terça-feira, 20 de julho de 2010

Crítica - Eclipse

Por Caio Pimenta
Diretor-Geral do SET UFAM

Cada geração tem seus ídolos e ícones que influenciam as pessoas por causa de suas atitudes, pensamentos, maneiras de enxergar o mundo e por aí vai.

Atualmente, nenhuma outra cinematográfica gera tanta histeria quanto a saga Crepúsculo.

A pergunta que me faço quando vejo tanto fanatismo é: por que diabos toda essa adoração a algo tão medíocre?

O novo filme da série, Eclipse, conta a história (?) da humana Bella Swan (Kristen Stewart) dividida entre o amor do vampiro Edward Cullen (Robert Pattinson) e do lobo Jacob (Taylor Lautner). Paralelo a isso, um exército de vampiros liderados por Victoria está atrás da nossa heroína querendo, a qualquer custo, matá-la.

Julgar a forma de amar é complicado, pois se há um sentimento complexo, louco, intenso ele é o amor. Porém, o relacionamento que move toda a série Crepúsculo é de uma bizarrice só, “forçando a barra” várias vezes para que aquilo que assistimos seja algo emocionante e bonito, o que torna tudo mais cômico do que dramático.

Desde o primeiro filme, Crepúsculo, Bella e Edward vivem um romance em que todas as conversas do casal contêm palavras ou expressões como “morte”, “assassinato”, “perigo”, “estão te perseguindo”, “me mata”, “quero morrer”, “quero ser vampira, me morde”, “nosso amor é impossível” e uma blá-blá-blá de caras de sofrimento e dor.Daí faço duas perguntas: 1) será que esse romance é saudável para os eles? 2) Onde estão os bons momentos, com os sorrisos, as besteiras, os apelidos idiotas que o amor e a paixão trazem e enchem as paredes de fotos?

Outro ponto irritante é a apatia de Edward ao ver o seu maior rival sair com a namorada dele, sendo que os dois ficam agarradinhos a todo momento, Jacob exibe a barriga sarada a cada cinco minutos e Bella fica “babando” explicitamente.Se não bastasse isso, o nosso herói chega ao cúmulo de ver o chifre que leva e não tomar uma atitude.A justificativa para toda essa passividade é por ele ser de outra época, com uma visão de mundo e do próprio amor diferente da nossa.

Ok! Vou fingir que caí nessa!

Agora, não há situação mais complicada e personagem mais mal construída que Bella Swan.

Adolescente de 18 anos de idade, a garota sente-se deslocada no mundo em que vive e vê nos vampiros e, principalmente, no relacionamento com Edward uma saída para a existência vazia que leva. O amor por ele é tanto que ela deseja tornar-se vampira e ser imortal.Quando vejo Bella mostrar todo seu empenho nesse relacionamento e na obsessão em virar uma sanguessuga, não consigo deixar de enxergar uma pessoa perdida, sem orientação, que não consegue ver um propósito no mundo. Parece que ela nunca sequer cogitou ter objetivo de crescer na vida, ter uma profissão, sair da cidadezinha que ela vive, conhecer o mundo e, conseqüentemente, outras pessoas. Tal situação é vivida por inúmeros adolescentes mundo afora na difícil transição para a vida adulta. Acredito que seja por causa dessa falta de perspectiva que a personagem de Kristen deseje tanto ser uma vampira, já que o mundo dos Cullen e dos lobos parece ser o máximo para ela.

Infelizmente, em nenhum momento o roteiro da saga chega a perceber tal situação, vendo apenas no sofrimento de um amor impossível e na indecisão entre Edward e Jacob o conflito da garota.

Lamentável.

Sutileza e inteligência também é um ponto fraco na transposição da saga para os cinemas.

Considerando o público um bando de tontos, incapazes de perceber significados que não estejam claros, os roteiristas e diretores dos filmes da série apostam em closes ou enquadramentos óbvios que realçam o que está explícito.Por exemplo: todos que assistem ao filme sabem que Jacob é um cara mais estilo “machão” que Edward. Porém, para ficar mais claro ele está sempre sem camisa, mostrando o abdômen definido.

Quando está de blusa, ela tem que estar apertada e bem justinha, para mostrar os “muques”.

E claro, ele anda de moto!

Já Edward é um fofinho, né?

Então, toda vez que ele aparecer, ele precisa fazer cara de sofrido, olhos de cachorrinho abandonado, fazer juras de amor belíssimas. Quando ele conversa com Bella, eles se amam, certo?

Ah, então coloca os dois em campo florido e mostra como tudo é lindo!

Eclipse demora uma eternidade para engatar uma segunda marcha e fazer o filme ganhar alguma emoção. Mais precisamente, uma hora e quarenta minutos de pura enrolação!

Quando chega na hora em que algo acontece, o longa mostra a fraqueza da série nas cenas de ação que continuam sem um pingo de emoção. Isso para não falar dos vilões que continuam tão temíveis quanto o Tripa-Seca.Depois de um bom segundo filme, a saga Crepúsculo atingiu um patamar ridículo com Eclipse. Quem sabe a quarta parte da série, Amanhecer, consiga melhorar a situação e conte uma história de verdade.

NOTA: 5,5

Um comentário:

  1. Concordo com tudo! Esse filme é muito água com açúcar... Além do mais, tem coisas realmente estranhas: quem quer viver um grande amor costuma se casar, ter filhos... mas não! Bella não quer casar pois é muito nova, prefere virar morrer, virar vampira, se afastar totalmente de sua família... Coisa de louco!
    Entre tanta besteira, duas cenas tinham que ter sido descartadas: Jacob e Edward trocando declarações na cabana e Edward rejeitando a proposta indecente de Bella pois ele é "de outra época". Ok, tudo bem, as menininhas acham lindo mas o que?!?! Sou romântica também e senti vergonha alheia enquanto as pessoas gritavam "viado" no cinema! Bom, pelo menos, dei boas risadas.

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