quarta-feira, 22 de junho de 2011

Crítica - Qualquer gato vira-lata (2011)

 Por Jéssica Santos

  “Qualquer gato vira-lata tem uma vida sexual mais sadia do que a nossa!”. O título original da peça que deu origem à Qualquer gato vira-lata retrata bem a realidade mostrada neste filme, que é uma típica comédia romântica. Na história (levemente) baseada na peça homônima de Juca de Oliveira, Cléo Pires interpreta Tati, que pede ajuda ao professor de biologia Conrado (Malvino Salvador), após ser esnobada pelo namorado Marcelo (Dudu Azevedo).



  Apesar dos clichês, o filme é engraçado, principalmente até a metade. Depois, o roteiro leva a história para o romantismo, que acaba não sendo um caminho muito acertado. O enredo é interessante, mas em alguns momentos, há cenas surreais. Como aquelas em que o personagem de Dudu Azevedo, Marcelo, fica caidinho pela personagem de Cléo, de uma hora para outra, no primeiro momento em que ela muda de atitude. A graça da história é ver, na tela, justamente as situações amorosas que todos passam em suas vidas, num momento ou em outro. Mas exageros acabam acontecendo para tentar deixar o filme mais engraçado.
  Um equívoco de muitas comédias românticas é repetir a mesma piada várias vezes, no filme. “Em qualquer gato vira-lata”, Marcelo tem um amigo chiclete que opina sobre tudo, sempre engraçadinho, mas com piadas sempre iguais: - É o guru, hein? E sabe como é, neste caso, uma vez é suficiente, duas vezes até vai, e três já é demais!

  A atriz Cléo Pires fez o papel de mulher carente e desprezada de forma assustadora, principalmente pela choradeira engraçada e escândalos do início do filme. Qualquer namorado daria um fora numa garota assim.
  Malvino fez um papel diferente do costumeiro, e acabou sendo sério e contido como um caricato cientista. Mas não adianta, ele é galã e fica difícil não chamar atenção. Já o garotão, Marcelo que fecha o triângulo do filme, fez o papel perfeito para seu perfil e já estamos acostumados a vê-lo marrento, sem cérebro e namorador.

  Álamo Facó interpreta o amigo babaca, o tal Magrão sempre fala ou faz babaquices. Ainda há a ex do professor Conrado (Rita Guedes), que só existe para dificultar um pouco a vida do professor sem maior aprofundamento; e a amiga de Tati (Letícia Novais), que é apenas alguém com quem Tati pode conversar no filme. A verdade é que em “Qualquer gato”, os personagens são fora de propósito ou exagerados. E com as facetas que esperamos deles.
  Enfim, faltam explicações e contexto, uma coisa que não deveria acontecer numa produção deste gênero. A direção de Tomas Portella é até eficiente, com destaque para a cena de abertura do filme e a boa inclusão da trilha sonora, que é bem diversificada do início ao fim. Mas a montagem deixou a desejar, com o excesso de fade-out, que dificultou ainda mais o ritmo do filme.


A tendência da adaptação dos palcos para as telas

  O Brasil percebeu que em tempos de pirataria e avanço da internet, uma das saídas para levar o público ao cinema é levar histórias que fizeram sucesso nos palcos, para as telas. Especificamente “Qualquer gato vira-lata”, foi um sucesso no teatro e ficou 10 anos em cartaz. Além do mais, a comicidade do texto, chama a atenção da maioria dos cineastas, hoje, no Brasil. Nosso país aprendeu que comédias são muito lucrativas por atraírem o público em peso.

  Os sucessos teatrais tendem cada vem mais a virar filmes de sucesso no Brasil. O sucesso teatral “Cócegas” está na fila para virar filme. Essa tendência vem motivada pelos grandes sucessos do cinema, vindos de peças teatrais, como “Trair e coçar, é só começar”, “Divã” e o muito bom, “Mistério de Irma Vap”.

   A lógica é que se fizeram sucesso nos palcos, tem tudo para fazer, também, nos cinemas.  Mas é claro, a adaptação para as telas não é simples e deve ser bem feita para ganhar os aplausos do público.

Nota: 6.0

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