sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Crítica - Kick Ass: Quebrando Tudo

POR CAIO PIMENTA
Diretor Geral do SET UFAM

A classificação indicativa de 18 anos de "Kick Ass: Quebrando Tudo" é de uma burrice sem tamanho.
É verdade que o filme possui um linguajar pesado e cenas de violência com muito sangue, porém, nada justifica uma parte significativa do público de cinema ficar privado de assistir uma obra inteligente, moderna e que dialoga justamente com os adolescentes.
O filme produzido, roteirizado e dirigido por Matthew Vaughn conta a história de Dave Lisewski, um adolescente nerd, tímido e que passa horas lendo gibis e navegando na Internet. Cansado da apatia de sua vida e, também, da sociedade em ver atos violentos sem reagir ou ajudar o próximo, decide tornar-se um super-heroi intitulado Kick Ass. Mesmo desajeitado e após uma primeira tentativa mal-sucedida, ele vira um fenômeno quando um vídeo dele salvando um cara que estava sendo espancado por três marginais vai parar no YouTube. O sucesso de Kick Ass é tanto que chama a atenção de dois super-heroís de verdade, Big Daddy e da filha dele, Hit Girl, os quais estão em um combate contra a gangue de Frank D´Amico.
"Kick Ass: Quebrando Tudo" é um filme que não procura ser leve ou fazer concessões, desafiando o padrão do cinema de ação e comédia hollywoodiano.

Duvida?

Então, que filme você se lembra de uma garotinha falando palavrões a cada vez que abre a boca, atirando a queima-roupa e sem piedade no primeiro bandido que aparece e feliz da vida por ter ganhado um canivete de aniversário?
O roteiro de Vaughn ainda toca em dois pontos interessantíssimos: a capacidade de criação de fenômenos culturais momentâneos através da Internet, seja no YouTube ou no Twitter e a nossa apatia de vermos situações violentas e sermos incapazes de intervir ou agir por medo ou, pior, não termos interesse em ajudar.
De nada adiantaria um excelente roteiro, se o elenco não estivesse em sintonia. Protagonista do filme, Aaron Johnson demora para conquistar a simpatia do público, porém quando ele torna-se o Kick Ass com um jeito de valentão atrapalhado, o jogo vira e o ator mostra segurança. Após meter-se em várias porcarias como protagonista ("O Motoqueiro Fantasma", "O Vidente", "Perigo em Bangkok"), Nicolas Cage, finalmente, faz as pazes com um bom roteiro e, consequentemente, tem um personagem interessante e denso para explorar. Mesmo com menor destaque, Mark Strong e Christopher Mintz Plasse (o McLovin de "Superbad") conseguem dar personalidade e despertam nossa raiva como os vilões do filme.Porém, o grande nome do longa é Chloe Moretz. Mesclando ingenuidade e força, a atriz tranforma Hit Girl em uma personagem forte e carismática, longe de cair no clichê de coitadinha. Além disso, toda vez que a vemos entrar em cena sabemos da capacidade da heroína em matar quem quer que seja. E ela só tem 13 anos!
Sem dúvidas, Chloe é uma das revelações do ano.Com ótimas cenas de ação e uma competente direção de arte, "Kick Ass: Quebrando Tudo" é uma bela surpresa, trazendo inteligência e humor negro para Hollywood.Pena que quem decide a classificação indicativa dos filmes no Brasil não tenha visto isso.

NOTA:8,0

Um comentário:

  1. Mais lamentável do que a classificação indicativa recebida é o fato de grande parte da crítica, em especial a norte-americana, condenar o filme de "moralmente perigoso" pelas cenas violentas conduzidas por Hit Girl. Uma atitude ultraconservadora, e que ignora todas as qualidades que fazem de "Kick-Ass" um ótimo filme.

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