amigo. Com isso, John deseja que o seu ursinho ganhe vida para que eles sejam amigos para sempre. O seu desejo acaba sendo realizado, e juntos eles se tornam inseparáveis. Vinte e sete anos depois, John está namorando Lori (Mila Kunis) há 4 anos, e ela espera que ele a peça em casamento, porém sempre se decepciona com o namorado, por ele aparentar imaturidade em alguns aspectos da vida, principalmente pelo seu relacionamento com Ted, que sempre parece impedir que ele se torne um adulto responsável.

Como Macfarlane está mais do que habituado em trabalhar nessa vertente, o seu debute no cinema mostra-se seguro e confiante, além de criativo, quando insere efeitos visuais e trilha sonora em determinadas cenas fazendo referências a outros estilos, como no momento em que John está indo para uma festa em alta velocidade para encontrar um ídolo.

E a direção é muito favorecida pelo roteiro escrito pelo próprio Macfarlane, Alec Sulkin e Wellesley Wild, que não tem nenhum tipo de pudor em inserir piadas relacionadas à maconha, homossexualismo e humor negro. Criando situações absurdas, com diálogos ácidos, com muitas referências à cultura pop, os roteiristas são competentes em fazer com que todos os excessos estejam completamente dentro de contexto, sendo justificáveis por fazerem parte das características dos personagens, que se mostram bem desenvolvidos.

(Não pretendo me alongar muito, mas é quase assustador ver o misto de ingenuidade e imbecilidade do deputado Protógenes Queiroz, do PC do B de São Paulo, ao tentar fazer com que o filme deixe de ser exibido, afirmando que ele faz apologia às drogas e promove que ser vagabundo e fumar maconha é algo bom. Por que que em vez de gastar tempo com isso, o ilustre deputado não tenta criar projetos que auxiliem na educação das pessoas, para criar um público esclarecido que tenha capacidade de ver que aquilo se trata apenas de um filme, e que seja capaz de estabelecer uma opinião própria, sem que nenhum deputado simpatizante da censura venha e decida o que é, e o que não é bom que as pessoas vejam? Talvez esse público esclarecido também tivesse mais competência na hora de escolher os seus representantes na Câmara).

E o mérito de Macfarlane não para por aí, pois o seu trabalho compondo a voz de Ted é sensacional. O ursinho é, de longe, a melhor coisa do filme, responsável pelas melhores piadas, e a composição de sua voz tem papel importante nisso. É incrível perceber como que aquela voz adulta e masculinizada casa perfeitamente com um urso de pelúcia “fofinho”. Os momentos de destaque são os que Ted conversa com o seu chefe depois de aprontar alguma, e a festa em que ele recebe um convidado especial.

Wahlberg também se sai bem, e se mostra confortável no papel de um eterno adolescente, que busca mudar de comportamento para não perder a namorada. E embora Ted seja o maior destaque cômico do filme, Wahlberg também se mostra engraçado, como na cena que tenta adivinhar o nome da namorada de Ted, e também no momento já memorável de uma briga entre os dois, que quase rivaliza com a clássica cena de Borat (2007).

Sem dúvida, um deslize do filme consiste no direcionamento do roteiro para Lori. Embora seja totalmente plausível o aborrecimento dela em relação a Ted, e as atitudes que ela toma em relação a John, é quase impossível não colocá-la numa posição de megera, pois a sua personagem parece atrapalhar os momentos de felicidade entre John e Ted. E se pararmos para analisar, John parece mais feliz quando está com Ted do que com Lori.

Na parte do final do filme, a comédia fica até em segundo plano, dando espaço para um suspense, graças a um conflito do personagem de Giovanni Ribisi e o seu filho (que poderia facilmente ser uma das crianças da creche de Toy Story 3). Não há problema algum em um filme mudar de estilo no decorrer da sua narrativa, porém surgem uns elementos muito clichês, típicos de finais de comédias românticas ruins, que chegam a incomodar.

Mas como rimos tanto nas últimas horas, esses erros acabam sendo esquecidos, e nos rendemos ao surpreendente charme de Ted, que garante gargalhadas, como a que encerra o filme.

NOTA: 7,5

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Crítica: 'Sete Dias com Marilyn', com Michelle Williams

Por Renildo Júnior


Tentar explicar Marilyn Monroe (1926-1962) é uma tarefa ingrata.

Se, em vida, a atriz já era uma lenda, depois da morte ela ganhou as dimensões de um culto. A beleza icônica, a vida tumultuada, os filmes e ensaios antológicos que protagonizou, tudo isso alimenta um fascínio que só parece aumentar com o passar do tempo; afinal, em 2012, completaram-se 50 anos da sua morte.

E é só por essa admiração que um filme como Sete Dias com Marilyn se justifica. Partindo das memórias do escritor inglês Colin Clark, assistente de direção de Laurence Olivier no filme O Príncipe e a Corista (1957), de seu alegado envolvimento com a atriz, o filme quer mesmo é tirar o seu quinhão do ícone. Se ficasse apenas nisso, seria só mais um filme medíocre. Mas Sete Dias... tem o desempenho soberbo de Michelle Williams no papel-título, confirmando, mais uma vez, a sua posição entre as melhores atrizes da atualidade.

Marilyn (Williams) chega à Inglaterra para rodar O Príncipe..., onde terá de contracenar com Olivier (Kenneth Branagh, ótimo como sempre), decano do teatro inglês que busca, na associação com a jovem estrela, superar a má fase vivida nas telas. A atriz, porém, é instável e imprevisível, exasperando o velho ator com seus arroubos no set. Clark (o mediano Eddie Redmayne), um garoto com ambições de trabalhar no cinema, consegue atrair a simpatia da atriz, sendo incumbido de vigiá-la para que ela consiga dar conta de seus compromissos. Claro, não se vigia Marilyn impunemente, e Colin logo se apaixona.

Toda a história de Clark, incluindo seu breve romance com a figurinista Lucy (Emma Watson), as aparições de Arthur Miller (Dougray Scott), Vivien Leigh (Julia Ormond) e Sybil Thorndike (Judi Dench, no piloto automático) são enfeite: o filme é de Williams e Branagh. A personalidade complicada de Marilyn, sua constante necessidade de afirmação, o choque do divórcio de Miller, aparecem de forma vívida na interpretação de Williams. Mas há mais: entrevemos o mundo interior da atriz – suas dúvidas, anseios, a relação conflituosa com a fama.

Com a força da caracterização de Michelle, tanto faz se ela se parece muito ou pouco com Marilyn: como o Nixon de Frank Langella emFrost_Nixon, não há dúvida: é Marilyn que vemos no filme. Branagh, como Olivier, também comunica bem mais do que a história engessada permite – mas o veterano ator não faz mais do que exercitar seu talento.

Na parte técnica, Sete Dias com Marilyn é impecável. A direção de arte recria muito bem o período retratado (os sets e figurinos usados na filmagem de O Príncipe... são particularmente espantosos); a montagem é enxuta; o roteiro, sem riscos.

De tão “certo”, o filme não faz mais do que oferecer um retrato simplório da estrela, apropriação cuidadosa de um episódio na biografia de Marilyn, ao qual apenas a atuação extraordinária de Michelle é capaz de insuflar emoção genuína. A Academia de Hollywood percebeu isso, indicando apenas a atriz e seu parceiro Branagh ao Oscar.

Nota: 7,5

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

O começo de uma longa história - A Estreia de 'A Segunda Balada'

Por Diego Bauer


Fazer cinema no Brasil é algo realmente difícil, diria que quase heróico. Imagina fazer cinema no Amazonas...

Faço parte de um grupo de amigos (que hoje se tornou uma empresa, a Artrupe Produções) que possui grande respeito e admiração pela arte cinematográfica. É claro que quando nos conhecemos tínhamos uma visão completamente diferente sobre cinema comparada com a que temos agora, mas desde sempre a sétima arte se mostrava como algo maravilhoso de assistir, e pensávamos em como seria legal ser um grande diretor, ator, com muito dinheiro, Oscars e amigos famosos.

Com o passar do tempo, acabamos nos tornando mais seletivos, conseguimos ter uma visão mais clara sobre a abissal diferença entre um clássico e os filmes bobinhos que enchem as salas de cinema, e buscamos nos especializar cada vez mais, participando de cursos sobre linguagem cinematográfica, além de ir atrás de métodos de interpretação.

Depois disso, fazer filmes não parecia mais ser uma ideia muito distante, e decidimos meter a cara e começar a produzir um.

Em 2011, após assistir, em um curto intervalo de tempo, Cães de Aluguel Pulp Fiction, escrevi um roteiro com características de submundo, periferia, crimes, e sujeira de modo geral. Foi então que Fátima surgiu em nossas vidas.

Com todos os exageros e maneirismos pueris, típicos de um roteirista iniciante, Fátima se apresentava como um filme sobre filmes, que queria ser divertido, mas sofisticado, com movimentos de câmeras e planos-sequência que foram pensados por, mais do que qualquer outra coisa, serem interessantes de se ver.

Afetações a parte, acredito que Fátima era um trabalho interessante e de boas qualidades, principalmente em relação ao elenco, que contou com ótimas atuações dos sempre talentosos Efrain Mourão, Antônio Carlos Jr. e Elis Marinheiro. Porém, infelizmente não é disso que lembramos assim que o filme acaba. O que fica mais forte na memória são os graves problemas de áudio, que comprometem a compreensão de algumas ideias fundamentais para a compreensão do filme, além dos problemas de iluminação ocasionados pelos equipamentos inadequados, além da nossa falta de perícia em operá-los.

Passamos noites sem dormir (as gravações ocorreram de madrugada), tivemos um trabalho infernal para tentar realizar o filme, o inscrevemos no Amazonas Film Festival do ano passado, e... não fomos selecionados.

É claro que ficamos frustrados, mas com o tempo, percebemos que Fátima acabou se tornando a nossa maior escola, talvez o momento em que mais aprendemos sobre como é realmente fazer um filme, e descobrimos o quanto fantasiávamos sobre o assunto, e que estávamos errados sobre uma série de verdades que alimentávamos.

Passou um tempo, criamos a Artrupe, e o Rafael Ramos apareceu com o esboço de um roteiro, chamado Antes. Depois de algumas discussões, o nome acabou sendo mudado para A Segunda Balada. Fui escolhido para um dos papeis, juntamente com o Efrain Mourão, novamente conosco, e a atriz de um dos grupos de teatro mais interessantes de Manaus, a Cia Cacos de Teatro, Ana Paula Costa.

Dessa vez, não queríamos fazer um filme por fazer. Na época de Fátima, o mais importante de tudo era praticar, mas aqui não mais: queríamos dar sequência, caminhar nesse aprendizado. Portanto, decidimos que A Segunda Balada seria um filme possível de ser realizado. Não faríamos loucuras, nem criaríamos cenas que não teríamos condições de fazer.

Graças a isso, acredito que fizemos um filme simples, é verdade, mas muito bem trabalhado, com uma atenção especial aos detalhes, realizando um longo período de preparação com os atores e priorizando a parte técnica, lição que aprendemos com o filme anterior.

Depois do filme pronto, e de um longo trabalho de divulgação, finalmente chega a sua estreia. Para a nossa grande alegria, conseguimos encher o Espaço Thiago de Mello, e não apenas com os nossos amigos, mas com gente que nunca tinha visto antes, que parecia curiosa e ansiosa para ver o filme. Que tinha saído de casa, num sábado à noite, para ver um filme amazonense, um filme feito por uns garotos amantes de cinema. O nosso filme!

Confesso que fica difícil deixar de enlarguecer o sorriso, quando pensamos nisso, e vemos que, pelo menos aparentemente, as pessoas ficaram satisfeitas com o que viram, com comentários elogiosos, e sem a linha do “pra um filme amazonense, até que é bom”.

Esperamos que A Segunda Balada ainda esteja no início de uma grande carreira. Torcemos para que ela passe em vários festivais pelo Brasil, e que o maior número possível de pessoas tenha a oportunidade de assisti-lo. Acredito que isso é uma prova de que tem gente que quer fazer cinema de qualidade por aqui, que acredita que isso é possível, e quer fazer com que outras pessoas também acreditem nisso.

E mesmo que o nosso filme não passe em grandes festivais, ainda assim o saldo seria imensamente positivo, pois o nosso processo de crescimento só está começando, e esse é apenas o segundo, de muitos que virão por aí.

E acredito que o que aconteceu na noite do dia 22 de setembro é uma prova de que estamos no caminho certo, e que o nosso sonho não parece mais tão distante assim.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Estreias da Semana nos Cinemas de Manaus - 21 de Setembro


Filme: Ted
Direção: Seth MacFarlane
Elenco: Mila Kunis, Mark Wahlberg, Giovanni Ribisi
Sinopse: Em um Natal, o ursinho de pelúcia de John Bennett (Mark Wahlberg) ganha vida. Os dois crescem juntos e, já adulto, ele deve escolher entre ficar com sua namorada Lori Collins (Mila Kunis) ou manter sua amizade com o urso Ted (Seth MacFarlane).
ONDE: Cinemark e Cinemais

Filme: Dredd
Direção: Pete Travis
Elenco: Lena Headey, Karl Urban, Olivia Thirlby
Sinopse: Na cidade violenta e futurista de Mega City One, a 120 anos no futuro, a polícia tem autoridade para agir como juiz, júri e carrasco. O juiz Dredd (Karl Urban), o mais temível deles, recebe uma missão: fazer um teste com uma juíza novata, a poderosa médium sensitiva Cassandra Anderson (Olivia Thirlby). No que seria apenas um dia de treinamento, os juízes aparentemente seguem para uma cena rotineira de crime, num cortiço conhecido como Peach Trees, administrada pelo clã da Ma-Ma. Quando eles tentam prender um dos capangas da organização criminosa, ela manda fechar o prédio de 200 andares e sai na captura dos juízes, que agora se encontram encurralados, numa luta implacável pela sobrevivência.
ONDE: Cinemark e Playarte

Filme: Poder Paranormal
Direção: Rodrigo Cortés
Elenco: Robert De Niro, Cillian Murphy, Elizabeth Olsen, Sigourney Weaver
Sinopse: Margaret Matheson (Sigourney Weaver) é uma psicóloga especializada no sobrenatural, que estuda os mais diferentes fenômenos metafísicos. Com seu ajudante Tom Buckley (Cillian Muprhy), ela tenta provar a origem fraudulenta dos fenômenos, até que Simon Silver (Robert De Niro), lendário vidente cego, reaparece 30 anos depois de uma ausência enigmática, tornando-se o maior desafio para a ciência e para os céticos profissionais.
ONDE: Cinemark, Cinemais e Playarte

Filme: Tinker Bell e o Segredo das Fadas
Direção: Ryan Rowe
Elenco: Timothy Dalton, Megan Hilty, Anjelica Huston, Matt Lanter
Sinopse: Tinker Bell (Mae Whitman), Periwinkle (Lucy Hale) e seus amigos se aventuram no mundo mágico e proibido do Misterioso Bosque do Inverno, no qual a curiosidade os levam a uma maravilhosa descoberta que irá mudar suas vidas para sempre e unirá, finalmente, o Refúgio das Fadas.
ONDE: Cinemark, Cinemais e Severiano Ribeiro

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

'O Palhaço' na briga pelo Oscar 2013 e a Vitória de Selton Mello

Por Caio Pimenta


Não chegava a ser uma escolha das mais difíceis.

Escolher quando se tem boas opções é mais prazeroso do que desafiador.

"Xingu", "À Beira do Caminho", "Heleno", "Paraísos Artificiais", "Capitães de Areia".

Lógico que tinha um "Billi Pig" e "O Carteiro" no meio do caminho...

Porém, muito melhor do que em 2011 quando somente "Tropa de Elite 2" se salvava.

Evidente que toda escolha traz algum tipo de dúvida, principalmente, se levarmos em conta que um filme com a temática amazônica como "Xingu" poderia chamar a atenção imediata dos jurados norte-americanos, Mesmo assim, não é absurda a escolha feita pela comissão do Ministério da Cultura.

Isso porque "O Palhaço" chegou à indicação brasileira ao Oscar 2013 como prova do talento de Selton Mello, não apenas como ator talentoso que mostrou ser em todos os 25 filmes nacionais que protagonizou, mas também por ser um diretor jovem e ousado,  nome capaz de transitar entre o cinema mais experimental ("Feliz Natal") com o de apelo mais popular e siimples ("O Palhaço"), fato este tão difícil de ser alcançado pelos artistas brasileiros.

Wagner Moura, Walter Salles, Fernando Meirelles, José Padilha, Fernanda Montenegro, Carla Camurati, Lázaro Ramos e Matheus Nachtergaele que nos desculpem, porém, é Selton Mello o grande nome do cinema nacional nestes últimos 20 anos.

A pergunta que fica a partir de agora: o filme vai conseguir figurar entre os cinco indicados ao Oscar 2013?

Apesar de ser cedo para afirmar, o representante do Brasil tem sim boas chances, já que possui uma história tocante e com ótimas atuações.

O problema vai ser conseguir acertar no marketing do filme (fator essencial para uma categoria tão bagunçada como a de Melhor Filme Estrangeiro), além de ter que superar o fenômeno de público francês "Intocáveis" e  o atual vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes, "Amour" do brilhante cineasta austríaco Michael Haneke ("Violência Gratuita" e "Caché").

Vale sim a torcida para "O Palhaço" e Selton Mello, além da expectativa que a comissão do MinC continue mantendo o nível das escolhas após desastres como "Lula - O Filho do Brasil", "Última Parada 174" e "Salve Geral".

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Crítica – “Abraham Lincoln, Caçador de Vampiros”, de Timur Bekmambetov

Por Renildo Rodrigues


Quem tem acompanhado com atenção o cinema dos últimos anos conhece Timur Bekmambetov. O diretor russo, que despontou com othriller Guardiões da Noite (2004) e sua sequência Guardiões do Dia (2006), chamou a atenção do grande público em 2008, com o suspense O Procurado.

Dono de um estilo tenso e uma visão de mundo pessimista, ele não é o nome mais indicado para dirigir algo tão – sei lá, escrachado? – quanto uma história em que Abraham Lincoln, o lendário presidente dos Estados Unidos, na verdade é um caçador de vampiros.

Mesmo com isso em mente, não estava preparado para a decepção que é Abraham Lincoln, Caçador de Vampiros. Um filme apressado, previsível e tolo além da conta, que não funciona nem como aventura, quanto mais como alegoria política.

Adaptado do livro de mesmo nome por seu próprio autor (Seth Grahame-Smith, expoente dos romances que misturam histórias famosas e horror trash, como Orgulho e Preconceito e Zumbis), o filme narra a trajetória do presidente desde a infância, com destaque para os episódios mais importantes de sua biografia: a morte da mãe, os esforços para se tornar advogado, as tensões provocadas pela segregação racial, a explosão da Guerra Civil. No meio disso tudo, em alusões divertidas, estão os vampiros.

Não que a premissa seja ruim. Mas o roteiro de Grahame-Smith e a direção de Bekmambetov tiram dela qualquer elemento que possa despertar o mínimo interesse. Os personagens, sem exceção, são rasos e mal desenvolvidos (o vilão Adam, interpretado por Rufus Sewell, e o mentor de Abraham, Henry, são especialmente ruins); as sequências de ação apenas requentam clichês de outros filmes (uma das melhores, a perseguição ao vampiro Jack, é prejudicada pela computação tosca); e fica difícil dizer quais os momentos em que você já não vai sabia, de antemão, o que acontece na história (a “revelação” de Henry talvez seja a pior).

Também é uma pena ver Bekmambetov não fazer mais do que mexer a câmera o tempo todo, sem piedade. Esse tipo de artifício até se justifica quando temos atores mais velhos nas sequências de ação (como em Os Mercenários 2), mas, de posse de um elenco jovem e um orçamento milionário, resta apenas um cacoete enervante do diretor.

Para não dizer que nada se salva, o trabalho de Benjamin Walker como Abraham Lincoln é muito bom. O ator empresta sentimentos genuínos a um personagem esquemático, sendo o único a conseguir ter alguma empatia com o público ao longo da trama. Chega a ser mais interessante acompanhar sua trajetória política do que suas movimentadas perseguições aos vampiros, justamente por conta dessa carga humana. A fotografia e a montagem também funcionam, a primeira por conseguir dar uma boa atmosfera às cenas, e a segunda pelas criativas transições. O 3D do filme deve atrair a molecada, já que há objetos voando pela tela durante toda a projeção.

O saldo decepcionante de Abraham Lincoln vem somar-se às diversas contrafações sofridas pelos sugadores de sangue desde o sucesso da série Crepúsculo. Vamos torcer para que os papelões a que essas criaturas vêm sendo submetidas estejam perto do fim.

Nota: 6,0

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Estreias da Semana nos Cinemas de Manaus - 14 de Setembro


Filme: Resident Evil 5 - A Rtribuição
Direção: Paul W. S. Anderson
Elenco: Milla Jovovich, Sienna Guillory, Michelle Rodriguez
Sinopse: O mortal vírus T, da Umbrella Corporation, continua a desvastar o planeta Terra, transformando a população em mortos-vivos. A última esperança da raça humana, Alice (Milla Jovovich), acorda no coração de um escritório clandestino da Umbrella e revela mais de seu passado misterioso. Sem um refúgio seguro, Alice continua sua busca pelos responsáveis pelo surto na Terra; uma busca que a leva de Tóquio para Nova York, Washington e Moscou, culminando em uma revelação que a forçará a repensar tudo o que um dia achou que fosse verdade. Auxiliada por novos aliados e velhos amigos, Alice precisa lutar para sobreviver e escapar de um mundo hostil à beira do esquecimento.
ONDE: Cinemark, Cinemais e Severiano Ribeiro

Filme: Vizinhos Imediatos de 3o Grau
Direção: Akiva Schaffer
Elenco: Jonah Hill, Ben Stiller, Vince Vaughn
Sinopse: Quatro sujeitos comuns unem-se para formar um grupo de vigilância comunitária. Na verdade, a reunião do quarteto não passa de uma desculpa para escaparem de suas vidas sem graça. Mas tudo muda quando eles, acidentalmente, descobrem que a sua cidade foi invadida por extraterrestres.
ONDE: Cinemark, Cinemais e Severiano Ribeiro

Filme: E a Vida Continua...
Direção: Paulo Figueiredo
Elenco: Amanda Acosta, Lima Duarte, Ana Rosa
Sinopse: Quando o carro da bela e jovem Evelina (Amanda Acosta) quebra na estrada, ela não faz ideia de como seus caminhos serão profundamente alterados para sempre. Socorrida pelo gentil Ernesto (Luiz Baccelli), Evelina logo fica sabendo que tanto ele como ela estão indo exatamente para o mesmo hotel. Coincidência? Talvez, mas Ernesto não acredita em coincidências. Imediatamente, eles desenvolvem uma amizade tão sólida que persistirá quando ambos passam para o outro plano. Será ali, do outro lado da vida, que Evelina e Ernesto enfrentarão enormes dificuldades e desafios, onde não faltarão surpresas e surpreendentes revelações.
ONDE: Cinemark, Cinemais, Playarte e Severiano Ribeiro

Filme: O Diário de Tati
Direção: Mauro Farias
Elenco: Heloisa Périssé, Louise Cardoso, Marcos Caruso, Maria Clara Gueiros, Márcia Cabrita
Sinopse: Tati (Heloisa Perissé) é uma adolescente típica, incapaz de aprender matemática, mas inteligentíssima na hora de criar planos para fugir dos castigos da mãe. Durante o verão, ela quer esconder que terá de fazer recuperação em matemática e ainda conquistar Zeca (Thiago Rodrigues), o garoto mais gato da escola. Porém, ela fica com a maior dor de cotovelo porque Zeca “fica” com Camila Pessegueiro (Thaís Ferzosa), sua arqui-inimiga.
ONDE: Cinemais e Playarte

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Crítica: O Legado Bourne, de Tony Gilroy

Por Diego Bauer


Em 2002, um filme de espionagem pouco falado antes do seu lançamento, e sem tanto lobby em cima, acabou mudando a forma de se fazer filmes deste gênero, substituindo os longas do 007 como “o filme a ser seguido”.

Com uma trama inteligente e muito bem construída, cenas de ação inovadoras, e personagens interessantes de se acompanhar, A Identidade Bourne (2002) redefiniu a forma de se contar os filmes de ação “com cérebro” dos últimos anos, e se estabeleceu como uma série de sucesso com os bem sucedidos A Supremacia Bourne (2004) e O Ultimato Bourne (2007).

Com a recusa de Matt Damon em continuar com a série, coube ao astro em ascensão, Jeremy Renner, a tarefa de recomeçar toda uma história e tentar manter o nível dos trabalhos anteriores.

E se O Legado Bourne não pode ser considerado um trabalho ruim, que ofende a trilogia original, ao mesmo tempo também não pode ser comparado com os outros filmes da série, pois se mostra abaixo dos episódios anteriores em quase todos os aspectos.

Dirigido e escrito por Tony Gilroy, também roteirista dos três filmes anteriores, a trama conta a história do agente Aaron Cross (Jeremy Renner), que assim como Jason Bourne, faz parte do polêmico programa Outcome, que visa, através de um vírus, criar indivíduos superiores física e mentalmente. Só que com Bourne a solta o plano pode vir à tona, portanto o coronel Eric Byer (Edward Norton) ordena a morte de todos aqueles que se configuram como ameaça a descoberta deste programa, e as cobaias do projeto são as primeiras vítimas. Isso também inclui a cientista Martha Shearing (Rachel Weisz), que acaba se tornando a única esperança de Cross, que se torna dependente de uma medicação. Então os dois vão em busca de uma forma de salvar o agente, enquanto são perseguidos de forma implacável por membros do governo.

Em A Identidade Bourne não nos incomodávamos com a intricada trama que se desenvolvia no decorrer da história por confiar que havia uma explicação para tudo aquilo, e principalmente pelo fato da personalidade de Bourne, apesar de ter amnésia, se mostrar muito interessante de se analisar. Além disso, também havia um sentimento de cumplicidade entre a plateia e o protagonista, pois descobríamos todas as situações junto com ele.

Aqui isso não acontece, seja pela falta de identificação com o protagonista, seja pelo fato de o filme demorar bastante para engrenar. É uma falação muito chata, que se torna monótona e cansativa com o passar do tempo.

E as diversas citações a Jason Bourne, e aos filmes anteriores só acabam por dificultar ainda mais a identificação com esse, pois acabamos nos lembrando que, embora esses filmes tenham uma significativa parte em que a história é mais centrada em diálogos e falatório, ela também sabe como mesclar isso com boas cenas de ação, desenvolvendo com correção a inter-relação desses momentos, fato que não se repete aqui.

Mas realmente fica difícil desenvolver bem essas tramas, pois há um problema anterior a isso, que são os personagens do filme, que se mostram desinteressantes. Mas é importante salientar que o problema não se deve ao trabalho do competente elenco, encabeçado por Jeremy Renner, Edward Norton e Rachel Weisz. De certa maneira não havia muito o que fazer, e eles fizeram um trabalho discreto e contido, exatamente como deveria ser.

Apesar dos problemas, o filme cria uma excelente sequência de ação na sua metade final, especialmente em uma perseguição sobre duas rodas que possui momentos inspirados, que de certa forma tentam compensar o marasmo da primeira metade.

Porém, fica difícil não sentir uma decepção após o convencional final do filme, que sela de uma vez uma continuação inferior e dispensável.

NOTA: 5,5