terça-feira, 23 de outubro de 2012

Crítica: Atividade Paranormal 4, de Ariel Schulman e Henry Joost

Por Renildo Júnior


É difícil achar algo que valha a pena falar sobre este Atividade Paranormal 4.

A franquia, umas das mais bem-sucedidas do cinema recente (e de todos os tempos, aliás), sempre se firmou na mesma premissa e seguiu o mesmo formato: câmeras (de mão ou aquelas de vigilância) registram acontecimentos sobrenaturais na vida de pessoas comuns. A ideia, simples e engenhosa, teve todas as suas possibilidades exploradas num único filme, que é o modelo deste e de todos os outros: A Bruxa de Blair (1999). Desde então, filmes e mais filmes vêm tentando trazer novos elementos à fórmula, mas nenhum chega aos pés do original.

Atividade Paranormal 4 até traz alguma inovação. A jornada protagonizada por Alex (Kathryn Newton), garota que se torna o novo alvo do culto de bruxas e demônios visto no último filme, explora bem o universo de aparelhos eletrônicos usados pelos adolescentes. Boa parte do filme é vista através de celulares, notebooks e até do Kinect, o sensor de movimentos do Xbox 360 –responsável, aliás, pelas melhores cenas do filme.

Alex começa a perceber coisas estranhas na sua casa após a chegada de Robbie (Brady Allen, que capricha na carinha esquisita), filho de uma vizinha que sofreu um acidente e não tem onde ficar – e o fato da família de Alex acolher um garoto sobrequem não se sabe nada é só a primeira das diversas patacoadas da trama. Você já pode imaginar o resto: ninguém acredita em Alex, mesmo com lustres e facas caindo pela casa e o irmão dela (Wyatt, interpretado por Aiden Lovekamp) agindo totalmente estranho; só o namorado (Matt Shively) a ajuda, enchendo a casa de câmeras, e mesmo assim na esperança de vê-la nua; e o inevitável acontece.

O principal defeito de Atividade Paranormal 4 em relação aos outros filmes da franquia é a ausência de um clímax: 90% das cenas carregam na atmosfera, sugerindo coisas que podem acontecer a qualquer momento; mas estas efetivamente acontecem apenas nos 10% restantes. E, quando acontecem, não são lá grande coisa: ou repetem truques dos filmes anteriores ou desperdiçam o impacto pelainsistência em prolongar demais o suspense. E em terror, você sabe, o impacto é tudo. Esse defeito é especialmente evidente na comparação com o último filme, considerado o melhor da série, e que sabia, de fato, chegar nos finalmentes. O roteiro também é um prodígio de preguiça e falta de imaginação, usando as soluções mais óbvias ou indo por caminhos risíveis de tão absurdos (olhe que ser “absurdo” em terror é uma proeza).

Mas o problema mesmo é só um: a vontade de tirar dinheiro do espectador. É ela que rege este novo capítulo da série, privando-o de qualquer solução criativa, de qualquer busca por um novo caminho. Isso só vai mudar se o público elevar seu nível de exigência, se mostrar que, ao insistir em obviedades e menosprezar sua inteligência, as cabeças de Hollywood vão estar falando com o vazio. Ou com o sobrenatural, na melhor das hipóteses.

Nota: 5,5

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