sexta-feira, 27 de maio de 2011

Filmografia - Terrence Malick

Por Renildo Rodrigues


O Festival de Cannes deste ano acabou confirmando as expectativas de cinéfilos e palpiteiros mundo afora: vitória máxima para A Árvore da Vida, do diretor americano Terrence Malick. Numa edição mais divertida que as anteriores, o júri, comandado por Robert De Niro (com nomes como o diretor Johnny To e os atores Jude Law e Uma Thurman) consagrou produções interessantes de várias partes do mundo, de up-and-comers como o turco Nuri Blyge Ceilan (Bir Zamanlar Anadolu’da, ou Era Uma Vez na Anatólia) aos suspeitos de sempre, como o dinamarquês Lars Von Trier (Melancolia) e os franceses irmãos Dardenne (Le Gamin au Vélo).


Entre polêmicas (a ironia de Von Trier sobre o nazismo, que acabou levando à sua expulsão do festival), curiosidades (o pornô 3D Sex and Zen: Extreme Ecstasy) e omissões (a elogiadíssima performance de Tilda Swinton em We Need to Talk About Kevin), o saldo final foi bem aceito, e os filmes exibidos prometem empolgar os cinéfilos nos próximos meses.


De todos, nenhum foi tão falado quanto A Árvore da Vida. A produção marca o retorno de Terrence Malick ao cinema, seis anos após o bom O Novo Mundo. Recebido com grande expectativa, graças à lendária reclusão do diretor (ele não vai a premiações, nunca dá entrevistas e proíbe fotos) e à sua criação lenta e perfeccionista (só a montagem de A Árvore da Vida levou dois anos), o filme dividiu o público na première: metade da audiência vaiou, enquanto a outra metade aplaudiu entusiasticamente.


Para quem acompanha a carreira de Malick, a polêmica não é novidade: desde a estreia, com Terra de Ninguém (1973), os filmes do diretor figuram entre os mais originais e inventivos do cinema americano. Saiba mais sobre eles nesta pequena Filmografia que preparamos:



Terra de Ninguém (1973) – Nota: 9,5 - A estreia de Malick na direção é um dos melhores filmes já feitos. Inspirado no caso do assassino Charles Starkweather, Terra de Ninguém é um estudo sobre a solidão juvenil, encarnada à perfeição nas atuações de Martin Sheen e Sissy Spacek. O estilo contemplativo do diretor, com belas imagens da natureza, surge já em seu ápice, com tomadas memoráveis do deserto de Badlands, na Califórnia. Essencial.
  
Dias de Paraíso (1978) – Nota: 8,5 - Lançado no Brasil com o nome de Cinzas no Paraíso, é a história de um triângulo amoroso malfadado, ambientada na Depressão. A narrativa de Malick é enxuta, diferente dos filmes posteriores. Grandes atuações de Richard Gere (em seu primeiro filme) e Sam Shepard, mais algumas cenas inesquecíveis (os trabalhadores nos campos de trigo, a praga de gafanhotos) fazem deste mais um triunfo do diretor. Finda a produção, Malick se retirou para Paris e lá passou os próximos vinte (!) anos, sem que dele se ouvisse bulhufas. Só então ele apareceu com outro filme.


Além da Linha Vermelha (1998) – Nota: 7,5 - O grande filme de guerra dos anos 90 – mas um passo atrás do diretor. Narrando a sangrenta campanha americana em Guadalcanal, Além da Linha Vermelha deixa de lado as cenas de batalha (que, quando aparecem, são excelentes) para se concentrar no pesadelo íntimo dos soldados. Infelizmente, a carga poética dos filmes anteriores aqui se torna um peso, deixando o filme arrastado e sem foco. O talento do diretor, contudo, ainda é grande, e redime a chatice ao criar algumas sequências brilhantes. É preciso paciência, mas quem se dispuser a assistir deve sair satisfeito.


O Novo Mundo (2005) – Nota: 6,5 - Última filme de Malick a ganhar as telas brasileiras, é seu pior momento até aqui. A atuação apática de Colin Farrell e as tentativas frustradas do diretor em sublimar o romance do casal protagonista (Farrell e a estreante Q’orianka Kilcher) diminuem em muito o impacto da produção. Espécie de versão “real” da fábula de Pocahontas, O Novo Mundo desperdiça um bom mote com as escolhas equivocadas de Malick. Apesar de tudo, o filme traz a segunda melhor atuação da carreira de Christian Bale (era a primeira até surgir O Vencedor), delicado e comovente como o inglês John Rolfe, e aquelas imagens naturais de tirar o fôlego, tão típicas do diretor.


Mal podemos esperar para pôr as mãos em A Árvore da Vida aqui no Brasil. Fique ligado no Set Ufam!

Um comentário:

  1. A capa do filme mostrado Terra de Ninguém refere-se a outro filme, também excelente. Veja nos endereços abaixo do IMDb:

    Malick: Badlands http://www.imdb.com/title/tt0069762/

    Danis Tanovic: No Man's Land
    http://www.imdb.com/title/tt0283509/

    [ ]'s Walder.

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