segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Crítica: Cavalo de Guerra, de Steven Spielberg

Por Caio Pimenta


Quatro anos pode parecer pouco e realmente é.

Porém, o hiato de Steven Spielberg com o cinema por esse tempo (o último filme dele foi o fraco "Indiana Jones e Caveira de Cristal", de 2008) parece uma eternidade em meio a tantas produções fracas vistas recentemente e alimenta, na pessoa que realmente ama cinema, uma expectativa de que algo realmente bom estar por vir.

Talvez, seja por isso que “Cavalo de Guerra” surja como um filme decepcionante.

Não que seja ruim, pelo contrário.

Porém, espera-se mais de um homem que tem no currículo clássicos do cinema como “E.T – O Extraterrestre”, “Jurassic Park” e “A Lista de Schindler”.

O filme conta a amizade entre Albert Narracott (Jeremy Irvine) e seu cavalo Joey. Após criar o eqüino e consegui-lo fazer ajudar a arar a terra de sua pobre família na fazenda onde mora, os dois são separados após o pai dele vender o animal para o exército inglês que está em direção à Primeira Guerra Mundial. A partir daí, vemos o cavalo passar por várias mãos ao longo do conflito, marcando de maneira especial a vida deles.

“Cavalo de Guerra” tem uma divisão muito clara em sua trama que situa bem o espectador no contexto da história: a primeira parte mostra um cenário colorido, tranqüilo e pacato do campo, mesmo que problemas existam na família do protagonista; já o segundo trecho é mais escuro, denso já que estamos em pleno campo de combate.

Isso é possível perceber, especialmente, pelo tom da fotografia adotada por Janusz Kaminski e pela trilha sonora do mestre John Williams.


Porém, o roteiro do filme não consegue transmitir espontaneidade nessa narrativa, tentando transformar todos os personagens que cruzam a história do cavalo em heróis ou bons moços.

Parece que a todo momento, no meio da guerra, aparece um santo que está sempre preocupado para salvar e cuidar Joey. É assim com o Capitão Nicholls (Tom Hiddleston), o qual parece se preocupar unicamente com o cavalo, com o personagem do avô e da neta e do soldado alemão que faz às vezes de veterinário.

Além disso, a direção de Spielberg se mostra equivocada no tom que adota no filme. Quando o filme pede um pouco mais de firmeza na condução da história, o diretor prefere abordar tudo da maneira mais leve possível, principalmente nas cenas de combate, que alivia a dureza da guerra para tornar tudo mais agradável e menos chocante para o espectador.

Claro que “Cavalo de Guerra” não exige a crueza da sequência inicial de “O Resgate do Soldado Ryan”, porém em “A Lista de Schindler”, por exemplo, Spielberg consegue ser um cineasta que mostra o horror com toques que chegam a ser poéticos, tamanha a sensibilidade na construção de cenas.

Aqui, ele, no máximo, consegue ser melodramático, com closes e trilhas grandiloqüentes, frases de efeito e personagens pouco convincentes.

Se “Cavalo de Guerra” fosse dirigido por Brett Ratner (“X-Men: O Confronto Final”) ou Edward Zwick (“O Último Samurai”) ou Joe Johnston (“Capitão América”) ou qualquer outro cidadão, seria, talvez, o filme da vida do sujeito.

Só que é de Steven Spielberg e isso já diz por si só.

NOTA: 7,0

Ps: Ainda há esperanças, pois no dia 20 de janeiro, chega aos cinemas “As Aventuras de Tintin”. Se Spielberg conseguir errar nesse, desisto!

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