segunda-feira, 13 de junho de 2011

Crítica: Kung Fu Panda 2

Por César Nogueira

 A DreamWorks copiou a receita de sucesso da sua concorrente Pixar. Em Kung Fu Panda (2008), vemos uma história redonda, destinada às crianças sem ser infantilizada e capaz de cativar o público adulto. Este ano, a empresa de Steven Spielberg deu continuação à saga do carismático urso Po com o mesmo brilho do original. O interessante é que, mesmo com Jennifer Yuh dirigindo com tanta competência os Kung Fu Pandas, a superioridade da Pixar no mercado de animações foi mais uma vez reforçada.


O pavão Shen vai herdar o trono de Gongmen City, grande cidade da China que usa a pólvora para fins pacíficos. Ganancioso, Shen quer usá-la para fazer armas, o que lhe daria poder para conquistar toda a China e acabar com o Kung Fu. Os interesses escusos de Shen não vão ser concretizados de acrodo com a cabra vidente da cidade, que garante que um guerreiro em preto e branco vai pará-lo. Por isso, ele resolve destruir a vila dos pandas gigantes. Seus pais, cheios de desgosto e vergonha pelo que fez, o expulsam de casa. Quando Shen domina Gongen City e põe em prática seu plano de subjugar toda a China, o mestre Shifu manda Po e os Cinco Furiosos detê-lo.


Kung Fu Panda 2 impressiona visualmente desde o início, com o teatro de sombras, narrativa tradicionalmente chinesa. Também se destacam as lutas de Kung Fu, coreografadas com mais fidelidade do que muitos filmes de Hong Kong. Aliás, não só a cultura, mas também as paisagens e os animais do país, feitos nos mínimos e estilizados detalhes, ajudam a compor a leveza com que Po (dublado no Brasil por Lúcio Mauro Filho; no original, por Jack Black) descobre um pouco mais sobre o seu passado. O Panda é tão carismático que até os lobos, capachos de Shen, o acham “fofinho”. Infelizmente, a maior virtude do filme se tornou o seu maior calcanhar de Aquiles.


Se a DreamWorks quiser mudar todos os coadjuvantes em Kung Fu Panda 3, a cinessérie não perderia tanto brilho. Isso porque o único “escada” realmente carismático é a garça Ping, pai de Po. Nem Angelina Jolie e Jackie Chan conseguem dar carisma para a tigresa e o macaco, respectivamente. A DreamWorks não criou personagens que são um porre. A cabra vidente, por exemplo, rouba a cena quando o indiscreto Po fala uma coisa que achamos desde o início: ela parece um homem. A fraqueza dos seus coadjuvantes está na inpossibilidade deles em nos cativar de verdade. Alguns de outros filmes nos conquistam a ponto de acabarem ganhando suas próprias produções, como o Gato de Botas de Shrek, animação da mesma empresa.


A Pixar estabeleceu um padrão de qualidade para as animações. Talvez só o estúdio japonês Ghibli tenha a mesma capacidade de cativar, apesar de ter um público mais reduzido. A concorrência copia as lições de John Lasseter, mas ela ainda se mostra degraus abaixo do mestre: ora falha no roteiro, como aconteceu em Rio, ora na construção de personagens, como neste Kung Fu Panda.

Talvez a Pixar ainda vai estar quilômetros à frente dos demais quando conseguirem criar uma relação tão fascinante quanto a de Woody com Buzz Lightyear.


NOTA: 8,0

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