segunda-feira, 23 de maio de 2011

Crítica - Piratas do Caribe 4 - Navegando em Águas Misteriosas

 Por Emanuelle Canavarro

 4 anos depois...

Em meio a saltos, acrobacias, desordens mirabolantes, algumas piruetas e cenas nem tão pitorescas assim, o filme se revela indiscutivelmente previsível e sem nada de novo. Para a (in) felicidade dos fãs, a história ficou centrada em Jack Sparrow.  O lendário herói dos Sete Mares parece não ter conseguido resgatar, com a mesma força, o personagem que imortalizou. Eu não queria admitir, mas parece inevitável deixar de reconhecer que o nosso queridíssimo Depp já deu o que tinha de dar. De fato, seu charme continua a arrancar suspiros, mas aquela sensação de que ele sempre vai estar pronto para tirar um formidável coelho da cartola, quando o mundo estiver na iminência de se acabar, deixou de existir. Sua falta de fôlego e inspiração é evidente, mesmo subindo pelas paredes, ziguezagueando em carroças e saltando de coqueiros e cachoeiras.

Ao descobrir que alguém utiliza seu nome com o objetivo de persuadir marujos a embarcar numa viagem rumo à ambicionada Fonte da Juventude, o capitão Sparrow reencontra Angélica (Penélope Cruz), uma ex-jovem-puritana, que ‘corrompeu’ em um antigo caso do passado. Angélica, responsável pela farsa, obriga Jack a entrar a bordo do Queen Anne’s Revenge, o navio de seu pai – que por sinal, é um dos maiores inimigos de Jack: o Barba Negra (Ian McShane). E a cansativa busca se inicia. Acontece, que eles não são os únicos procurando pela tal Fonte. Há, também, espanhóis e ingleses, sob o comando do Capitão Barbossa (Geoffrey Rush), na caça pelos mágicos poderes da imortalidade.

Como sempre existe um lado bom em qualquer história, pode-se dizer que as paisagens muito bem selecionadas e os trabalhadíssimos efeitos especiais dão um verdadeiro Up na cenografia. Neste quesito, o que mais me chamou a atenção foram as cenas envolvendo as surpreendentes Sereias, onde os piratas tentam capturar uma lágrima delas para fazer o tão esperado ritual da juventude.  Logicamente, a melhor sequência do filme. Apesar de clichê, o romance entre o aspirante a religioso, Philip (Sam Claflin), e a sereia Syrena (Astrid Berges-Frisbey) teve muito mais química do que o questionável namorico entre Jack e Angélica.

Preocupada em tirar o maior proveito possível da sua franquia de enorme sucesso, a Disney pecou em sua ambição. Ela tentou se reinventar, com personagens de peso na história do cinema, mas o resultado, realmente, não foi surpreendente. A escolha do novo diretor, também, não foi das mais felizes. Além de criar uma nova história, o diretor Rob Marshall modificou a essência dos personagens. O pirata bêbado-pateta-esquizofrênico que eu conheci, simplesmente virou um filósofo, que exaltou a importância de ser imortal na lembrança das pessoas, ao recusar a oportunidade de entrar para eternidade. Dá para acreditar? Seria uma boa sacada, ou um contraste até interessante, se o diretor não tivesse ofuscado aquele personagem que tanto encantou o público. A verdade é que cada diretor carrega seu próprio estilo, mas as comparações são inevitáveis, ainda mais quando 137min de filme parecem infindáveis.

Curiosidades à parte, o roteiro de Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas tem sua trama baseada no livro On Stranger Tides, de Tim Powers - e foi adaptado pelos autores do primeiro filme, Terry Rossio e Ted Elliot. Apesar de eu não ter gostado do longa, acredito que cada um deve assistir e tirar suas próprias conclusões. Talvez eu tenha criado grandes expectativas e esquecido que o tempo passou, ou, simplesmente, que meus gostos sofreram algumas significativas mudanças. Enfim, para me despedir, deixo uma dica: não se esqueça de atentar para as cenas extras, depois dos créditos. Pelo visto, a saga está muito longe de acabar.

Nota: 6,5

5 comentários:

  1. Oi Emanuelle que bom ver alguem que teve a mesma sensação que eu, fiquei decepcionada ao sair do cinema, esperei 4 anos e acho que criei uma expectativa para além, fico feliz em saber que não fui só eu quem fiquei desapontada, espero que realmente esse só tenha sido um ano ruim para nosso queridissimo Jonh Depp.

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  2. Eliabe, eu me fiz uma série de perguntas ao sair do cinema: - será que nos últimos 4 anos eu mudei tanto assim os meus gostos e preferências por filmes? – será que Piratas sempre foi essa porcaria toda e só agora, que fui me dar conta disso? – ou será que o fracasso, que teve início com o 3º da série, só fez se consolidar com o 4º? Enfim, cheguei à conclusão de que o último questionamento era o mais sensato. Inclusive, conversei com algumas pessoas que assistiram ao filme e o ponto de vista da maioria não é muito diferente do nosso. O filme, realmente, não superou as expectativas. Abraço

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  3. Concordo com a maior parte de seus argumentos, inclusive sobre o "namoro" do Clérigo com a sereia, fiquei mais interessado em saber o que aconteceria com os dois, do que com o próprio capitão Jack Sparrow e Angélica. Foi um bom filme, mas deixou muito a desejar, ainda assim, não dá pra dizer que foi um tempo perdido.
    Abs

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  4. Querida Emanuelle, concordo quando você diz que o filme não superou nossas expectativas. Contudo, afirmar que a atuação de Johnny Depp, e do Diretor Rob Marshall foi decepcionante? É um pouco demais. Este foi um otimo ano para Johnny Depp, a exemplo de O turista que diga-se de passagem que é de 2011! E o diretor Rob Marshall minha cara, não mudou a historia do filme. Se você tivesse assistido o filme e não apenas assistido com olhar já na crítica. Veria que a história do rapaz do piratas do caribe 3 acabou no piratas do caribe 3. Rob Marshall já ganhou prêmios por filmes como Memoirs of a Geisha e Nine. Uma crítica deve ser embasada além da superficialidade do assunto e da opnião do seu roll de amigos, deve-se antes estudá-lo, porque opinar por opinar.. e daí?

    um abraço!

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  5. Caro Anônimo, sugiro que você leia mais uma vez a minha crítica, pois creio que você tenha distorcido parte dos meus argumentos. E, uma coisa não tem a ver com a outra. O fato de o Marshall ter ganhado alguns prêmios importantes, não garante o seu eterno sucesso. Apesar de nem tão necessárias assim, agradeço pelas dicas. Abraço

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