sábado, 8 de maio de 2010

Crítica - Alice - No País das Maravilhas

Começou a temporada dos blockbusters hollywoodianos,aqueles filmes que chamam a atenção do público seja pelo marketing ou pelo investimento ou por alguma polêmica gerada pela obra ou, é claro, por serem uma sequência de um grande sucesso. Quem inaugurou a temporada 2010 foi "Alice - No País das Maravilhas" do diretor Tim Burton, disponível em cópias 2D e 3D.

O longa tenta recriar a clássica história de Charles Lutwidge Dodgson escrita em 1865 e que já teve várias adaptações para o cinema, incluindo a famosa versão da Disney realizada em 1951.

Aqui, Alice é vivida por Mia Wasikowska, uma jovem inglesa que sofre com a morte do pai e se sente deslocada no mundo "quadrado" que a espera: um casamento sem amor com um esnobe,festas entediantes, fofocas típicas da aristocracia inglesa e nada de vida profissional. Eis que surge um coelho que a leva a um novo mundo, onde será peça-chave na guerra entre a Rainha Branca (Anne Hathaway) e a Rainha Vermelha (Helena Bonham Carter). Ao seu lado, está o Gato Risonho, gêmeos gordinhos e atrapalhados, uma lagarta "doidona" e sábia e o Chapeleiro Maluco,interpretado por Johnny Deep.

Só por esse resumão da história já é possível notar duas situações que acabam sendo um problema para o filme: 1) a infantilização da história, que torna tudo o que acompanhamos tão desinteressante e previsível, não havendo algo mais complexo, sem o aprofundamento necessário dos personagens, para que possamos nos importar com eles; 2) o excesso de personagens na trama, sendo que muito deles nada acrescentam a história, tendo como único propósito atrair a atenção infantil para que seus pobres pais comprem o boneco do dito cujo na loja mais próxima.

A situação piora mais ainda pela condução monótona e sem criatividade de Tim Burton. Diretor que sempre teve como principal característica o visual sombrio e gótico, em "Alice" percebe-se uma certa indecisão em não saber se adota o tom usual de suas obras ou em apostar por mais cores. Além disso, a falta de tato para cenas de ação continua sendo um ponto delicado na carreira de Burton.
Ou alguém ficou sem fôlego ao assistir a nada emocionante batalha final?

Quanto as atuações, "Alice - No País das Maravilhas" é um marasmo de dar dó. Mia Wasikowska até que se esforça em transformar a personagem-título em uma menina forte e corajosa,porém a falta de carisma da garota impede que ela obtenha êxito. A talentosa Anne Hathaway é extremamente mal-aproveitada, já que poderia servir de interessante alívio cômico e, ao mesmo tempo, com elementos dramáticos fundamentais para o desenvolvimento da trama. No que lhe coube fazer, restou saltitar e andar como uma socialite louca. Por outro lado, Helena Bonham Carter dá um show como a vilã da história. Com uma atuação beirando o circense, a atriz constrói uma personagem divertida e temível, por sua insensataz e loucura. É impossível não achar graça das caras e bocas da Rainha Vermelha e não gargalhar quando a personagem manda alguém perder a cabeça.

Como não poderia deixar de ser em um filme de Tim Burton, os aspectos técnicos são excelentes. Desde a construção dos cenários aos figurinos, passando pela direção de arte e trilha sonora tudo é muito bem conduzido.
Mas é no principal chamariz do longa, o recurso de três dimensões, que o filme falha. Por ter sido projetado inicialmente para sair em cópias convencionais, o filme sofreu uma conversão para entrar em cartaz utilizando as mesmas técnicas de "Avatar" e obter o mesmo sucesso do filme de James Cameron.
Porém, se na obra do diretor de "Titanic" o 3D servia apenas como um elemento para contar a história, aqui, em muitos momentos, ela se torna protagonista do que passa na tela e a história para somente com o intuito de mostrar os recursos mágicos que as três dimensões pode oferecer.

Irregular, "Alice - No País das Maravilhas" poderia ter sido uma obra-prima, porém a mediocridade com que o trabalho foi levado visando apenas o lucro e nunca o lado artístico, fazem do filme um dos mais decepcionantes do ano.

NOTA:6,0

Por Caio Pimenta
Diretor-Geral do SET UFAM

PS: sobre Johnny Deep, em breve um post especial.

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