sábado, 7 de novembro de 2009

Soundtracks (#3)

E o Soundtracks está de volta! Alguns problemas me impediram de postar o texto no dia da exibição do último programa (22/10), então estou atualizando a coluna hoje, com o texto sobre Across the Universe, mostrado no Set Ufam anterior, e sobre Não Estou Lá, outra grande trilha formada por versões da música de um ícone do rock (Bob Dylan).


A trilha sonora de Across the Universe, como o futebol, é mesmo uma caixinha de surpresas... desculpem o jargão, mas é que eu pus as mãos na edição especial dupla que circula na internet... são 31 faixas, quase tudo o que toca no filme (só ficou de fora a versão instrumental de “A Day in the Life”, com a lenda Jeff Beck na guitarra) e, fora do contexto do filme, podemos descobrir outras nuances, novas camadas, novos detalhes que dão ainda mais charme a essas versões.
Uma preferida particular, que apareceu no programa, é a versão de “Because”, cantada a cinco vozes por Dana Fuchs, Evan Rachel Wood, Jim Sturgess, Joe Anderson e Martin Luther McCoy (é, é esse mesmo o nome do cara). Tenho um grande apreço pela original, clássico do álbum Abbey Road (de 1969), com o coral mágico de John, Paul e George e suas vozes duplicadas, mas a versão do filme é tão boa quanto, e ainda deixa de fora o sintetizador Moog do solo, que soa bastante datado hoje. Os cinco atores fazem um trabalho muito competente, e o acompanhamento instrumental delicado ajuda a iluminar a faixa.
A atriz Dana Fuchs é o destaque em duas canções: “Helter Skelter”, em que ela mostra o vozeirão rascante, a la Jonis Joplin, e “Oh! Darling”, dueto com Luther McCoy. A voz de Evan Rachel Wood é o oposto da colega: pequeninha, mas esbanja charme em interpretações mais intimistas, como “If I Fell” e “Blackbird”.
Dois cantores famosos fazem uma ponta na trama. Bono canta bem (como sempre) as suas duas faixas, “I Am the Walrus” e “Lucy in the Sky with Diamonds”, mas elas se ressentem de mais criatividade, de uma pegada mais ousada sobre as versões originais. Problema que não se aplica ao arranjo intrigante de “Come Together”, muito bem transformada pela voz roufenha e peculiar de Joe Cocker, ícone dos anos 60 que já gravou uma versão antológica de “With a Little Help from My Friends” no festival de Woodstock (cujo filme e trilha a respeito vou comentar futuramente). É nessa gravação, aliás, que se baseia a versão do filme, que ganhou várias vozes e um arranjo que emula os musicais da Broadway, e ficou bastante empolgante.
As faixas entregues aos atores são menos memoráveis. Jim Sturgess, em particular, tropeça em várias delas, com um sotaque carregado e um vocal sem muita expressão. Mas ele ainda produz boas versões, como a canção título e “Strawberry Fields Forever”, ao lado de Joe Anderson. Luther McCoy, por sua vez, tem uma versão sem atrativos de “While My Guitar Gently Weeps”
Por fim, ficamos com as duas instrumentais da trilha. “Flying” e “Blue Jay Way”, ambas lançadas no album Magical Mystery Tour (1967), são reinventadas pelo grupo Secret Machines, e soam melhores do que as originais. Baixe e confira as sacadas da banda, que atualiza os sons psicodélicos da época com efeitos eletrônicos e guitarras tensas.
O disco à venda nas lojas brasileiras tem apenas 16 faixas, deixando de lado boa parte das músicas que eu comentei aqui (as instrumentais, “Because”, “If I Fell”, “While My Guitar Gently Weeps”). Existem duas edições de luxo, lançadas apenas na internet, uma com 29 faixas e a outra com 31. Ambas são facilmente encontráveis nos BitTorrent e 4Shared da vida.
Até o próximo Soundtracks!

Cena da canção "Because"

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