quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Daniel Day-Lewis ensina Tom Hanks

Por Caio Pimenta


Com a vitória no Oscar 2013 por "Lincoln", Daniel Day-Lewis entrou para a história da premiação: ele se tornou o maior vencedor da categoria de Melhor Ator. Em 1987, ele havia vencido por "Meu Pé Esquerdo” e em 2007 por “Sangue Negro”.

Day-Lewis entrou definitivamente no hall dos maiores atores da história do cinema ao lado de figuras como Al Pacino, Jack Nicholson, Marlon Brando e Robert DeNiro. A capacidade em se entregar para a realização de um filme o transformam em uma espécie de mito e suas interpretações cuidadosas capazes de fazer sumir quaisquer traços de um ator fazendo um personagem, o fazem se tornar uma unanimidade no mundo da sétima arte.

Porém, a inédita conquista de Day-Lewis me faz lembrar de outro ator que poderia ter feito história muito mais cedo que o intérprete de Abraham Lincoln, mas que, infelizmente, sofreu uma queda  sensível na carreira.

Ele se chama Tom Hanks.

O astro de Hollywood conquistou algo raro na premiação do Oscar: ganhar dois prêmios consecutivos na categoria de Melhor Ator por "Filadélfia" (1994) e "Forrest Gump - O Contador de Histórias" (1995). 

Somente Spency Tracy com "Marujo Intrépido" (1938) e "Com os Braços Abertos" (1939) conseguiu o mesmo feito.

De lá para cá, Hanks teve duas chances de conseguir o fato inédito com indicações pelos filmes "O Resgate do Soldado Ryan" (1999) e "Náufrago" (2001). Perdeu para Roberto Benigni e Russell Crowe, respectivamente.

Porém, o ator perdeu a mão no meio do caminho, preferindo se tornar o bom moço de Hollywood em vez de continuar sendo um dos grandes nomes do cinema americano. A decadência no nível dos filmes dele é o principal fator", em especial se você notar que o último bom filme dele foi em "O Terminal".

É bem verdade que, em alguns casos, o erro é válido. Foi o caso de "A Viagem", quando se juntou aos Irmãos Wachowski (a dupla criadora da série "Matrix") para tentar participar de um longa promissor, mas perdido pelas suas pretensões exageradas.

Agora "Anjos e Demônios" e "Larry Crowne" são demais para a paciência de qualquer cinéfilo.

Para ilustrar essa gangorra com tendência decadente na carreira de Tom Hanks, elenco os filmes do astro desde a vitória em "Forrest Gump":

Melhor Filme
O Resgate do Soldado Ryan (1999) - atuação competente

Grandes Filmes
À Espera de Um Milagre (1999) - boa atuação
Naúfrago (2001) - Melhor Atuação
Prenda-Me Se For Capaz ( 2002) - apagado por Leonardo DiCaprio e Christopher Walken

Bons Filmes
Apollo 13 (1995) - atuação correta
The Wonders - O Sonho Não Acabou (1996) - foca mais no trabalho de diretor do que de ator
Mensagem Para Você (1999) - atuação correta
Estrada Para Perdição (2002) - excelente trabalho
O Expresso Polar (2004) - se esforça no CGI, mas não chega aos pés de Andy Serkis
O Terminal (2004) - utiliza todo carisma para conquistar o público
Tão Perto, Tão Forte (2012) - pouco tempo em cena

Filmes Esquecíveis
Matadores de Velhinha (2004) - não convence com papel engraçado
O Código Da Vinci (2006) - não há atuação que resista a este cabelo
A Mente Que Mente (2008) - atuação marcante assim com o filme

Filmes Ruins
Jogos do Poder (2007) - união com Julia Roberts chegou 10 anos atrasada
Anjos e Demônios (2009) - se esforça, mas a trama é inverosímel demais
A Viagem (2012) - se perde junto com o roteiro

Bomba
Larry Crowne  - O Amor Está de Volta (2011) - quem viu sabe

Resumo da Ópera

Apesar de não chegar ao nível de Daniel Day-Lewis em termos de talento, Tom Hanks é um ator de alto nível e com um carisma raro entre o público.

Para conseguir voltar ao auge da carreira, basta pegar bons roteiros e trabalhar com profissionais mais ousados. Sair um pouco da zona de conforto Steven Spielberg-Robert Zemeckis-blockbusters. Que tal um Ang Lee ou Christopher Nolan ou até mesmo  um Woody Allen?

Day-Lewis fez isso como ninguém ao trabalhar com nomes variados do cinema como Paul Thomas Anderson, Martin Scorsese, Rob Marshall, Jim Sheridan e Spielberg.

Caso queira manter o nível atual, Hanks pode colocar em risco a memória boa que o público tem dele, além de ver Sean Penn, também com dois Oscars, levar outra estatueta para casa antes dele.

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