segunda-feira, 2 de abril de 2012

Crítica: Fúria de Titãs 2, de Jonathan Liebesman

Por César Nogueira

A perpetuação de algumas cinesséries é inexplicável. Fúria de Titãs (2010), remake de um filme dos anos 1980, recebeu muitas críticas negativas. Misteriosamente, ele ganhou uma sequência com deficiências graves em várias áreas.


Dirigido por Jonathan Liebesman, Fúria de Titãs 2 conta a história do herói Perseu depois de ter derrotado Kraken. Mais uma vez ele precisa salvar a humanidade. Isso porque o deus do submundo, Hades, e o da guerra, Ares, se uniram para derrubar Poseidon, senhor dos mares, e Zeus, deus dos céus. Além disso, os vilões planejam reviver o titã Cronos e acabar com os humanos.

A história rescalda a fórmula do cinemão de Hollywood. Nela, não há inovações nem reviravoltas surpreendentes. Percebemos desde o início que tudo vai dar certo, apesar dos percalços ali e acolá que dão tempero aos acontecimentos. 

A parte técnica também contribui negativamente para o todo. Francamente, ciclopes e gigantes com pele de borracha não convencem.

Também desaponta os figurinos à la Xena, A Princesa Guerreira. A fotografia, pouco inventiva, imita em muitos momentos God of War. Por exemplo, o plano-sequência em que Perseu mata um monstro alado que invandiu sua vila tem o enquadramento e um slow-motion parecidos com os do game. Só faltaram os comandos em sequência na tela.

Podemos não saber quem é Hefesto na mitologia grega. Mas God of War o mostra de um jeito imponente. Assim, intuímos a sua autoridade. Fúria de Titãs 2 faz magistralmente o caminho oposto. No filme, o deus da tecnologia parece ser um sujeitinho qualquer.

Infelizmente, tal descaso com a construção dos personagens e com a história ocidental domina as quase duas horas de projeção.

Liebesman conseguiu a proeza de distorcer a mitologia grega e, não contente, criar personagens de carisma e conflitos profundos como um pires cheio de água. Hades, o senhor do inferno, virou uma criatura afável. Zeus, o maior espírito de porco do Olimpo, é apresentado como um homem sábio, benevolente, humilde e partidário do perdão. Ares, o deus da guerra, tem carência e necessidade de autoafirmação patológicas.
"I will make you suffer", Jonathan Liebesman

As atuações potencializam essa característica do filme. O destaque vai para o protagonista, Sam Worthington, que também teve o papel principal de Avatar. O ator compete com o novo Conan, Jason Momoa, para ver quem tem mais expressão e carisma.
 

Compreendo que Hollywood é uma indústria e, por isso, precisa de lucros. Sinceramente, não vejo problema nisso. Porém, desconfio de filmes que só querem o nosso dinheiro e se esquecem de nos entreter. Infelizmente, Fúria de Titãs 2 se enquadra nessa situação.

As distorções históricas e as falhas nos quesitos técnicos seriam desconsiderados se o filme não tivesse tantos maniqueísmos e lugares-comuns. Para completar, os produtores deixaram um gancho para um futuro Fúria de Titãs 3, para nossa agonia.

Caso você tenha interesse em mitologia grega e aventura, é recomendável jogar algum dos God of War. Você se diverte bem mais.

Sério!

NOTA: 5,0

Nenhum comentário:

Postar um comentário