segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Crítica – Meu país (8º Amazonas Film Festival)

 Por Jéssica Santos



Após anos fora do Brasil, separado da família pela distância e principalmente pelo afeto, Marcos (Rodrigo Santoro) é obrigado a retornar ao país quando seu pai, Armando (Paulo José), sofre um derrame e acaba falecendo. Executivo, casado e bem-sucedido na Europa, Marcos reencontra Tiago (Cauã Reymond), seu irmão mais novo. Ao contrário do primogênito, Tiago não tem vocação para os negócios, vivendo uma vida de playboy, filho de pai rico. Para aumentar o conflito entre os irmãos, eles descobrem que possuem uma meia-irmã, Manuela (Débora Falabella), vítima de deficiência intelectual. Uma filha que Armando sempre manteve escondida de toda a família.


Meu país não é, ao contrário do que sugere o título, um filme sobre a pátria especificamente. É um filme de um personagem que tenta reencontrar sua identidade dentro da sua família, reintegrar-se a ela, de quem se afastou durante muito tempo.

O diretor André Ristum, também responsável pelo roteiro com Octavio Scopellitti e Marco Dutra, optou por um longa-metragem em que o silêncio e os gestos estivessem presentes; e que eles dissessem muito. Conseguiu. Meu país é um drama no sentido mais amplo da palavra; carregado de cenas tristes, realçadas pela trilha sonora melancólica e pela total ausência de sorrisos dos personagens, sempre ásperos, secos e tristes.

O olhar sensível do diretor, e o uso da comunicação da imagem, mais do que a comunicação verbal (como diz o próprio diretor) são pontos positivos da trama. Porém, o filme só é recomendado para quem está levando uma vida leve e feliz; se a pessoa está deprimida, assistir a ele a deixará ainda pior, porque Meu país causa uma sensação de verdadeira angústia durante todo o filme, especialmente até os primeiros 45 minutos, depois alguns momentos amistosos entre os irmãos Marcos, Tiago e Manuela permite mais leveza no drama do longa.


Os diálogos autênticos são outro ponto a favor do filme, mas a história é um pouco lenta. Já o roteiro do filme é daqueles que não dá as respostas “de mão beijada” ao espectador. A narrativa termina sem dar “final para nenhum dos personagens”, apenas sugestiona o que irá acontecer no futuro deles. E em nenhum momento se explica porque o personagem de Rodrigo Santoro (Marcos) saiu do país, se afastando da família, outra vez, apenas se sugestiona. Enquanto o público aguardava para saber se ele teve alguma desavença com o pai, sendo essa a explicação mais provável; por isso a mágoa e dificuldade para chorar no seu enterro.
A história do filme se confunde com a minha própria história. Também saí do país, e ao retornar tive que reencontrar minha identidade. Meu país já nos rendeu muitas alegrias! (André Ristum, durante o 8º Amazonas Film Festival)
O filme é muito bom por isso, não é comum hoje, um filme valorizar a imaginação do espectador, como Meu país fez. Além disso, os atores tiveram todos, grandes atuações. Vamos aguardar pelos próximos frutos do diretor André Ristum, que está só começando, mas parece um experiente diretor.

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