sábado, 3 de dezembro de 2011

Cult Movie - O Silêncio dos Inocentes (1991)

Por Jéssica Santos

Esta história envolvente e perturbadora está completando 20 anos, e nos faz lembrar de como um filme de suspense policial pode ser de grande valor para a sétima arte. 

O medo é uma sentimento universal e atemporal. "O Silêncio dos Inocentes", adaptado  do romance de Thomas Harris, é um filme que traz o medo de forma singela, mérito de Jonathan Demme . É o filme sobre dois dos personagens mais memoráveis ​​da história do cinema, Clarice Starling e Hannibal Lecter, e sua relação estranha e carregada de tensão.
"O Silêncio dos Inocentes" é a história de Clarice Starling (Jodie Foster), do FBI, a quem acompanhamos durante todo o longa. O Dr. Hannibal Lecter se encontra no íntimo da história, uma presença nociva, mas de alguma forma simpática – isso porque ele gosta de Clarice, e a ajuda. Lecter (Anthony Hopkins) é o espetáculo, e Clarice é sua estrela.

Chegamos ao serial killer através dos olhos de uma jovem mulher. E embora os dois pareçam completamente diferentes, na verdade, compartilham semelhanças. Ambos são castrados pelos mundos que querem habitar - Lecter, pela raça humana, porque é um serial killer e um canibal, e Clarice, pela profissão de aplicação da lei, porque ela é uma mulher. Ambos se sentem inúteis - Lecter, porque está trancado em uma prisão de segurança máxima, e Clarice, porque ela é cercada por homens que se edificam sobre ela e a tocam com os olhos todo o tempo. Ambos abusam dos seus poderes de persuasão para fugir de emboscadas. Além disso, os dois tiveram uma infância que deixou feridas. 

O foco de “O silêncio dos inocentes” é a interação entre Foster e Hopkins. Farejadora ansiosa e determinada a resolver o mistério que lentamente começa a tomar conta de tudo, Foster é sinônimo de determinação e vulnerabilidade (o significado do título fazendo cada vez mais sentido). Já Hopkins desempenha seu papel com o tipo de pessoa gelada e inteligente.

Não é à toa que esse filme é cultuado pela sociedade. Muito inteligente, o longa-metragem nos leva à essência da história através de estratégias visuais e sonoras. Aguçando nossos sentidos a favor das sensações que, inevitavelmente, sentiremos. Com terror contido, não precisa imergir no sangue e na histeria. A ameaça existe em pequenos lugares, aos olhos de Hopkins, ou representada pelo Buffalo Bill.

Visualmente, note que Lecter, na sua cela da prisão, e Buffalo Bill (o serial killer procurado), em seu porão, vivem em mundos paralelos. Fato evidenciado pelas cenas em que Starling vai encontrá-los e para chegar até “seus mundos” precisa descer vários lances de escada e passar por várias portas. Outro ponto é a forma como o filme dar ares de sempre estar à procura de Clarice: A câmera assume o lugar dos homens examinando sua vida, e quando ela entra em lugares arriscados, ela está lá esperando por ela em vez de segui-la.

Sonoramente, a trilha do filme também é bem interessante por ser inovadora. Exalações e suspiros em muitos pontos, como quando o casulo da mariposa cigana é retirado da garganta de primeira vítima de Bill. Muita respiração carregada. Ruídos subterrâneos e gritos distantes, em pontos cruciais. O som de um monitor cardíaco. Música triste de Howard Shore dá o tom funesto. Quando o objetivo é amedrontar, como quando Clarice está no porão da casa de Bill, seu medo ofegante, o som da respiração pesada de Bill e os gritos da menina em cativeiro são misturados; e em seguida o latir agitado de um cachorro surge. 

Jodie Foster e Anthony Hopkins ganharam o Oscar® de melhor atriz e ator. Hopkins tem tempo de tela muito menor do que Foster, mas se tornou inesquecível para o público, desde sua entrada, na primeira cena em que aparece. O filme também ganhou os prêmios de melhor filme, direção de Jonathan Demme e roteiro de Ted Talley, e foi nomeado para a edição e som. Um filme como esse não poderia ser ignorado, e poucos foram os que ganharam os cinco prêmios principais do Oscar®!

Com uma história tão envolvente, atuações soberbas, personagens memoráveis ​​e fascinantes, você deve ser fã desse filme. E, claro, se ainda não viu, assista para fazer a sua própria impressão sobre Lecter também.

Nota: 9.0

Um comentário:

  1. “Não há descrição pro que ele é”... A não definição que Lecter usa pra Bufalo Bill pode ser a apreensão mais patética do ser humano, Impossível de ser enquadrado nas caixinhas pré formadas das definições sociais. rs.Concordo, Jéssica.De fato o jogo de gato e rato entre Lecter e Starling ( aquela voz enquanto a cumprimenta: “Olá, Clarice”...rs) é um dos grandes momentos cinematográficos.Possivelmente o retrato não muito bem quisto da nossa própria batalha entre nossa face socialmente iluminada e o que guardamos lá na cela escura, rindo, espreitando embora cativo.
    Parabéns pelo texto.
    Romahs

    ResponderExcluir