Ranking: Melhor (e pior) das Adaptações de HQ's para o Cinema

Por Renildo Rodrigues

Olá! Na nossa lista de hoje, um tema bastante em alta no cinema atual: histórias em quadrinhos.

Antes, filhas bastardas da literatura e das artes visuais, hoje um manancial de boas histórias para o cinema, as HQ’s têm vivido uma ascensão impressionante em termos de maturidade e sofisticação.

Das tirinhas de Little Nemo e Os Sobrinhos do Capitão (que fizeram a cabeça de Fellini), passando por Super-Homem e a revolução dos super-heróis, Homem-Aranha e a revolução dos super-heróis “com consciência”, até a revolução última da revista Heavy Metal e das graphic novels de Art Spiegelman, a gloriosa história das HQ’s encontra-se, nesse exato momento, no auge de sua influência como fator cultural.

A prova maior é a enxurrada de filmes diretamente inspirados em quadrinhos, ou que incorporam elementos de sua linguagem no resultado final.

Mas essa não é uma relação tranquila.

Assim como boa parte dos melhores filmes dos últimos anos vem dos quadrinhos, muita porcaria também deve a eles sua fonte de inspiração – culpa, em muitos casos, de uma produção medíocre, é bom frisar.

Confira agora o que essa mistura produziu de bom (e de ruim) nesses últimos anos:

 

5. X-Men (2000)

O pai de todos. Dirigido por Bryan Singer, "X-Men" foi o primeiro filme baseado em HQ’s que realmente ficou à altura de sua fonte de inspiração.

Trazendo um elenco antológico (Hugh Jackman, Ian McKellen, Anna Paquin – todos nomes que fizeram bonito após participar da enterprise de Singer) e um roteiro instigante, o filme cativou plateias do mundo inteiro e provou que, sim, quadrinhos podem ser fonte de material tão diverso e interessante quanto a literatura “convencional”.

 

4. Kick-Ass (2010)

Tantos filmes de super-heróis acabaram produzindo, no cinema, uma reação idêntica à de suas contrapartes em papel e tinta: que tal uma história em que os “heróis” sejam pessoas como nós, que, quando apanham, sangram de verdade?

Essa é a premissa do clássico Watchmen, de Alan Moore, que ganhou uma boa adaptação cinematográfica, e do brilhante "Kick-Ass", do diretor Matthew Vaughn.

Também baseado em uma HQ, o longa imagina um rapaz comum, Dave (Aaron Johnson), que, um belo dia, decide vestir um uniforme e combater o crime.

 

As desventuras de Kick-Ass (o codinome adotado por Dave) dão mote para um dos filmes mais interessantes e originais dos últimos anos, que tem entre seus pontos altos as atuações de Aaron e Chlöe-Grace Moretz, como a parceira de Kick-Ass, Hit-Girl.

Imperdível!

 

3. Marcas da Violência (2005)

A influência dos quadrinhos está até onde menos se espera. Como  neste sensacional thriller, dirigido pelo esquisito e brilhante David Cronenberg (Spider, Senhores do Crime).

Muita gente não sabe, mas "Marcas da Violência" é uma adaptação da graphic novel A History of Violence, dos celebrados quadrinistas John Wagner e Vince Locke.

Com ótimas atuações de Viggo Mortensen, Eddie Harris e Maria Bello, o filme mostra um lado menos conhecido das HQ’s: obscuro, violento, sensual – mas tão recompensador quanto as histórias de super-heróis.

 

2. Homem-Aranha 2 (2004)

Um dos melhores filmes da década passada foi também a confirmação da grande fase dos quadrinhos no cinema.

O diretor Sam Raimi, na verdade, conseguiu um milagre: uma adaptação do super-herói mais querido das HQ’s que consegue cativar tanto quanto o original.

Boa parte dessa empatia se deve à dupla de protagonistas: Tobey Maguire, como Peter Parker, e Kirsten Dunst, como Mary Jane, passam a dose exata de insegurança, romantismo e urgência juvenil dos personagens.

 

Mas tem mais: os roteiros da série (três filmes até agora, sendo o melhor deles o segundo – mas já há um quarto a caminho) guardam uma profundidade insuspeita, com personagens fascinantes até entre os coadjuvantes e tramas cheias de reviravoltas.

Um marco da relação quadrinhos-cinema.

 

1. Batman – O Cavaleiro das Trevas (2008)

Se a série Homem-Aranha mostrou que os quadrinhos podem ter uma carga dramática que não deixa nada a dever a um "Poderoso Chefão" da vida, Batman levou esse sucesso a um outro patamar.

Os dois filmes do diretor Christopher Nolan – o terceiro está quentinho no forno – são épicos com uma ambição que não se via desde a melhor fase de David Fincher.

 

O melhor deles é "O Cavaleiro das Trevas", com um alucinado Heath Ledger compondo um assustador (e altamente realista) Coringa.

Com sequências de ação impressionantes e uma densidade psicológica que deixa no chão qualquer outro filme lançado nos últimos anos – em qualquer gênero – "O Cavaleiro das Trevas" é o melhor produto que as HQ’s renderam ao cinema até aqui.

Fuja!:

 

Hulk (qualquer um – 2003-2008)

Os fãs de quadrinhos não têm motivos pra reclamar. Afinal, nos últimos anos, vários heróis ganharam seus próprios filmes, e a maioria deles, contra o ceticismo dos cinéfilos mais “cabeças”, tem saído boa à beça.

Mas o grandalhão esverdeado que é a sina do cientista Bruce Banner foi bastante maltratado nos dois filmes que inspirou até agora. O problema é que Hulk não é uma produção chinfrim como Quarteto Fantástico (2005) ou Elektra (2005).

Pelo contrário.

 

São dois filmes high profile, com grande elenco (os protagonistas são dois dos melhores atores da atualidade: Eric Bana e Edward Norton) e efeitos especiais de superprodução.

Tanto esforço, infelizmente, não deu em nada.

Os roteiros medíocres, as direções equivocadas, até mesmo as atuações, bem aquém do que os atores costumam entregar: tudo dá errado em Hulk.

Vamos desejar melhor sorte para o querido monstro em seu próximo filme – se acaso houver um.

 

Até lá, contentemo-nos com sua divertida participação em "Os Vingadores", um dos bons filmes desta temporada.

Até a próxima!