segunda-feira, 7 de maio de 2012

Crítica: Um Homem de Sorte, dirigido por Scott Hicks

Por Emanuelle Canavarro


Nicholas Sparks, o rei dos melodramas, você conhece?

Para quem ainda não está muito familiarizado com o nome, saiba que este autor tem no currículo um mar de lágrimas, suspiros e soluços, instigados por suas bem-sucedidas histórias que ganharam o charme das telonas.

“Uma Carta de Amor” (1999), “Um Amor para Recordar” (2002), “Diário de Uma Paixão” (2004), “Noites de Tormenta” (2008), “Querido John” (2010), “A Última Música” (2010) e por aí vai.

Quem nunca se sentiu tocado com algum deles, ao menos uma vez na vida, que atire a primeiro lenço.

Enfim, é tudo uma questão de momento. Mas, “Um Homem de Sorte” (The Lucky One) não foge aos princípios motivadores de toda a bagagem chorosa e, apesar dos clichês desgastados, ganha competência na missão de ensopar o lencinho dos mais sensíveis.

Dirigido por Scott Hicks (indicado ao Oscar com o premiado “Shine-Brilhante”, 1996) e roteirizado pelo novato Will Fetters, Um Homem de Sorte é um conto encarregado de mostrar, novamente, mais uma forma de amor quase utópica. Agora, Logan Thibault (Zac Efron) é o nosso herói – um ex-fuzileiro naval que esteve na guerra por cinco anos e está de volta a uma realidade, digamos, menos revoltante.

Durante o período em que esteve no Iraque, Logan encontrou a fotografia de uma bela jovem, que usava uma camiseta com a seguinte frase: garota de sorte. Foi a partir de então, que as engrenagens do universo passaram a conspirar a seu favor. Seja por uma pegada do destino ou do mero acaso, Logan escapou ileso de verdadeiras calamidades, ganhou partidas de poker e driblou a morte inúmeras vezes. 

O que havia feito a sorte de Logan mudar, de modo tão efêmero? Na cabeça dele e de seus companheiros de batalha, a foto constituía a explicação mais sensata.

Ao fim do tempo de serviço (Zac Efron – determinado a provar que cresceu e não cantarola mais ao lado de bolas de basquete), Logan retorna aos Estados Unidos com a ideia fixa de procurar a dona do seu amuleto da sorte. Através de um farol que aparece na foto, ele localiza a cidade onde ela mora e a encontra. 

Simples assim.

E quem é a musa? Beth (Taylor Schilling), jovem e divorciada mãe que toca um canil de adestramento, ao lado da avó. Sem contar o real motivo de chegar até ela, Logan pede um emprego no local. E como manda a cartilha do drama romântico: os dois se envolvem.

Pontos fortes:

1 – As cenas do conflito, no início do filme, são bem executadas e lembram o vencedor do Oscar de 2010 – Guerra ao Terror;

2 – A atuação carismática de Ellie, interpretada pela veterana atriz Blythe Danner (Entrando Numa Fria Maior Ainda, 2005) e do garoto Ben, vivido por Riley Thomas Stewart;

3 – A tentativa do artista californiano, ao pegar um papel mais profundo para fugir do rótulo do famoso musical adolescente, é muito válida.

Pontos fracos:

1 – A grande lacuna no quesito surpresa, já que não há incógnitas ou charadas, tudo é bastante claro e translúcido aos olhos do espectador. Por exemplo, todos sabem o final de um conto sparksiano: sempre há uma morte doce e romântica;

2 – Se o destino é fundamental para o andamento da história, o diretor Scott Hicks parece achar que também é essencial apresentar Zac Efron como objeto de desejo;

3 – A narração em off no prólogo funciona como um spoiler, estragando qualquer esperança de pôr em dúvida a quem assiste ao longa, de como será o epílogo.

Um Homem de Sorte pode ser maniqueísta na condução de certos personagens, mas até que agrada em algumas cenas, quando consegue desenvolver de forma honesta um pouco da matéria-prima do trabalho de Nicholas Sparks: o amor.

O ingresso pode valer, dependendo do seu estado de espírito.

Nota: 6,0

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